É com grande satisfação que a Tasca anuncia o regresso da rubrica dedicada ao Futebol Feminino. Alex será o cozinheiro de serviço, prometendo tempero apurado às quintas-feiras. O contrato tem validade de época e meia, tempo fundamental para percebermos qual o rumo que o nosso clube pretende dar às Leoas que jogam à bola. Bem-vindo, Alex.
A Liga BPI teve a época 2019/2020 interrompida e anulada devido à pandemia mundial, uma temporada que tanto prometia mas acabou com um sabor amargo… Benfica e Sporting empatados a nível de pontos, apesar do Benfica estar à frente devido ao vergonhoso 3-0 que o Sporting sofreu na Luz (Sim, porque a equipa feminina do Benfica pelo menos consegue um jogo no estádio principal, ao contrário da equipa do Sporting que foi relegada à Academia no meio do mato há 2 anos a esta parte). O Braga já estava fora da corrida pelo 1º lugar, e ainda que pequena, havia esperança para o Sporting caso as estrelas se alinhassem. Não podemos ver o desenrolar do resto do campeonato, não haverá um campeão oficial da época 2019/2020 e a FPF simplesmente irá anunciar o clube que será o nosso representante na UWCL que será provavelmente o Benfica e bem merecido. Um pequeno “recap” depois, já que passaram anos na quarentena, vamos ver o estado do futebol feminino neste momento.
Com uma pausa entre temporadas tão grande, seria de pensar que a FPF teria algum tempo de reflexão para arranjar novas estratégias para promover o futebol feminino em Portugal, ajudar na profissionalização do desporto, talvez uma nova organização a nível das divisões, algo que por acaso já estava a ser comentado (uma possível diminuição de 12 equipas para 10 na Liga BPI e a criação de uma 3º divisão). Ora, já sabemos que nada disso aconteceu.
Novo formato? Uma 1º divisão por séries (Norte e Sul), cada uma com 10 equipas (que diminuirá em 2021/22 para 8) e com fases de campeão e de descida definidas por um novo “mini campeonato” entre os qualificados de cada série. Enfim, uma Liga que deveria tornar-se profissional durante a próxima década (e já estou a dar bastante tempo) a assumir uma organização comparável aos campeonatos nacionais dos Sub-15 e Sub-17 masculinos, nada demais.
E o espetáculo do futebol feminino? Não teremos o Sporting-Braga, e vice-versa, que levanta sempre as emoções ao mais alto nível na 1º Fase do campeonato, nem o Braga-Benfica que como podemos observar nas últimas duas épocas, é sempre um jogo de alta intensidade e fantástico de se ver. Teremos uma Série Sul com duas equipas profissionais e uma equipa insular enquanto que a Série Norte terá apenas o Braga como equipa totalmente profissional. Um pouco desequilibrado não acham? Para além disso, não é possível negar que os jogos das equipas ditas mais “pequenas” que têm como adversário um “grande” são os que atraem mais público e quando vendem bilhetes ou sorteios, está em jogo também uma boa receita tão necessária no futebol em geral (vamos lá ver como é que vai ser num mundo com Covid-19).
E a liga profissional que tanto aspiramos para as nossas atletas? A FPF teve a brilhante ideia de implementar um teto salarial numa liga amadora. Um máximo de 550 mil euros por equipa. Para pôr este teto em perspetiva, um plantel de 25 jogadoras a receber 2000€ por mês, chega aos 600 mil euros, isto sem impostos, sem segurança social… nada. Num mundo onde temos ligas masculinas profissionais sem qualquer tipo de teto salarial, temos a FPF a impôr um na Liga BPI – e vou repetir isto mais uma vez só para ter a certeza – uma liga amadora.
E já podemos ver um possível efeito desta medida. O Braga já se despediu nas últimas 2 semanas cerca de 7 atletas da equipa principal, a maioria que detinha um lugar no onze ou muito perto dele, uma mistura de jogadoras portuguesas mas maioritariamente estrangeiras em que o Braga tinha decidido investir nos últimos dois anos. Já apontaram para um aumento da aposta na formação que pessoalmente sempre irei apoiar, mas há que ser considerada a possibilidade de descida de competitividade visto que a equipa do minho terá de ser altamente modificada.
Ainda não temos saídas do Benfica noticiadas mas sabemos que entraram a apostar forte em jogadoras estrangeiras e não podemos esperar que tenham vindo para Portugal com salários “baixos”. Enquanto isso, no Sporting tivemos até agora duas renovações: Carlyn Baldwin e Amanda Perez, e alguns contratos de formação. Teremos ainda de ver se haverá uma repetição do fim da época passada, onde 6 jogadoras saíram do clube e não houve uma verdadeira tentativa de colmatar algumas dessas saídas, especialmente com um plantel que parece quase idêntico ao da época 2016/17, a primeira época no futebol feminino na Liga Allianz, como era conhecida, atualmente Liga BPI.
Há ainda tantas outras coisas possíveis de criticar nas decisões da FPF que se torna impossível apontar todas de uma só vez, senão ainda se fica com uma dor de cabeça maior do que já se está. Na Espanha vimos ontem, 10 de junho, a federação a considerar tanto a primeira como a segunda divisão de futebol feminino campeonatos profissionais, algo que é neste momento apenas uma formalidade em papel, as jogadoras em si ainda não são profissionais, mas que trará consequências boas ao futebol feminino caso a federação Espanhola apoie os clubes que não têm tanta capacidade financeira como os Barcelonas e Atléticos desta vida. Na Itália, a FIGC deverá remeter cerca de 10 Milhões para a Serie A Femminile para ajudar a tornar o futebol feminino na Itália profissional.
Em Portugal? Temos um campeonato com um formato dos da formação e um teto salarial numa liga amadora. Temos uma Liga que tem dificuldades em ser efetivamente uma Liga.
* às quintas, o Alex deita mãos à tarefa de dizer ao mundo que o futuro do Sporting e do futebol também passa pelo futebol feminino
11 Junho, 2020 at 11:40
Bem-vindo Alex! Mais um serviço público da Tasca!
11 Junho, 2020 at 12:50
Bem-vindo,
O Álvaro colocou a fasquia dos pitéus, no que ao FF diz respeito, bem alta, espero que te possas aproximar dessa qualidade que nós estamos cá para ajudar.
Desde há um ano que não se percebe para onde o Sporting caminha e agora temos a FPF a assassinar o crescimento do FF em Portugal!
11 Junho, 2020 at 13:39
Bem vindo, Alex!
Já tivemos 2 tasqueiros com excelentes performances neste tema pelo que, obviamente, a tua tarefa não será fácil para manter o nível. Mas, pelo post de abertura, a coisa promete.
Eu tenho sido bastante critico do que se tem passado no FF do Sporting, depois do que considero uma primeira época, de regresso, onde dificilmente se poderia ter feito melhor!
Não percebo a renovação com a Baldwin – jogadora esforçada mas com características muito similares às jogadoras lusas – e muito menos a renovação com a Amanda Peres que do tempo que jogou, me parece até uma jogadora banal.
Sou contra trazerem estrangeiras medianos ou com características similares às jogadoras portugueses. Defendo que as estrangeiras devem trazer algo que nos falta, desde altura, passando pela capacidade física, até a uma maior competitividade.
O novo formato do campeonato parece-me errado e não vejo o que de bom, para a evolução do FF em Portugal, pode trazer o que a FPF está a fazer neste campo – ter o limite orçamental nos 550 mil euros é simplesmente ridiculo.
Penso que o Braga não lutará sozinho no norte porque o Famalicão parece apostar também na modalidade. Mais tarde ou mais cedo teremos o Guimarães – que penso já terá equipa em 20/21 – e o Porto – porque a UEFA a isso obriga – a darem luta.
Na zona Sul a coisa ficará restrita ao Sporting e ao Benfic@, e eventualmente ao Marítimo, se o GRM decidir meter dinheiro aqui.
11 Junho, 2020 at 14:30
O vitória já teve equipa esta época. Tens agora o Gil e o Famalicão na primeira e na II divisão vais ter um aliciante Varzim-Rio Ave.
11 Junho, 2020 at 15:12
Muito bem vindo Alex!
E parabéns por este seu primeiro post, a tocar naquele que são os assuntos fulcrais para o desenvolvimento do Futebol Feminino em Portugal: o Quadro e Modelo Competitivo e as Regras de Profissionalização.
Também defendo que a Competição Principal deveria passar a ser disputada por dez equipas com obrigatoriedade de (no mínimo) semiprofissionalização de TODAS as equipas e a profissionalizção total a ser atingida em 3 anos. A imposição de Tectos é compreensível para “regular” a concorrência. Ela faz-se, por exemplo nos 3 Campeonatos mais profissionais (EUA, Canadá e Inglaterra – enviarei ao Cherba os regulamentos de EUA e Inglaterra e dados sobre os principais Clubes em ambos os países para ele os remeter ao Alex); mas, só como comparação – nos EUA a Liga principal tem 9 (NOVE) equipas, ,no Canadá e na Inglaterra, 10 .
O que é ridículo é impor tectos sem impor profissionalização, só ser imposto um tecto superior, não parecer haver qualquer critério na definição desse tecto (incrivelmente baixo: na minha opinião deveria ser o dobro), não existirem regras para número de estrangeiras, para o numero de formadas pelo Clube, para o número máximo dos plantéis EFECTIVOS e com empréstimos, para o número de empréstimos a outras equipas, etc.
E, sim, acho que a Liga BPI deveria passar à Organização da LPFP no prazo de 3 anos (acompanhando o prazo da profissionalização total) e, até lá, a FPF deveria investir no apoio à profissionalização das equipas ainda amadoras na 1ª liga (ou de Clubes, na mesma Liga, sem SADs a disputar os campeonatos masculinos profissionais; esses não faz sentido apoiar); depois desses 3 anos, apoiaria durante 5 anos a profissionalização dos Clubes a disputar da 1ª divisão não Profissional. Também concordo que exista uma 3ª divisão de competições Nacionais seniores (cada divisão com 10 equipas).
Finalmente uma palavra para a justíssima crítica à não utilização do Estádio de Alvalade em determinados jogos (claramente nas recepções a Benfica e Braga, agora também ao Guimarães e diria que ao Marítimo e ao Fofó). Com um boa promoção em conjunto com os jogos no JR e com incentivos aos Núcleos da Área Metropolitana de Lisboa e da margem Sul do Tejo, todos eles poderiam ser uma oportunidade de fidelizar um público crescente e gerar recitas que potenciem o crescimento da equipa.
Um abraço e saudações leoninas
11 Junho, 2020 at 15:39
Mas quem é que vai querer vir para o futebol feminino…
Com esse tecto salarial…?
Vai ser “a morte” do bom futebol…
SL
11 Junho, 2020 at 16:40
Max, por enquanto, esse tecto só é “baixo” para Benfica Braga e Sporting. Eventualmente também virá a ser para Vitória de Guimarães.
Depois há o Fófó (com tradições mas semi-profissional e a não pder chegar a esse tecto) e outras equipas com SAD nas Ligas profissionais masculinas (Marítimo, Gil Vicente, Famalicão, Rio Ave, Estoril, Boavista) cujas SAD poderão também investir, mas julgo que dificilmente chegarão a esse tecto.
O problema está em andar a impor um tecto a 3 Clubes que eventualmente o ultrapassam, só para os “nivelarem” por baixo àqueles que não o conseguem atingir. E isto numa Liga que não é profissional e está sob a alçada da Federação
Faria mais sentido, dar um prazo para profissionalizar todos os Clubes da 1ª Liga, impor um tecto salarial mínimo, um número máximo de inscrições de atletas, um número máximo de estrangeiras e um número mínimo de formadas pelo Clube (mínimo de 3 anos de formação no Clube ou superior à formação em qualquer outroClube). E definir um tecto máximo, sim, mas para vigorar apenas durante 5 anos para impedir a criação, à partida da profissionalização, de grandes assimetrias, mas sempre de 1M€ (no mínimo) para o 1º ano e a poder subir 20% / durante 5 anos, vigorando depois as regras de fair-play financeiro da UEFA .
Esta é a minha opinião. Não quer dizer que esteja certa, mas acompanha quer o regulamentado na NWSL (EUA), na FA WL (Inglaterra), quer as práticas de Holanda, França e países nórdicos europeus, quer as recomendações FIFA tudo adaptando ao que penso ser a realidade e o potencial nacionais.
Um abraço e saudações leoninas
12 Junho, 2020 at 0:42
Obrigado pela explanação das ideias…
Abraço e SL
11 Junho, 2020 at 22:18
Excelente artigo, Alex.
Todos sabem o que penso sobre como deveria ser o investimento na FF (mínimo 2 milhões por ano, com aquisições de verdadeiras craques mundiais).
Eu queria que o FF voltasse de novo a conquistar todos os títulos, a ser hegemónico.
Com esta treta do tecto (compreendo… é para nivelar por baixo, já que a maioria das equipas estão bastante longe das 3 dominantes, apesar de algumas estarem a evoluir), tal desiderato fica mais longe de ser atingido.
11 Junho, 2020 at 22:31
Parabéns ao novo cozinheiro… Belo texto!!!
Sobre o conteúdo propriamente dito, estou preocupado e incomodado com o tratamento que tem sido dado ao nosso futebol feminino (estas alterações também não vão ajudar), tal como estou com as restantes modalidades… A diferença para pior, é que as nossas meninas estão longe de tudo (estádio e pavilhão) e, além da falta de apoio diretivo, sofrem também a falta dos adeptos…
11 Junho, 2020 at 22:34
Vi,2 jogos do Famalicão porque estavam na série de uma equipa onde tinha 2 amigas a jogar e o Famalicão não deu qualquer hipóteses a ninguém,outro andamento,outra intensidade,acho que podem ser uma boa surpresa para a próxima época.e também vi as sub 21 acho do Braga,não quer tar a mentir em relação ao escalão mas tenho ideia que era esse e vi muita miúda com potencial,principalmente uma lateral esquerda e uma miúda que foram buscar ao gil Vicente e que já era paga para jogar no Braga,vai ter futuro.
Ou seja a minha pergunta até vai mais de acordo com a nossa formação…trabalha se bem??eu não faço ideia,daí a pergunta.
11 Junho, 2020 at 22:47
Já todos sabem a minha opinião sobre o FF: formar, sim, mas para já (o já era a época que passou )regresso à hegemonia.
Os lamps investiram forte e feio quando entraram na 2.ª Liga.
O que faz o Varandas? Compra 2 ou 3 só para dizer que nada faz e pronto.
Em vez de investir forte e feio.
Isto depois de perder TUDO o que anteriormente tinha sido conquistado.
Em 2017/18, o FF conseguiu o TRIPLETE (supertaça, taça e campeonato).
Em 2018/19 conseguiu o ZERETE!
E esta época o ZERETE conseguiu, agora com mais uma prova: a taça da liga.
Como é que acham que me sinto?
Temos lá boas jogadoras.
Mas juntando mais 5 ou 6 craques, ganhávamos na boa.
Agora? Agora, já está já está.
Com esta gente à frente do clube vamos ganhar ZERO.
Ana Capeta, Ana Borges, Patrícia Morais, Diana Silva e mais 3 ou 4 não merecem este desinvestimento.
11 Junho, 2020 at 22:50
E como se controlo esse teto salarial?
Como se sabe as vigarices que existem nos clubes que sabemos …. 2ºs. contratos com valores mais baixos… com contabilidades paralelas … com R&Contas martelados ….
enfim depois se verá a “verdade desportiva” que sairá daqui!!
SL
11 Junho, 2020 at 22:52
Nem mais.
11 Junho, 2020 at 22:52
E já sabemos que 2 clubes vão fazer isso.
11 Junho, 2020 at 23:14
Os mecanismos de controlo têm de ser executados a vários níveis: (estamos a falar do pressuposto de TODA a competição ser profissional)
1) as Contas do FF têm de pertencer a Rubrica própria nas contas da respectiva Futebol SAD;
2) as remunerações globais têm de ser remetidas à entidade organizadora da competição (a LPFP) e à FPF (enquanto ela subsidiar mecanismos de compensação, se for o caso);
3) mais importante que o tecto salarial máximo é a determinação do número máximo de inscritas por Clube (22 ou 23), do número máximo de estrangeiras, do número mínimo de formadas no Clube (estabelecendo como critério ter mais tempo de formação que em qualquer outro Clube);
4) mais importante que o tecto máximo é a existência de um tecto mínimo, para obrigar à profissionalização (18 salários mínimos, admitindo plantel mais “curto” ou utilização de juniores ainda não profissionais);
5) o tecto definido não faz sentido: deveria ser de 1M€ com possibilidade de ser aumentado 20% cada época até 2024/25; a partir daí reger-se-iam pelas regras de fair-play financeiro da UEFA (só podendo crescer o investimento no plantel em função do aumento das receitas).
Ou seja, regras apertadas até 2024/25; a partir de então a regra básica é “quem tem unhas toca guitarra” e “quem não tem dinheiro, não tem vícios”.
Um abraço e saudações leoninas
11 Junho, 2020 at 23:03
Mais uma temporada e infelizmente o Alex já não terá tema para falar, pelo menos no que diz respeito ao Sporting.
Apontem.
12 Junho, 2020 at 4:09
E depois temos, e com toda a razão neste caso, as feministas a protestarem…
Direitos, liberdades e garantias.
SL
12 Junho, 2020 at 5:44
Não vejo qq futuro risonho na modalidade. Estava bem mais esperançado há 2/3 anos atrás, aliás, o próprio investimento dos lamps apontava noutra direção.
Campeonato com pouco acompanhamento e poucas assistências. Canal 11 deu uma ajuda, vamos ver se mantêm.
A respeito do Sporting, há qualidade na formação mas faltam características onde é preciso investir.
Força e altura.
12 Junho, 2020 at 6:50
O problema e’ que independentemente de teres uma boa/excelente formacao com este tecto orcamental nunca conseguiras ter profissionalizacao – e nao se profissionalizando nunca conseguiras ser competitive a nivel de seleccao e muito menos de competicoes europeias entre Clubes.
Parece-me sinceramente que andamos ao contrario do resto do Mundo neste caso – e o recente Campeonato do Mundo de FFeminino indicia isso, com records em tudo.
Deixem as miudas jogar futebol e sonhar com o futebol.
SL
12 Junho, 2020 at 15:20
Caro Porrinho, o problema desta “medida” não é andar contra o resto do mundo. Nos EUA, Canadá e Inglaterra também se impuseram tectos salariais. Mas, toda a competição tem regras quanto à composição dos plantéis (nº máximo de jogadoras, nº máximo de estrangeiras, nº máximo e prazo para inscrição de jogadoras dos campeonatos universitários – 1ª profissionalização, nº mínimo de jogadoras da sua formação) e os tectos (que não são apenas máximos são também mínimos – ou “chão salarial”) não traduzem os valores ridículos agora apresentados. Depois há também a questão da fiscalização do cumprimento dessa regra do tecto salarial.
Teria feito muito mais sentido uma limitação às atletas estrangeiras e ao número de inscritas (plantel).
A haver um tecto salarial, só se justifica nos primeiros anos de profissionalização da competição (para encurtar “assimetrias”) e deveria ser mais alto do que o adoptado (para garantir alguma competitividade externa e alguns bons espectáculos internos).
Sou de opinião que puseram a “carroça à frente dos bois” e é isso que é GRAVE. Impor uma regra de “profissionalização” numa competição que ainda não é profissional é um absurdo. Maior absurdo ainda o modelo competitivo que propuseram: 20 equipas em 2 grupos a juntar a estes tectos é diminuir drasticamente a qualidade competitiva. Poderia admitir isso como ano de transição (2020/2021), em que os 10 primeiros passariam a integrar a Liga profissional (2021/2022, a ser organizada pela LPFP e FPF durante 3 anos); do11º ao 18º de 2020/21 integrariam a 1ª Divisão Nacional 2021/22 a que se juntavam os 2 primeiros da 2ª Divisão 2020/21 (essa 1ª divisão do Campeonato de Portugal, organizada pela FPF seria, semi-profissional); os que na época 2020/21 integraram a 2ª divisão e não subiram à Liga Profissional + os 2últimos da Liga Profissional passariam a compor uma “3ª divisão” ou a 2ª Divisão do Campeonato de Portugal.
Assim, em 2021-22 teríamos 3 divisões de 10 Clubes cada, sendo a primeira integralmente profissional, aí sim com tectos salariais (tecto mínimo de 18 salários mínimos, e tecto máximo de 23x 2,5 salários mínimos). No ano de transição e nos 3 anos de organização conjunta LPFP, FPF esta teria a obrigação de subsidiar a profissionalização dos Clubes sem SAD a disputar as Ligas profissionais masculinos (para isso tem recebido dinheiro da UEFA).
O mais estranho em todo este novo processo competitivo imposto pela FPF é o silêncio leonino e ainda mais o bracarense e particularmente o carnidense,
Um abraço e saudações leoninas
12 Junho, 2020 at 15:48
Certissimo.
No meu ver o que vai acontecer é uma fuga desenfreada das melhores jogadoras para fora de PT (talvez nem tanto se esta situação Covid se mantiver) em busca de dinheiro e qualidade de jogo.
Se as bases regulamentares estão criadas, se existe competição em funcionamento, se existe o mercado a trabalhar porque fazer estas mexidas? Interessa a quem? Qual é o objectivo?
Pode ser um objectivo de longo prazo, estruturante que eu nao esteja a perceber mas de momento parece ser apenas um nivelar por baixo, quase apenas um desporto escolar.
SL
12 Junho, 2020 at 10:41
Mas viste algum futuro?
Futebol feminino é um entretém, apenas isso.
Está-se tudo a ca*ar.
A grande maioria das modalidades nem tem projecto para o próximo ano, não há nada planeado, não há qualquer tipo de cenário de contingência, alguém se importa? Vês grandes debates sobre andebol, basquetebol, atletismo ou natação por aí? Nas “ajudas” do Estado vês algo sobre desporto, colectividades que vivem de quotas e mecenato e que estão totalmente paradas?
12 Junho, 2020 at 20:04
Força e altura?
Acabaste de renovar com a Baldwin e com a Amanda…
12 Junho, 2020 at 23:44
Para criar assistências há que criar condições.
No caso geral:
1 – Acabar com esta ideia peregrina de 20 equipas na Liga que se quer profissionalizar; 10 equipas já é um número a “forçar” metade das equipas à profissionalização.
2 – impor regras de
a) nº max. jogadoras /plantel – 22 ou 23
b) nº máx. de estrangeiras / plantel – 4 ou 5
c) nº mín. de jogadoras da formação do Clube – 4 ou 5
d) massa salarial mínima deduzidos impostos: 18 salários mín. (pres-supondo, nesses casos, apenas 18 jogadoras profissionais no plantel; esse valor aumenta 1 salário mínimo/ano até TODO do plantel ser profissional – à volta de 320.000€, o valor final);
e) massa salarial máxima deduzidos impostos: 1M€ no 1º ano de competição profissional podendo subir 20% nos 4 anos subsequentes e os futuros incrementos a depender da regras de fair-play financeiro UEFA que se aplicam nos Masculinos;
f) toda a jogadora profissional tem de ganhar o Salário Mínimo ou acima desse valor;
g) as receitas de direitos televisivos teriam de ser centralizados e distribuídos com critério de mérito desportivo, mas sem grandes assimetrias entre o 1º e o último classificado;
h) os 2 Clubes que subissem seriam incluídos na distribuição do bolo com valores iguais aos 2 que descessem;
i) durante os 3 anos iniciais da profissionalização, a FPF contribuía com 10% da massa salarial bruta aos Clubes que apenas apresentassem a massa salarial mínima.
No caso do Sporting:
1 – Jogos em casa com Benfica, Fófó, Marítimo, Braga, Guimarães e Famalicão deveriam ser disputados no José Alvalade (e os restantes no Aurélio Pereira) com incentivos como:
a) Gamebox FF de 30€ para 12 jogos [pressupondo 9 de fase regular (6 em Alvalade + 3 no A.P.) + 2 de fase final em Alvalade + 1 de apresentação no Alvalade com equipas como Juventus (o primeiro com o “patrocínio/presença” de CR7), Fiorentina (o 2º ano em homenagem a Ficini e com a cooperação/participação das claques de ambos os Clubes), Arsenal, Marselha, ou Sevilha, aumentando depois o grau de dificuldade, escolhendo equipas entre o top 10 europeu]
b) Bilhetes no Alvalade a 5€ contra Benfica, Braga e Guimarães e a 4 € os outros, mas baixando 1€ cada se em pack família até 4 ou se em pack c/1 jogo no PJR nesse dia (- 1€ cada jogo: alvalade e PJR);
c) Curva Sul para as Claques – Gamebox FF Alvalade (9 jogos) a 15€
d) Detentores da Gamebox FF Alvalade ganham direito de adquirir os bilhetes para jogos internacionais (necessariamente em Alvalade, pagando apenas mais 1€/jogo; outros bilhetes para esses jogos a 3€.
d) bilhetes no Aurélio Pereira ao preço simbólico de 2€ mas com incentivo aos Núcleos da margem Sul de 15€ por cada 10 assistentes (comprados previamente, até 2 dias antes do jogo)
e) Mesmo incentivo para os Núcleos que o requeiram para Alvalade (Benfica Braga e Guimarães): 3€ /pessoa com o nº mínimo de 10; (Marítimo, Fófó e Famalicão) 2,5€ pessoa com o nº mínimo de 10. As aquisições teriam de ser feitas até 48 horas antes dos jogos. O Clube deveria publicitar estas facilidades a TODOS os Núcleos, podendo negociar baixar o nº mínimo a adquirir, conforme a distância dos Núcleos.
f) Merchandising FF específico (camisolas das jogadoras, Calendários Anuais com fotos de jogos, calendários dos jogos da época, outros produtos SCP FF);
g) participação das jogadoras em campanhas de marketing para anunciar os jogos (na Sporting TV e nas Redes Sociais Sporting) e para promover o merchandising;
h) participação de Jogadores da Equipa Senior Masculina em algumas dessas campanhas de promoção de merchandising
i) cartão de sócia-atleta a todas as jogadoras da Formação com direito a ingressar em todos os jogos das seniores;
j) obrigatoriedade de o Jornal Sporting dedicar sempre o mínimo de 1 página aos jogos do FF.
Essas são condições para atrair e fidelizar um público crescente e, simultaneamente ir gerando receitas próprias.
A condição fundamental, no entanto, é apresentar equipas de qualidade técnica e competitiva, que proporcionem bons espectáculos e garantam lutar por bons resultados SEMPRE.
Para isso o Sporting deveria investir num plantel de tecto máximo e actualizar esse investimento em alta todos os anos. O que pressupõe o êxito desta política de atracção e fidelização de publico SIGNIFICATIVO e de potenciação de recitas próprias.
Um abraço braveheart e saudações leoninas
12 Junho, 2020 at 6:25
Nada sexista e nada segregador.
Até já há tetos salariais, facam isso pff no futebol masculino.
Norte e sul. Para poupar no gasóleo.
Se é assim na 1a divisão imagino para baixo.
12 Junho, 2020 at 10:32
Excelente “posta” Alex!
Gostei de ler sobre o tema, assim como e no seguimento, alguns comentários de outros tasqueiros.
Com esta CORJA que delapida o nosso clube, simplesmente não se vislumbra rumo… a não ser pra irrelevância da nossa posição!
Tanto… enorme… imenso potencial nesta área…
12 Junho, 2020 at 15:32
Realmente quando se quer o desenvolvimento de uma modalidade no país e alguns querem de Orçamento 2 milhões, quando estão em competição com outras equipas que têm 100 mil está tudo dito, isto não é gostar do futebol feminino é querer trucidar os adversários, o futebol feminino faz-se investindo na formação e dar espaço aos formados, ao mesmo tempo indo-se buscar lá fora o que não temos cá dentro, com qualidade.
12 Junho, 2020 at 15:36
Como enfiei esse barrete, mesmo que não fosse par mim, vou tentar ser claro:
Eu não quero “trucidar” as equipas mais fracas; apenas quero ter uma equipa que se possa bater com a equipa que o Benfica montou, que está anos luz melhor em qualidade.
Essas sim, tem “trucidado” as adversárias com goleadas acima dos 20 golos sem resposta.
Por mim, o Sporting pode até joga com as actuais jogadoras contra essas equipas, mas contra Braga e Benfica, usar as craques todas.
Esta é a minha posição. Vale o que vale.
Esclarecido?
12 Junho, 2020 at 15:37
*para
*jogar
12 Junho, 2020 at 15:50
Tb nao está a anos luz, estavam empatadas em primeiro com maior qualidade de jogo por parte do benfas.
12 Junho, 2020 at 16:49
E desde quando é que o nivelamento deve ser feito por baixo?
Que qualidade terá assim?
E como é que a FPF impõe massa salarial máxima numa competição que não é profissional?
Porque não se preocupa antes em apoiar a profissionalização das outras equipas (é especificamente para isso que recebe cerca de 2M€ anuais da UEFA e ainda os prémios das selecções [que vivem à custa do Sporting (principalmente), dos clubes estrangeiros e do Braga]?
Porque é que se preocupa com massa salarial máxima para “esbater diferenças” e aumenta a competição de 14 para 20 equipas?
Porque é que essa preocupação é só com a “massa salarial” e não em impor um número máximo de atletas estrangeiras e um número mínimo de formadas no Clube?
Porque é que essa preocupação aparece para a época 2020/21 e na época 2019/20 permitiram que o carnide competisse na 2ª Divisão(!!) com 16 atletas estrangeiras e uma massa salarial que não estaria abaixo de 1,5M€?
A preocupação da FPF deveria ser reunir com aLPFP e definir o Quadro e as Regras Competitivas para a organização de uma Liga Profissional.
Que raio de competitividade querem com esses valores e com 20 equipas?
Nos EUA, a maior potência Mundial do Futebol Feminino. com metade do total dos Títulos Mundiais (4 em 8) , com 30 vezes mais população que Portugal (328,2M habitantes) tem a sua Liga profissional disputada a 9 Clubes; na Inglaterra a 10; na Holanda com população de 17,2 M de habitantes e actual campeã europeia, a Liga profissional tem 8 clubes; a França grande potência europeia de Clubes tem uma Liga Profissional com 12 Clubes. Nós, que devemos ser melhores e mais inteligentes que os outros todos , passamos dos já exagerados 14 para 20!!!
E vêm falar em esbater as diferenças, aumentar a qualidade.