Os melhores 45 minutos da era Amorim, mais uma noite de nível alto para Jovane Cabral, Coates renascido no centro da defesa, uma arbitragem com o vírus de sempre e uma equipa cheia de miúdos a quem bastou trocar os colchões para passarem de gap a coisas mais lindas e cheias de graça. É a crónica do Sporting, dois!, Tondela, zero!

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«Olha, joga o Nuno Mendes!». A exclamação é feita com felicidade, ao ver quem Amorim escolheu para colocar no lugar do lesionado Acuña, deixando a hipótese Borja no banco, até porque Mathieu também está de regresso.

O Nuno junta-se ao Max, ao Quaresma e ao Jovane como produtos da casa, havendo ainda os gaiatos Camacho, Matheus Nunes e Plata para animar a malta. E com Coates a ser verdadeiro patrão da defesa, sentindo-se no céu ao entregar a responsabilidade da saída de bola ao puto Quaresma e ao sem idade Mathieu, os Leões atiram-se a um Tondela encolhido e sempre pronto a dar porrada.

Rapidamente se perde a conta às vezes que Jovane e Plata, muito esforçado e com pormenores muito interessantes a jogar numa posição que é nova para si, tendo que procurar os espaços entre linhas. E numa dessas faltas, já depois do árbitro ter perdoado o primeiro de três penaltis que, em parceria com o VAR, viria a perdoar ao Tondela, Mathieu e Jovane colocaram-se em posição de rematar. O francês aproveitou as boas vibrações que o puto carrega neste momento e disse-lhe «se marcares, pago-te um éclair!». Jovane, utilizou o tradutor simultâneo e, ouvindo a palavra “relâmpago”, derreteu a baliza de Cláudio Ramos.

1-0, sorrisos, os meninos à volta do Mathieu e uma equipa alegre, rápida, a pressionar alto e a variar de flanco tantas e tantas vezes, mesmo que à procura de um equilíbrio no miolo que a dupla Wendel – Matheus terá que aprender a dar, pois nenhum deles é um jogador posicional e de leitura rápida sobre ocupação de espaços. E do futebol que mereceria ter público nas bancadas, surgiu o 2-0: combinação entre Jovane e Nuno Mendes, com o primeiro a ter um toque de calcanhar que deixa três adversários fora da jogada e que o lateral aproveita para entrar na área e ganhar um penalti claro. Sporar, com classe, avançou e meteu-a toda lá dentro.

O resultado era mais do que justo, pedia-se o terceiro e já se pensava na estreia de Joelson. Mas o terceiro não apareceria, muito por culpa de mais dois penaltis perdoados ao Tondela, Joelson não entraria e na segunda parte a equipa entraria em modo economia, até porque as pernas ainda pesam e a dada altura parece que só o Jovane tem força para correr.

E, assim, com um falhanço incrível de Sporar pelo meio, o jogo arrastou-se para o fim, numa partida que ofereceu os melhores momentos da era Amorim e que deixa indicadores muito positivos sobre o futuro de uma equipa cheia de miúdos, a quem bastou trocar os colchões para, de Fevereiro de 2019 a Junho de 2020, passarem de gap a coisas mais lindas e cheias de graça.