Será possível encontrar algo de bom no jogo que colocou ponto final numa época medonha e numa derrota que nos atirou para quarto lugar? É esse exercício que se faz nas próximas linhas

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Aviso ao leitor: nas linhas que se seguem não encontrarás um balanço do que quer que seja, algo que será feito a seu tempo. Ontem houve jogo, um dérbi sem público que terminou com 2-1 favorável ao benfica e que, face à vitória do braga fente ao fcp, nos atirou para o quarto lugar na classificação final. E é deste dérbi que tentarei falar.

O Sporting entrou bem, a pressionar alto e a ser dono e senhor da bola. Não conseguia criar situações de perigo, mas nos dez minutos iniciais foram quase sempre jogados no meio campo encarnado. À medida que as equipas encaixara e que o benfica conseguiu sacudir a pressão, colocou-se um problema ao Leão: sair a jogar.

Tirando o quão exasperante é ver os nossos jogadores quase preferirem perder a bola num passe de risco do que dar-lhe um pontapé para a frente, há que reconhecer a coragem de não prescindir de jogar assim. Nomeadamente quando, face a um adversário mais forte, rotinado e a pressionar até à linha fundo, ficas com a certeza que tens poucos jogadores que te possam dar essa saída de bola a la tiki taka. Com o meio campo sempre de costas para o adversário, o pé para pé era feito no limite do risco e sempre no nosso meio-campo. Obviamente que não dá. Ainda assim, não seria numa das várias perdas de bola que chegaria o golo lampião. Foi de bola parada, esse problema que deverá estar na lista de prioridades de Rúben Amorim.

Cada vez que temos que defender um canto ou um livre cruzado, é um sufoco. E quando os temos a nosso favor, pese a mestria da canhota de Nuno Mendes a cruzar, nota-se que existe pouco ou nenhum trabalho de laboratório. Resultado, fomos para o intervalo a perder 1-0, que até podiam ser dois porque mais uma dessas bolas paradas acabou num dos postes da baliza de Max.

Rúben Amorim viu, e bem, que Plata estava a ser uma total nulidade e lançou o jovem Tiago Tomás que, jogando como uma espécie de falso extremo direito, acabou por ajudar a virar o jogo. A equipa tornou-se muito mais rápida e pragmática a partir para a ofensiva e tomou completamente conta da partida. Tomás ameaçou, com uma buja ao poste, depois entendeu-se na perfeição com Sporar, servindo com açúcar a belíssima diagonal do avançado.

Estava feito o empate e, sou-vos sincero, tenho pena que nesse momento não tenhamos cavalgado para tentar chegar ao segundo golo. Com a ala direita finalmente a funcionar por culpa do jovem Tomás – até Ristovski já aparecia embalado com apropósito – , com Nuno Mendes a ser um monstro pela canhota e com Matheus Nunes a encher o meio-campo como não havia feito até ontem, o Sporting dos putos dominava o benfica dos milhões com total personalidade.

E isso, pese aquele golo final que nos atira para um quarto lugar que mais não é do que o ponto final lógico numa época desgraçada, é o que quero guardar da partida de ontem: um treinador que soube mexer na equipa e uma equipa de miúdos que se encheram de personalidade em casa de um dos seus mais fortes adversários.

É pouco? Obviamente que é muito pouco. Mas é isso ou nada pois, futebolísticamente falando, a esperança que resta será sempre na crença de que, mesmo dirigidos por incompetentes, esta equipa técnica e o plantel que lhe será dado conseguirão ultrapassar as adversidades por si mesmos.