Bola na Rede [BnR]: Olá Zé Pedro. Começamos pelo passado recente: como é que soubeste do interesse do Sporting?
Zé Pedro [ZP]: O Silas tinha acabado de rescindir com o Belenenses e nós restantes membros da equipa técnica ainda estávamos por resolver. Foi muito rápido, o Silas rescindiu, ouviu-se que o Leonel Pontes não ia ficar no Sporting e que havia interesse em Pedro Martins, Abel Ferreira, Leonardo Jardim e depois nós vínhamos em quarto. Pensei: não estou a ver o Abel a sair de onde está, o Pedro Martins também não. Ou o Leonardo Jardim vai e faz as coisas como ele quer ou não pega no Sporting como as coisas estão. Entretanto estou a pensar nisto e liga-me o Silas “Eh pá, preparem-se que eu acho que é mesmo”.
BnR: E tu?
ZP: Eu disse “Se é para ir, então vamos já!”. Depois foi uma questão de dois dias.
BnR: Foi fácil chegar a acordo?
ZP: Sim. Nós estávamos desempregados e depois uma oportunidade de treinar o Sporting… só poderia ser fácil. Até mesmo em termos de valores seria fácil nós chegarmos a acordo. Foi muito rápido, o Silas na 3ª-feira diz-nos para estarmos preparados porque podia ser a qualquer momento e na 4ª-feira antes do almoço ligou-me, porque eu conheço o Hugo Viana, e disse “Zé, o Hugo Viana ligou-me e é para irmos os dois a seguir ao almoço a casa dele.” E eu perguntei se era mesmo preciso eu ir, porque normalmente o treinador-adjunto não vai. E o Silas diz-me que o Hugo Viana falou que me conhecia bem e queria que eu fosse. E assim foi.
BnR: Como correu a conversa?
ZP: Falámos, acertámos logo ali. Depois na 5ª-feira fomos acertar as rescisões no Belenenses e na 6ª-feira fomos apresentados.
BnR: O que é que Frederico Varandas conversou convosco quando chegaram?
ZP: Acho que o presidente já tinha falado com o Silas antes pessoalmente. Ficaram muito agradados porque achavam que a equipa técnica tinha muita capacidade e uma das razões de nós termos sido uma das escolhas é porque tínhamos uma linha de três muito bem trabalhada no Belenenses e eles achavam que o plantel tinha condições e estava preparado para jogar num sistema de três defesas.
BnR: Houve resistência do plantel àquilo que vocês queriam impor na forma de jogar?
ZP: Sim, houve um pouco de resistência por parte de alguns. Não digo a maioria mas alguns jogadores. Um ou outro podia não se sentir confortável em jogar num sistema de três defesas e via-se isso nos treinos. Principalmente num ou noutro exercício notava-se alguma resistência. Mas no fundo eu também fui um bocadinho assim enquanto jogador, havia exercícios que não gostava e também torcia um bocadinho o nariz mas depois fazia o exercício.
BnR: Como é que vocês treinadores lidaram com isso?
ZP: Falámos entre equipa técnica mas não foi um problema porque depois a nossa prestação foi boa. Agora, outras coisas que nós queríamos que funcionassem, da forma como um plantel profissional deve funcionar, não estava a funcionar e depois com os resultados da eliminatória da Taça da Liga, a eliminação depois de uma boa vantagem que tínhamos na Liga Europa e depois coisas pontuais que aconteciam durante a semana e que nós queríamos agir e não era feito como nós queríamos.
BnR: Por exemplo?
ZP: Às vezes chamar à atenção ou mesmo castigar com uma ida aos sub-23 durante uma semana, para o grupo principal ver “Ou nós fazemos ou seguimos estas regras e princípios e o que está delineado pela equipa técnica ou então não há hipótese”. Outra coisa pontual que acontecia no treino, nós chamávamos à atenção no final do treino ao Hugo Viana e ao Varandas e perguntávamos se eles tinham visto. Eles diziam que sim e nós dizíamos que achávamos que eles deviam agir de determinada maneira, punir o infrator e não falávamos mais sobre isso. Mas as coisas continuavam a correr da mesma forma e assim não dá.
BnR: Quem eram os jogadores que mais faziam esse “braço de ferro” convosco?
ZP: Eram jogadores, eu acho que a maioria, que sentiam que nós estávamos a curto prazo. E nós tínhamos isso no contrato, se conseguíssemos atingir objetivos até ao final da época isso levava à renovação de contrato. Nós começámos a ver que o primeiro lugar era quase impossível, em segundo dificilmente vamos estar porque estávamos a alguma distância e percebemos que por objetivos não íamos lá chegar. Depois, por exemplo, eu se estivesse no Belenenses queria que o Silas jogasse sempre. Se tivesse um treinador que não quisesse que o Silas jogasse eu ficava “Então ele não põe o Silas e vai meter aquele gajo?”. Mas o jogador não tem que fazer isso e não tem que baixar o seu rendimento em função de uma decisão do treinador, eu tenho que trabalhar nos meus limites e depois o treinador decide.
BnR: Notaram isso no Sporting?
ZP: Sim, num ou noutro jogador mas não vou referir nomes. Outro exemplo foi a nossa chamada dos miúdos dos sub-23. Nós achávamos que se faltasse um defesa esquerdo e quiséssemos um defesa esquerdo dos sub-23, era um jogador que o Leonel Pontes também teria alguma necessidade de utilizar. Não íamos “queimar” o Leonel, levar um jogador dos sub-23 e ele ficar prejudicado. Foi a equipa principal e os sub-23 estarem em sintonia. Também isso foi posto em causa, de que deviam vir os melhores miúdos dos sub-23, mas não são os jogadores que têm que definir quem é que vem ou quem é que não vem. Por exemplo, agora estão uma série deles dos sub-23 a treinar com a equipa principal e isso não se passa com o Rúben Amorim. Porquê? Porque ele ainda tem mais dois anos de contrato. Se nós tivéssemos nem que fosse mais um ano de contrato as coisas não iriam ser feitas da mesma forma.
BnR: Referiste que quando havia algum problema no treino reportavam ao Frederico Varandas e ao Hugo Viana e pediam para eles tomarem medidas, só que não havia ação do lado deles. Sentes que do lado deles houve essa inércia por sentirem que vocês estavam a prazo e por isso não valia a pena eles criarem atrito com os jogadores?
ZP: Sim, não tenho dúvidas nenhumas que o primeiro pensamento foi esse. E os jogadores também se apercebiam disso em relação à direção, da direção não dizer nada nem fazer nada. Eu consigo analisar a pessoa e o outro lado. Se acontecesse alguma coisa no treino, e por acaso eles até estavam quase sempre presentes, e viam com os seus próprios olhos as coisas a acontecer…
BnR: Tendo em conta o contexto, era difícil fazer melhor do que o que vocês fizeram?
ZP: Havendo a resistência que houve, ia sempre ser difícil. Depois o ter o contrato só até ao final da época e o jogador aperceber-se disso, mais difícil ia ser. Mas eu achava que com a qualidade individual que o Sporting tinha, com a nossa maneira de ser, estar e lidar, porque fomos jogadores de futebol sabemos muito bem lidar com o grupo de trabalho, que iríamos potenciar ainda mais a equipa. Nós acreditávamos mesmo que íamos agarrar naquele grupo de trabalho, mesmo perante as dificuldades financeiras, o ambiente que há entre sócios, simpatizantes e administração, tudo o que está a envolver o Sporting, e dentro de campo ter capacidade. Não pensávamos que iria haver esta resistência e estes detalhes todos que expliquei foram travando aos poucos tudo aquilo que podíamos ter potenciado. Não poderíamos ter feito melhor. Eu hoje estava a ver uma percentagem, vale o que vale porque eu também não ligo demasiado a isso, que se o Amorim não ganhar ao Benfica, nós temos a percentagem mais alta de vitórias. Apesar de o Rúben acabar por ter menos jogos, isto diz bem do trabalho que fizemos.
4 Agosto, 2020 at 0:00
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o factor 14M joga a favor de Rúben Amorim, ele sabe que a direcção não o pode despedir sem cair no ridículo e cair de estrondo na semana seguinte, é por essa razão que ele pode escolher os jogadores do 11 titular, quanto ao resto não é tido nem achado
4 Agosto, 2020 at 3:59
Agora veio justificar-se e desculpar-se… uma enrevista destas e’ o suficiente para ficar queimado no meio.
Tanto dinheiro que estes tipos ganham e tao pouca cabeca…
4 Agosto, 2020 at 7:53
A reter, que Ze Pedro está queimado.
Isso é que é importante.
O estado anedotico em que estamos, é que já não interessa falar.
4 Agosto, 2020 at 10:37
Ora, o essencial é sempre o acessório.
4 Agosto, 2020 at 8:19
Num clube normal a hierarquia é:
Sócios e adeptos
Presidente
Técnicos
Jogadores
O presidente é eleito pelos sócios e tenta interpretar a vontade destes e dos adeptos do clube. Escolhe uma direcção técnica para cumprir a visão que há para o clube. Na base, os jogadores que são pagos para desempenhar em campo.
No Sporting, graças às voltas olímpicas em que os adeptos entregaram o poder aos jogadores para afrontarem o presidente com a colaboração do treinador, quem manda são os jogadores.
Temos portanto neste momento:
Jogadores
Presidente
Técnico
Adeptos e sócios
Os jogadores e os agentes, a começar pelo Mendes é que mandam no clube.
O presidente tenta sobreviver para sacar o máximo possível antes de vender por tuta e meia. O técnico anda por ali enquanto não arranja nada melhor, tentando não se comprometer demasiado com as palhaçadas com que tem que conviver. Os adeptos e sócios são um estorvo. Um alvo a abater.
4 Agosto, 2020 at 9:36
Touche.
4 Agosto, 2020 at 10:36
Touche mesmo.
4 Agosto, 2020 at 10:32
Parece que ontem foi mais um belo dia de união, crença e fé neste sportinguezinho:
“Hoje tive que ir a Alvalade para tratar de um assunto da natação da minha filha mais nova. Quando passei à porta estava uma longa fila de pessoas. Por momentos pensei: “o puto estupido demitiu-se…”. Mas não, não era isso. As pessoas estavam ali pq parece que hoje começava o reembolso de dinhero das Game Boxes, do ano passado. Pensei cá para mim: “….mas se o badameco não paga a ninguém como vai reembolsar os sócios ?!?” Segundo percebi, parece que ainda havia outras possibildades para os sócios, como poderem doar o dinheiro ao clube ou seja, ao míudo e aos seus amigos ou então transformarem esse crédito num voucher para compras na loja do Clube. Como não estava para esperar numa fila tão grande, desloquei-me à porta para perguntar ao segurança sobre qual seria a melhor hora e dia para lá ir tratar do meu assunto, ao que ele me respondeu “..não lhe sei dizer pq desde manhã isto tem sido uma loucura de gente a pedir o seu dinheiro da GB. Ingenuamente (ou talvez não) perguntei se vinham todos pedir dinheiro ou se optavam tb pela outras hipoteses, ao que me respondeu “nem pense nisso, vem tudo buscar dinheiro e se o presidente aqui estivesse ia ouvir das boas, ai, ia, ia….”. Perante a minha curiosidade e as minhas questões, aproximou-se de mim um senhor de respeitável idade e disse: “…sempre dei muito dinheiro ao clube ao longo da minha extensa vida, agora doar alguma coisa a este caramelo.que é só um dos piores presidentes que o SCP já teve, nunca na vida). Por este andar da carruagem qualquer dia os sócios do SCP são só uns quantos estúpidos como eu e mais a corja de FDP que andam a sustentar este puto ardiloso, mas que não engana ninguém.”
Gerardo Portela
Adivinha-se MAIS uma época de desertificação e 20 mil bilhetes oferecidos por jogo.
#RessucitaSporting
4 Agosto, 2020 at 10:33
Não era nesta mesa mas agora já está já está.
4 Agosto, 2020 at 11:14
Bom dia
4 Agosto, 2020 at 11:16
Bom dia
4 Agosto, 2020 at 12:41
Boa tarde….