Esta semana vamos espreitar a equipa feminina de voleibol. Este projeto pode ser considerado um case study neste Sporting porque contraria toda a lógica que existe há anos no nosso clube. Não é futebol ou futsal, começou do zero, na última divisão, com uma lógica visível a médio prazo, é uma equipa feminina e em 3 ou 4 anos terá jogadoras de formação a alimentar a equipa principal.
Vamos à análise!
Centrais
Para este ano apresentamos 5 novidades, dando estabilidade ao plantel. Duas atletas destes reforços são centrais, precisamente a grande lacuna da época que findou. Chega a internacional portuguesa Aline Timm Rodrigues, do AVC Famalicão. Uma jogadora que conquistou o seu espaço no voleibol português graças ao seu trabalho e atrevimento profissional. Usei, de propósito a palavra atrevimento, porque lutou, andou, correu, mexeu, treinou e treinou e treinou, tudo em muito desde que chegou a Portugal em 2011. Graças a isto, a sua carreira foi sempre progressiva com aquele ritmo de quem anda na luta. Falta o título de campeã nacional no currículo, creio que esteja ansiosa por isso.
Do Brasil chega a craque Gabriella Rocha. Ainda estou para perceber como conseguimos contratar esta jogadora. O melhor que posso dizer desta atleta é que quer (e vai conseguir se mantiver este empenho) chegar à seleção principal brasileira. Esta seleção é uma das melhores do mundo. A Gabriela há-de ter direito a um “Bonito Serviço” só dela durante a época, para já isto já resume bem.
Fechamos a posição de central com as permanências das jovens Natali e Amanda Cavalcanti. A Natali fez um #win na sua apresentação com uma frase que mostra bem a sua ambição para a equipa. “Temos uma equipa muito boa e temos tudo para ganhar campeonato”. Gostei e muito! De onde eu venho, “humildade a mais também é defeito”, portanto parabéns pela coragem. Não sei se o futuro nos vai confirmar o que disse, mas agora também pouco importa.
A Amanda também começou a época com palavras inspiradas. “Agora na época de 2019/2020, ano em que completei 18 anos, pude realizar o grande desejo de jogar pelo Sporting Clube de Portugal, clube onde antes de mim jogaram os meus pais, voleibol como eu. E é uma honra poder, assim, seguir as suas pisadas, pois são o meu exemplo.” Esta jogadora tem um grande potencial pela frente e vai ganhar muito em ser a 3ª central da equipa e aprender com duas grandes jogadoras. Vai dar um salto qualitativo imenso este ano.
Entrada (Zona 4)
Ontem tivemos, oficialmente e pela voz da própria, a saída da Fernanda Silva do Sporting. Já se tinha notado a sua ausência nas fotografias partilhadas pelo Sporting, mas esperava-se a confirmação. Tal como no caso do Dennis, também aceito que os ciclos possam terminar. É assim nas empresas, é assim no desporto. Há um ano, quando deu uma entrevista à Tasca, escrevi na introdução uma frase que serve como despedida: “Chegou ao Sporting com ambição. Um dia que saia, que leve títulos e carinho pelo nosso clube”.
Para o lugar da Fernanda chega, na minha opinião, um upgrade com uma das melhores jogadoras da liga na mesma posição – Thais Bruzza. Como histórico, recordo que a atleta fez todo um percurso nas seleções jovens do Brasil e, agora, chega do AVC Famalicão, onde era uma indiscutível. Tem uma recepção seguríssima e, comparando com a Fernanda, bate uma bola mais aberta (e não tão interior) e é mais pontuadora. Outra atleta que não conhece o que é ser campeã nacional em Portugal e segue para a sua 5ª época por cá.
Pelo que se vê num ficheiro partilhado nas redes sociais, a atleta que ocupará a vaga nesta posição é a Bárbara Pereira. Estou muito curioso para perceber o que a Bárbara pode dar. Objetivamente, como central, podia estar no limite do desenvolvimento porque a altura é importante nesta posição. Como pontos fortes que a vão ajudar nestas novas funções é claramente a capacidade de bloco e o ataque rápido e alto. A grande dúvida assenta na segurança e qualidade da recepção. Espero que tenha sucesso.
Vamos a jogo também com a Bruninha e a Matilde Saraiva que segue para a 3ª época no Sporting. A Bruninha continuará como titular e esperemos que venha com a qualidade que mostrou desde Dezembro. A meu ver, passou por um processo de adaptação ao Sporting que só permitiu dar tudo o que sabe e consegue a partir de Dezembro do ano passado. Certo é que, desde que carregou no acelerador, foi extraordinária.
A Matilde estará no mesmo patamar competitivo da Bárbara, o que requererá, das duas, um esforço de superação. Não será fácil entrar na equipa, mas certo que ambas terão as suas oportunidades. Basta lembrar o número de vezes que a Marlucci foi chamada a jogo na época que se concluiu. Como disse, será necessário elevarem o seu jogo para ajudarem a equipa que traz ambições de campeã nacional.
Opostas
A minha grande dúvida está aqui. Admito que não esperava a saída da Maria Maio porque gostava muito do seu jogo e, ainda para mais, cantava as músicas do Sporting durante os jogos! A equipa vai-se ressentir porque se trata de uma jogadora da seleção portuguesa com muita qualidade. Para o seu lugar e da Kate chegou a Vanessa Paquete, que já apresentei há umas semanas, e a Cristiana Lopes.
Conheço o jogo de ambas e têm qualidade mais que suficiente para estar num plantel candidato ao título. Há, claro, “ses” que colocam um risco associado às duas contratações. A Vanessa está, há algum tempo, fora dos pavilhões e a Cristiana vem de um nível competitivo da 2ª divisão. Apesar do risco, estou com grande confiança nas duas. A parte interessante nesta posição, nesta época, é que eu não vejo um futuro com competitividade entre as duas atletas, mas colaboração. Só uma entreajuda das duas pode colocar o Sporting num patamar elevado. Apesar de só uma jogar, a química relacional que criarem mostrará as ambições do Sporting porque nenhuma vai sobressair por a outra estar mal na equipa. Quem sobressair é porque ambas estão em grande forma.
Distribuidoras
Aqui não há mexidas. Continuamos com a melhor mais jovem distribuidora do campeonato – Beatriz Rodrigues – e com a melhor distribuidora portuguesa – Ana Couto. Com esta frase “i rest my case”.
Líberos
No caso das líberos também não trouxe alterações, permanecendo a Daniela Loureiro e a Carolina Garcez. No caso da Daniela, a capitã, deve ser um FINALMENTE. Lesionou-se há duas épocas gravemente, o que levou a ter demorado a jogar na época anterior. Este ano será um “finalmente um ano normal” onde fará pré-época e ajudará a equipa nos jogos, logo desde o começo.
A Carolina Garcez é a menina dos nervos de aço. Vai-se lá perceber como é que uma pessoa tão jovem consegue gerir a pressão da forma como o faz. Para mim, a melhor jovem líbero portuguesa e estará na seleção em muito pouco tempo.
Pelas aquisições é notório que o Sporting apostou nesta equipa feminina. Algo aconteceu para os responsáveis do Sporting terem cometido esta loucura com uma equipa feminina e de voleibol! Se tivesse de apostar, diria que foi uma decisão pré-COVID, senão “nada coiso”. São, na verdade, as mesmas pessoas que acharam que a marca “Espaço Casa” cai que nem uma luva num equipamento de uma mulher ou decidem agendar jogos às 22h ou passam jogos decisivos em diferido. Não vou ser rezingão, houve aposta e isto são ótimas notícias.
Em jeito de conclusão, é de afirmar que somos mais candidatos ao título que no ano passado. Temos uma equipa mais equilibrada, mas que a falta de uma 3ª jogadora forte de zona 4 pode trazer dificuldades em caso de lesões.
Termino com alguns apontamentos estatísticos que devem ser conhecidos e colocados em cima da mesa como desafios para esta época:
– O voleibol feminino do Sporting nunca foi campeão nacional da 1ª divisão. No seu historial tem 3 títulos e todos com mais de 30 anos de existência. Fomos vencedoras da Taça de Portugal de 1984/1985 e 1985/1986. Conquistámos também uma SuperTaça na época de 1986/1987.
– Das 14 atletas, 11 nunca foram campeãs nacionais seniores em Portugal. Apenas 3, Ana Couto, Bruninha e Vanessa, conseguiram sê-lo.
Posto isto, tempo a mais para vazios e interrupções de títulos no voleibol feminino. Está na hora, certo?
P.s.- Ontem tivemos uma excelente notícia com a ativação da formação masculina de voleibol. Como o dia é das meninas, para a semana trago o assunto ao detalhe. Para já, importa mesmo realçar este passo inicial.
*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –
25 Agosto, 2020 at 9:52
Para cima delas!
Salvo seja…
25 Agosto, 2020 at 9:57
Não percebo nada do que está escrito, mas acredito nesta equipa.
25 Agosto, 2020 at 10:25
Não percebo patavina das regras, das posições e do que é pedido a cada atleta…
Mas se o “ Adrien” está confiante…como não hei-de estar eu…?
Vai uma aposta …que estas Leoas vão ser Campeãs…?
Spooortiiiing…!!!
SL
25 Agosto, 2020 at 10:51
Max, que grande deixa que deste. Obrigado!
Para quem gosta de voleibol e queira perceber um pouco melhor o jogo na vertente defensiva, o nosso mister Gersinho deu uma aula espetacular no youtube.
Quem estiver por dentro de voleibol, devia assistir e aprender.
https://youtu.be/l57ycLmZH8E
25 Agosto, 2020 at 18:01
Bem “já comecei a ver”…os 1ºs 30 minutos já lá vão…
Vai ter de ser por partes, porque tenho mais que fazer…
Para já uma coisa que me impressionou…:
– A velocidade que a bola pode atingir no serviço…
70, 100 e até 120 quilómetros hora…que loucura…e desconhecia que a essa velocidade superior…o olho humano “já tem alguma dificuldade em discernir…”
É claro que há muita coisa que “me passa ao lado”…mas cada vez o jogo se torna “mais cientifico”…
Obrigado Adrien…
Abraço e SL
25 Agosto, 2020 at 19:34
Espera até à parte onde o Gersinho refere que o tempo entre a bola na mão do distribuidor e o atacante pode ser 1seg.
Quem bloca esta rapidez ?
25 Agosto, 2020 at 20:26
Isso …até “deixa os olhos tortos”…
25 Agosto, 2020 at 10:29
Tenho pena das saídas da Fernanda e da Maio… Foram para onde, sabes?
De resto, quanto à equipa, concordo contigo e acho que este ano estamos mais fortes e vamos bater-nos pelos canecos em disputa.
Quanto à formação, acho que o nível que apresentam, pelo menos nas Juniores, é fraco para pensar em nos dar jogadoras a curto prazo. Nos escalões abaixo já há um nível melhor.
25 Agosto, 2020 at 10:49
Concordo contigo. Diria a 3 ou 4 anos, portanto vamos para as iniciadas ou infantis do ano passado.
Daqui a 1 ano ou 2, dependendo das performances nos campeonatos do escalão, já vamos conseguir ter indicadores para o futuro.
25 Agosto, 2020 at 12:05
Mais um vez OBRIGADO ADRIEN pelo SERVIÇO público leonino (só “ases”) ao divulgares tão didacticamente as “nuances técnicas e tácticas do nosso Volley no Masculino e no Feminino.
Um desporto espectacular (ao contrário do que muitos ainda pensam) quando jogado em alto nível competitivo e que merece as explicações assertivas que nos forneces e nos permitem compreendê-lo e conhecê-lo melhor.
Um abraço e saudações leoninas
p.s.: também estou confiante nas meninas para esta época e, curiosamente, acredito que também nos apresentaremos mais competitivos e eficazes no Masculino. Uma óptima notícia o início da Formação masculina. Será também um bom motivo para manter a aposta no Gersinho.
25 Agosto, 2020 at 14:59
Acho que nunca tinha elogiado esta rubrica, por isso os meus parabéns pelo trabalho desenvolvido! Excelente notícia o início da formação masculina. Num país em que a realidade deste desporto é frágil, temos que ser nós a criar a realidade de que precisamos.
25 Agosto, 2020 at 15:03
Mais uma beleza posta… Obrigado 🙂
25 Agosto, 2020 at 21:42
Thaís, uma amiga que, com muita pena minha, saiu do clube onde colaboro! Mas fiquei muito feliz por ter ido para o meu Sporting.
Se há alguém que deixa a pele em “campo” e fica furiosa quando perde, é a Thaís!
25 Agosto, 2020 at 21:50
Já há regras da dgs para retorno das modalidades (sem saber quem paga)
25 Agosto, 2020 at 21:52
Bela posta