Foi tão justa quanto sofrida, a vitória do Sporting nos Açores. Peter Potter foi a figura, com dois golos, resolvendo a embrulhada em que um erro de dois “veteranos” colocou a equipa e cujo nó só começou a ser desatado depois da entrada de Sporar e, principalmente, de João Mário

peterpotter

No final do jogo, as estatísticas diziam que o Sporting tinha feito 18 remates, o maior registo fora de casa desde dezembro de 2019, quando fez 20, precisamente frente ao Santa Clara. Também se via 66% de possa de bola, 82% de acerto nos passes e, talvez tenhamos aqui parte da explicação para o sufoco que foi ganhar um jogo que tinha tudo para ser simples, o 1-2 da vitória nasce do único remate enquadrado ao longo de toda a segunda parte.

É que se olharmos para o que nos diziam os números engraçados ao intervalo, o Sporting havia rematado por 8 vezes e tinha 70% de posse de bola, enquanto os açoreanos haviam celebrado no único remate enquadrado à baliza de Adán, aproveitando a paragem cerebral dividida entre o redes e Coates. Com o jogo completamente dominado e a cinco minutos do descanso, os Leões complicavam as coisas para o seu lado, quando deviam era ir para o descanso com uma vantagem maior do que a que lhe tinha sido dada pelo golaço de Peter Potter, que após excelente abertura de Jovane teve classe de sobra para esperar o movimento do redes e marcar por onde ele certamente não esperaria.

Novamente com o 77 a surgir como uma espécie de 9 que raramente está no sítio, o Sporting foi lançando o pânico através as correrias de Nuno Santos, da classe de Peter Potter e do arreganho de Jovane, que logo a seguir ao golo do empate teve um movimento de fora para dentro que terminou numa bomba ligeiramente desviada do alvo. Tinha dado para marcar mais do que um golo? Tinha, claro, mas a cada investida notava-se a ausência de alguém na área e, não menos importante, foram várias as vezes em que os três da frente congelaram e voltaram a rodar por não terem nem médios nem laterais a aparecer para criar a superioridade. E esse é um problema que Amorim continua a ter que resolver.

Tentou fazê-lo cedo, no segundo tempo, lançando Sporar e Tiago Tomás, e se o miúdo pareceu pouco inspirado, o único ponta de lança do plantel aproveitou para mostrar que é muito diferente a vida de um Porro quando sabe para quem cruzar. Não marcou, é verdade, mas tal como havia acontecido contra o fcp provou espaços na defesa adversária, obrigando os centrais a saírem na marcação e os laterais a terem que preocupar-se com o fecho do corredor e o buraco vazio no meio. Com isso, também os médios açoreanos foram encostando atrás, num tapa buracos que deixou o Santa Clara apenas procupado em defender o pontinho.

O jogo estava feio, com muita luta a meio campo, muita paragem, e a inspiração a ser posta à prova com o passar dos minutos. João Mário já estava em campo e dava critério a uma equipa que não podia perder a cabeça e haveria de ser precisamente de um momento desnorteado que surgiria o segundo golo: saída ridícula do redes insular, choque com o defesa que perseguia Peter Potter e o camisola 28 a fazer de Bruno Fernandes e a resolver uma partida onde, não com o mesmo número de adeptos da fórmula 1, voltou a ouvir-se gritar golo nas bancadas.

Era a terceira vitória dos Leões em quatro jogos onde marcou sempre dois golos – num deles deu empate, 2-2, com o fcp – com a curiosidade dessas três vitórias terem sido conquistadas fora de casa, coisa que não conseguiu fazer ao longo de toda a época passada e que não acontecia desde 2017/2018. Agora que venha de lá o jogo em atraso para nos colar ao topo da classificação.