No espaço de uma semana tivemos 3 jogos e 3 vitórias. Apenas o jogo das competições europeias teve alguma exigência, no entanto sem ter de forçar muito. Continuamos a ver o Renan a carregar uma equipa com a sua motivação e garra, a par de ter uma performance técnica muito boa. É, para mim, o grande destaque neste início de época. No nosso campeonato tivemos dois jogos contra equipas muito acessíveis, onde o resultado foi o exigido.

Sporting 3 – 0 TSV Geisen Grizzlys (25-20, 25-22 e 25-23)
Vitória SC 0 – 3 Sporting (13-25, 19-25 e 17-25) Comer em Guimarães? Meus caros, a Adega dos Caquinhos só se quiserem ser felizes.
Sporting 3 – 0 Clube K (25-20. 25-19 e 25-17)
TSV Geisen Grizzlys 3 – 2 Sporting (25 – 22, 21 – 25, 22 – 25, 25 – 18, 15 – 12)

Nesta terça-feira carimbamos a passagem à eliminatória seguinte da CEV Challenge. Somamos a 5 (!!) derrota da época, ainda assim tivemos 3 boas performances individuais:
Renan: Pela alegria que traz ao jogo e a criatividade que transporta para a zona 4 de rede, continua a ser um grande destaque deste início de época;
Paulo Victor: É o imperador. Fez, ontem, 22 pontos e dá a confiança que o distribuidor precisa. A eficácia (50%) não foi excelente, mas teve 36 bolas rematadas o que diz muito da sua importância na equipa.
Hélio Sanches: Fez 10 pontos e esteve 19 vezes no serviço. Foi o jogador do Sporting que mais serviu, que demonstra bem a dificuldade que causa. Para perceber o contraste, o Vitor Hugo teve apenas 5 passes para remate e o Hélio 15 (eficácia de 47%).

Precisamos, urgentemente, de parar de perder!

Como habitual, não me vou ficar com o resumo dos jogos ou apontamentos táticos. Para hoje, vou-vos passar algumas notas importantes para compreender mais sobre o que se passa no voleibol.

Esta semana tivemos a desistência do CD Póvoa do campeonato nacional masculino. O comunicado do clube é fácil de resumir a um “não temos dinheiro”. Isto está a passar-se no voleibol, como se passa no futebol. As equipas não estão a conseguir dinheiro para competir porque faltam ajudas e não conseguem, sozinhas, gerar receita. Há aqui um vazio de apoios entre as Câmaras e os patrocinadores. Acontece que muitas entidades públicas estão a alocar, evidentemente, os apoios na saúde e as empresas estão a sobreviver, por isso não está fácil para ninguém.

Isto levou-me a uma questão que já trouxe à Tasca e que, também, está relacionada com o nosso Sporting: Que tipo de retorno pode uma empresa beneficiar por patrocinar uma equipa de voleibol?

A resposta vai direitinha a uma palavrinha mágica: adeptos. A força de uma equipa desportiva, seja de voleibol ou de outra modalidade, está na força da sua comunidade. Não é por acaso que a 1ª divisão feminina de voleibol parece o campeonato nacional de futebol profissional com o Sporting CP, SL Benfica, FC Porto, Boavista FC, SC Braga, Vitória SC, CF Belenenses, Leixões SC e CD Aves. É mais fácil arranjar dinheiro quando tens estruturas fortes por trás (em Portugal, ser de futebol ajuda muito). A força de uma marca desportiva está nos seus adeptos.

Com os adeptos fora dos pavilhões é criada uma limitação enorme ao retorno de um patrocinador, logo é difícil angariar dinheiro. Claro que, no caso do Sporting, há toda uma força da marca global que pode suportar se for bem trabalhada. Contudo, continua a ser suficiente? Se fosse assim, qualquer modalidade do Sporting não teria dificuldade em angariar patrocinadores, o que é evidente que não acontece.

Voltamos, por isso, para onde quis levar este raciocínio: adeptos de voleibol.

Durante o primeiro confinamento, a partir de Março, as empresas em geral, todas se viraram para dentro, para os seus queridos Clientes. No voleibol, que é quem nos chama a este espaço, houve imensos conteúdos interessantes. Já disse que o Gersinho se desdobrava em diretos, brilhando com os seus conhecimentos ao nível da formação. O capitão Miguel Maia trazia para os seus diretos craques de muitas modalidades para conversar consigo. Todos queriam que os seus adeptos/Clientes/consumidores não os esquecessem. “Fica comigo, não me esqueças”. Esse era o foco por isso criaram-se bons conteúdos e, principalmente, centrou-se o interesse do adepto na comunicação.

Passaram poucos meses, apesar de parecer sempre muito neste mundo frenético, e estamos em que ponto? Tenho receio que estejam, novamente, a esquecer-se dos adeptos.

Tivemos esta semana uma boa novidade da Federação. Esta criou um site onde se pode “acompanhar o desenrolar dos resultados de todos os jogos em directo das competições de seniores da I Divisão masculina e feminina, II e III Divisões e Sub-21. No caso da I Divisão masculina, será ainda possível acompanhar os jogos em livestreaming (vídeo). A partir da 2.ª Fase do Campeonato Nacional, será ainda realizada a estatística de todas as equipas da I Divisão masculina, o que implica a disponibilização do match report imediatamente no final do jogo.”

Nota-se que é um esforço de modernização por parte da Federação, mas são claramente conteúdos para a bolha de pessoas que vive e respira voleibol. Nem para mim é porque eu quero saber dos jogos do Sporting, masculino e feminino, e pouco mais. Aliás, o que mais quero são mesmo conteúdos de entretenimento que me façam sentir voleibol.

Eu tinha, por vontade primária, acompanhar o Instagram de todos os atletas do Sporting, páginas que falassem de voleibol ou do Sporting, em busca de bons conteúdos para me aproximar do voleibol e do clube. Parei de o fazer, na quase totalidade, páginas ou jogadores (nossos ou internacionais). Naquilo que ao voleibol diz respeito, todos os espaços que referi tendem a ser apenas anunciadores de jogos e resultados.

Poucos ainda entenderam que, como li ontem, tudo é uma questão de perspetiva. E é mesmo porque há outras perspetivas para além da nossa e pode ser necessário mudá-la. Hoje é em jeito de desabafo porque gostar de voleibol, estando do lado de fora, é mesmo um caminho de persistência.

Num tom mais humorístico até faço uma comparação. Digo que é giro gostarmos de além pelo seu aspeto físico, mas quem é que não prefere uma bela viagem a Paris em casal com passeios de mão junto à Torre Eiffel? Por outras palavras, será sempre mais fácil encher um pavilhão numa final, mas só estando numa relação se consegue um pavilhão cheio a uma segunda-feira, de Janeiro, com frio e chuva. Por isso, que marcas não querem participar numa relação forte? Os adeptos fazem a diferença.

Que seja, sim, uma época em crescendo de envolvimento também ao nível da comunicação e envolvimento dos agentes desportivos e os adeptos.

Deixo três notas positivas:
1. Vou ser politicamente incorreto, contudo é impossível passar ao lado do brilhante trabalho que o Marcel Matz anda a fazer nas redes sociais. Há no SL Benfica, como em todos os clubes, uma lacuna de comunicação em relação ao voleibol. O Marcel identificou isso e chamou a si a responsabilidade de comunicar voleibol. Desde oferta de camisolas, diretos dos treinos ou explicações de estatística, tem-se visto de tudo. Isto claro que puxa os adeptos do rival a aproximarem-se da modalidade. Devia-me ser proibido este tipo de elogios, mas será a última vez.
2. Cliquem e vejam um exemplo de um bom conteúdo: https://www.youtube.com/watch?v=prXYKIX9UTM&feature=youtu.be&ab_channel=TitansVolleyball
3. Anuncio, em primeiríssima mão, que este ano teremos umas ofertas de Natal. Esta pandemia trouxe afastamentos, encurtamento de relações e acreditamos que podemos ajudar emocionalmente numa época tão fecunda de emoções. Vamos ter presentes!!

Este não é um post de crítica, é uma escrita de quem anda a trabalhar com muitas empresas que deambulam entre “quero saber os meus Clientes” e um “só quero saber de mim”. É um post mais para o cinzento. Esta pandemia trouxe a evidência que os Clientes devem estar no centro das atenções. Desfocar disso traz consequências drásticas.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –