Arrancadas a ferros, numa noite com pouca inspiração para ultrapassar o bem oleado autocarro algarvio, a vitória sobre o Farense garante ao Sporting a permanência no primeiro lugar durante o Natal

penaltifarense

Quase duas décadas depois, o Sporting garantiu a liderança no Natal. Curiosamente, diz que na última vez em que isso aconteceu os Leões foram campeões e que o seu adversário de ontem, o Farense, estava na primeira divisão nacional, algo que também volta a acontecer volvidos 19 anos.

Ora, nessa época, também por alturas de dezembro, recebeu o Sporting o Vitória de Setúbal e, numa noite pouco inspirada e agravada com a lesão de Niculae, os Leões celebraram efusivamente uma vitória ao cair do pano, com golo de Jardel. Ontem, sem público nas bancadas, a história voltou a repetir-se, agora com um golo de penalti apontado por Sporar na sequência de um daqueles lances que vale uma semana de discussões, mas que acaba por ficar encerrado se pegarmos nas belissimamente irónicas palavras de Rúben Amorim no final: pensava que a falta tinha sido sobre o Coates.

A verdade é que antes de Defendi atingir Feddal na tentativa de chegar à bola – e, para mim, não chega a tocar-lhe, abalroando apenas o defesa leonino – existe um penalti claro de Felipe Melo sobre Coates. E contra factos…

Se de factos falamos, vamos aos do jogo. Noite muito complicada, com mérito para o Farense, equipa muito bem organizada, capaz de manietar as subidas de Porro e Nuno Mendes e capaz de ter em Ryan Gauld, capitão de equipa, o toque de qualidade que lhe permite sair em contra golpe com critério e perigo. O Sporting, com um volume de bola para lá dos 70%, teve pouca arte para criar situações de golo, sendo a melhor, mesmo em cima do intervalo, protagonizada por Tiago Tomás, que acertou no poste.

No recomeço, Porro descobriu Pedro Gonçalves na área, mas o melhor marcador da Liga não conseguiu bater Defendi. Depois veio Tabata e o jogo agitou-se um pouco, com o brasileiro a mostrar serviço e a ser várias vezes castigado em falta pelos jogadores de um Farense que ia baixando cada vez mais as linhas, ao ponto de colocá-los todos entre a bola e a sua baliza.

Desesperavam os adeptos Sportinguistas, com o raio do fantasma de natais passados a pairar-lhe sobre a tola e gritando porque raio não saía um central para entrar Daniel Bragança, rapaz com ideias nos pés e olhos nas chuteiras. Até que veio aquele momento com que abre esta crónica e que fez reacender todas as luzes dos sonhos que se pintam a verde e branco. E, diga-se de passagem, bem merecemos sorrir.

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