O Sporting está fora da Taça de Portugal, eliminado por um Marítimo ao nível do relvado, que fez da falta a sua maior arma e que contou com o desacerto dos Leões na finalização para celebrar um resultado que conta a história do jogo de forma estranha

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“O Sporting foi a equipa que tem sido”. As palavras de Emanuel Ferro indignaram muito boa gente, mas parecem-me fazer sentido. Ou, se preferirem, confirmam o sentimento de que é uma enorme injustiça estar a crucificar treinador e jogadores por esta eliminação da Taça de Portugal. Houve erros? Claro que sim. Mas nem sempre a história de um jogo se conta apenas pelo resultado final.

Comecemos, então, pelo princípio. Amorim mediu o peso às pernas dos jogadores depois da batalha no lamaçal da Choupana e optou por várias mexidas. Mac foi para a baliza, Plata foi o falso lateral direito, Borja o terceiro central à esquerda, Matheus Nunes deixou João Mário a descansar, Tabata no lugar de Peter Potter, Tiago Tomás em vez de Sporar. Oportunidade para uns, rotação normal para outros.

E a verdade é que o Sporting entrou em campo como se lá estivessem todos os habituais titulares, encostando o Marítimo à sua defesa, mesmo que os insulares tenham querido jogar com a defesa subida para encurtar o campo. Até porque, fruto dessa ousadia, sobrava muito espaço para Nuno Santos, Tabata e Tiago Tomás acelerarem por ali fora prontos a fazer estragos.

E só não os causaram logo aos cinco minutos, porque a jogada desenhada acabou com o jovem Tomás a fazer a emenda em direcção à barra. Depois, seguiram-se vários lances semelhantes, com a defesa do Marítimo em sobressalto e invariavelmente salva pelas decisões questionáveis de um fiscal de linha com tique de bandeira ou pela complacência de um árbitro que deixou bater (quantas entradas para amarelo sofreu Tiago Tomás?). Ah, e o penalti do Neto? É verdade, teve uma paragem cerebral e fez penalti ao achar que a mão era a coxa. Erro claro a nosso favor. Palmas!

E com tantas palmas é normal que não se ouça falar em dois lances capitais, numa segunda parte que começou como mais do mesmo, com Palhinha a engolir completamente o meio campo e os madeirenses a defender com onze na sua metade. Primeiro, uma falta que só o árbitro viu, numa molhada de jogadores em que a bola vai ao poste e, na recarga, é introduzida na baliza por Palhinha. Depois, outra falta que só o árbitro viu e que interrompe uma jogada em que Nuno Santos ficava isolado na cara do guarda redes. Deste lance, aliás, resultaria o início da jogada que daria o golo ao Marítimo, cínico a aproveitar a primeira falha de posicionamento da defesa leonina.

Amorim mexia à pressa, fazendo substituições que se pediam há uns bons minutos, mas no meio de tanto ajuste ficou meia equipa a dormir na sequência de um canto e sofremos um golo por um gajo que devia estar na rua pelo menos duas vezes, tal a quantidade de faltas que vinha fazendo.

Depois… Depois foi desespero, com as pernas a pesar, com Coates a ponta de lança para ganhar poder aéreo na área e com a equipa a jogar com muito coração e pouca cabeça. Aquele falhanço inacreditável de Sporar, em cima dos 90, é sinal desse estado de espírito.

Por tudo isto e voltando ao início desta crónica, concordo que o Sporting foi muito a equipa que tem sido. Dominou, criou diversas oportunidades de golo (o momento do jogo é a bola à barra, logo aos cinco minutos), cometeu erros a defender as bolas paradas e voltou a desaproveitar os vários cantos e livres que teve a seu favor. A diferença esteve, precisamente, no não ter marcado quando devia marcar e no facto de, ao contrário do que vem sendo hábito, o treinador não ter mexido com mestria quando teve que mexer.

Resulta tudo isto numa eliminação que é uma desilusão e uma lição. Saiba equipa técnica e plantel aprendê-la e saibamos nós, adeptos, não esquecer que há três dias aplaudíamos de pé está rapaziada de farda enlameada, dizendo que nos enchiam de orgulho pela atitude demonstrada. E também nessa atitude este Sporting derrotado foi igual ao que tem ganho semana após semana.

https://youtu.be/EMWTFncgYuo