Um jogo da liga PLacard e 3 jogos da FIBA Europe Cup. Peço desculpa pelo atraso, mas segurem-se que isto vai ser longo…

Sporting 104 – 69 CAB Madeira
Antes da partida para a Polónia, para a participação na “bolha” criada para a FIBA Europe Cup, o Sporting recebeu a equipa do CAB Madeira que, há 2 semanas, deu muito trabalho ao FC Porto, na ilha da Madeira.

Foi um jogo em crescendo em termos de resultado e onde o Sporting chegou a ter 42 pontos de vantagem. Bom primeiro período, um segundo período a gerir e um terceiro avassalador. Muita rotação, com Shakir a ser o único jogador com minutos abaixo dos dois dígitos. Apenas 8 turnovers no jogo (o que levou a que o CAB Madeira não tivesse concretizado nenhum ponto em contra-ataque), o triplo dos roubos de bola, triplo dos pontos fruto de segundas oportunidades e mais do dobro dos pontos na área pintada. Dominamos em todos os aspectos do jogo!
Ellisor com 19 pontos e 80% de lançamentos de 2 pontos, Fields com 19 pontos e 7 ressaltos, e Travante, João Fernandes e Claúdio Fonseca, também com pontuações de 2 dígitos, foram os destaques individuais no Sporting.

Antes de irmos aos resumos (que podem não ler porque torna este artigo muito longo), deixo-vos a minha opinião.

O Sporting e os sportinguistas tiveram um duro embate com o difícil basquetebol europeu. O grupo do Sporting não era fácil. Basta olharmos para as outras equipas e percebermos que o Grupo E foi ganho pelo Fribourg Olympic, que defrontámos e ganhámos na fase de qualificação da Champions League, com apenas 3 pontos (os mesmos do Sporting que terminou em último no grupo C).
As equipas europeias não têm só maiores orçamentos, têm melhores ligas, atletas, etc. Habitualmente, são muito bem trabalhadas em termos ofensivos, com bons atiradores e são, sobretudo, muito intensas. O facto de as ligas serem melhores ajuda, e muito, e o Sporting teve o azar de calhar no mesmo grupo com uma equipa israelita, uma polaca e uma húngara. Qualquer uma destas seleções é de 1ª divisão ao nível europeu, com presenças habituais nos europeus, tendo a Polónia, por exemplo, marcado presença no último mundial.

Ainda assim, eu sempre achei que poderíamos passar. Os 2 primeiros jogos foram equilibrados, em termos estatísticos e de resultado. O Sporting foi conseguindo adaptar-se às exigências dos jogos, embora tenha claudicado e cometido erros nalgumas partes. No último jogo, as ausências e o cansaço marcaram um papel decisivo. Ficou provado que o Sporting tem um plantel curto e que quando algum dos principais americanos (principalmente Travante) não produz, a equipa ressente-se e muito! E numa prova em formato de “bolha”, com 3 jogos em 4 dias, isso nota-se! O Benfica fez uma boa prova o ano passado, precisamente porque tinha um plantel muito rico em termos de qualidade e soluções.

Shakir Smith mostrou aquilo que nunca tinha mostrado no Sporting e espero, sinceramente, que lhe tenha trazido a confiança para uma segunda metade da época estrondosa. Claúdio Fonseca foi importante em vários momentos e Pedro Catarino contribuiu sempre que veio do banco. Micah começou a mostrar-se, Ventura foi engolido pela intensidade do jogo e Travante apenas apareceu no 1º jogo. O capitão Ellisor foi o mais regular, a par de João Fernandes.

Continuo a achar que as competições europeias, neste ano, estão para o basquetebol como estiveram em anos recentes para o andebol: dar-nos-ão a experiência e o conhecimento da intensidade necessária para se ganhar cá dentro, enquanto, adicionalmente, proporcionam a uma equipa recente o contacto com novas táticas, jogadores e estilos de jogo. Ainda assim, a participação do Sporting nesta FIBA Europe Cup acaba por nos deixar um sabor amargo na nossa boca…

Este fim de semana, teremos a Taça da Liga ou Taça Hugo dos Santos, mais uma vez uma prova em formato de Final Four com 2 jogos em 2 dias, caso cheguemos à final (o que será expectável, visto que defrontamos o Imortal na meia-final). Para já, a FIBA deixou mazelas… Fields vai estar ausente por 2 semanas e Travante está condicionado (acredito que só jogue se for preciso e só na final, se lá chegarmos). O Porto está sem Jalen Riley e também não deve ter o Tanner Mcgrew, pelo que o Benfica, apesar de não ter José Silva (lesionado) é, a meu ver, o principal candidato à vitória nesta prova.

Espero que possamos levar já esta intensidade da FIBA Europe Cup para esta competição, de forma a termos hipóteses de ganhá-la. Qualquer resultado que não seja a vitória deixar-me-á desiludido, mesmo tendo jogadores importantes ausentes.

Para terminar, deixo-vos com os resumos dos jogos europeus.

Sporting CP 81 – 86 Ironi Ness Ziona (ISR)
(Highlights clica aqui)

Neste primeiro embate, calhou-nos em sorte os israelitas do Ironi Ness Ziona, uma equipa cujo orçamento é 3 a 4 vezes superior ao nosso e que, recentemente, pescou directamente na NBA Wayne Selden Jr, ex jogador das equipas de New Orleans Pelicans, Memphis Grizzlies e Chicago Bulls. Era aquilo que eu gosto de chamar “uma aguadeiro”, mas um aguadeiro da NBA é muito melhor e mais caro que muito jogador americano perdido na Bulgária ou Finlândia.

O Sporting começou com o seu 5 habitual: Ventura, Ellisor, Travante, João Fernandes e Fields. O início do jogo mostrou-se equilibrado, com ambas as equipas a estudarem-se e onde as defesas se superiorizaram aos ataques. Muitos turnovers de parte a parte, mais do nosso lado, infelizmente, com os israelitas a aproveitarem para capitalizar em contra-ataque. Tal como tinha referido no outro artigo, o Ness Ziona tem bons atiradores e são fortes no lançamento exterior. O Sporting procurou fechar a linha exterior, mas, por sua vez, deixava desguarnecida a zona interior. O adversário jogava bem aberto, com muita movimentação e cortes nas costas, o que os levava a finalizarem com alguma facilidade na área pintada. 20-22 no final do 1º quarto.

No 2º período, o Ness Ziona continuou a fechar bem a sua zona interior da defesa. O Sporting tinha dificuldade em entrar, com excepção a alguns lances de Fields, por vezes bem servido após entradas para o cesto, noutras fruto de ressaltos ofensivos. Para além disso, o nosso lançamento exterior não estava a funcionar. Os turnovers continuavam e nesta primeira parte realizamos passos 3 ou 4 vezes, o que é sempre um indício de nervosismo no jogo. Pelo lado positivo, Ellisor foi surgindo, como só ele sabe, e começamos a ganhar a luta dos ressaltos e concretização de segundas bolas. Dos 42% de lançamento de campo no 1º período, subimos para 50%. Dos 13 ressaltos ganhos, passamos para os 28, com o adversário a conseguir ganhar apenas 5 ressaltos em todo o 2º período. Infelizmente, os turnovers continuavam e os israelitas iam aproveitando em contra-ataque para concretizar. No ataque de 5×5, Tal Dunne começou a mostrar a sua influência na manobra ofensiva dos israelitas. Ao intervalo, perdíamos por 42-36.

O 3º período não poderia ter começado pior. Mais uma vez, muitas bolas perdidas no ataque, maus passes, más entradas, más decisões de lançamento e o fosso estava em 11 pontos. Os Israelitas tinham 21 pontos concretizados em contra-ataque, contra apenas 8 do Sporting. Eles continuavam a fechar a zona interior, sobretudo as entradas para o cesto e o nosso lançamento exterior não caía. Contudo, eis que a equipa técnica, encabeçada por Luís Magalhães, decide retirar Fields e colocar uma equipa quase parecida com o “small-ball” (termo habitualmente utilizada na NBA para equipas que jogam com um poste mais baixo e favorecem a polivalência e mobilidade de todos os jogadores). Em campo, estavam Shakir, Ellisor, Travante, Micah e João Fernandes. Desde início que Fields estava a ser puxado mais para fora, o que desguarnecia a zona interior, pelo que, com esta opção, o Sporting tentava não ficar a perder nas trocas defensivas provenientes dos bloqueios. E resultou na perfeição! Com Travante doido a lutar por cada ressalto, Micah Downs seguro defensivamente e João Fernandes muito móvel, o Sporting começou a recuperar no marcador. Forçámos turnovers que, depois, começámos a transformar em contra-ataques. Não só recuperámos os 11 pontos de desvantagem, como terminámos este período com 5 pontos de vantagem – 63-58.

Entrámos na última parte do encontro dentro do jogo. O jogo continuava duro, equilibrado e com muitas faltas de parte a parte. A cerca de 5 minutos do fim, Travante sai com 5 faltas, quando estávamos apenas a 3 pontos. Como o Sporting já tinha atingido as 5 faltas, os israelitas abriram o jogo no ataque e favoreciam os duelos individuais e entradas para o cesto. Resultou… Depois de Travante, Ellisor e João Fernandes fazem também a 5ª falta. Na defesa, os israelitas mudam para zona e param o ataque do Sporting. E aqui, mais do que a perda dos 3 elementos que saíram excluídos por faltas, esteve a decisão do jogo. Faltavam 2 minutos e o Sporting não soube, mais uma vez, atacar uma equipa forte que coloca uma defesa à zona. Os jogadores escolhidos não foram, a meu ver, os ideais. Shakir deveria ter dado o lugar a Ventura, que coordena melhor, Catarino deveria andar ali pelos 45 graus, Diogo Araújo deveria ter entrado mais cedo e ficava sossegadinho no canto à espera da bola para lançar, Micah Downs daria uma ajuda fazendo a sobrecarga num dos lados da defesa e Claúdio Fonseca ou Cândido Sá deveriam ter entrado para fazer de “pivô” ali na linha de lance livre e lutar pelos possíveis ressaltos. Atacámos mal a zona, mas, incrivelmente, Catarino consegue fazer um triplo, seguido de 2 pontos e vamos para os instantes finais ainda a sonhar! No entanto, nos segundos finais, uma falta, que permitiu o jogador israelita marcar e ir para a linha converter uma jogada de 3 pontos, matou o jogo.
Terminámos o jogo com 27 turnovers (!), 28 faltas pessoais e apenas 27,3% da linha dos 3 pontos! Ganhámos a luta dos ressaltos, mas nos roubos de bola fomos goleados!

Destaques:
Travante com 22 pontos, 10 ressaltos e 3 triplos
Fields com 10 pontos e 12 ressaltos
Micah Downs com 13 pontos e 3 triplos
Shakir Smith com 10 pontos
Ellisor com 10 pontos, 5 ressaltos e uma bela exibição defensiva a secar Brian Angola
João Fernandes com 9 pontos, 6 ressaltos e 5 assistências

BM Slam Stal (POL) 85 – 83 Sporting
(Highlights clica aqui)

5 inicial com Shakir, Ellisor, Travante, João Fernandes e Fields.
O Sporting começa estranhamente com pouca agressividade na defesa. As equipas europeias não têm apenas melhores artistas e, além de serem bem orientadas, são também mais intensas, com mais ritmo e agressividade. O Sporting ia permitindo que os polacos tivessem grandes percentagens de lançamento e, como nós íamos rodando muito lentamente na defesa, isso permitia-lhes lançamentos “fáceis”. Ofensivamente, estávamos melhores do que contra os israelitas, circulando a bola com algum critério e cometendo poucos turnovers. Shakir começou desde logo a destacar-se com o seu lançamento exterior. A rotação da equipa ajudou um pouco, mas o problema continuava a ser a defesa…

O 2º período começa com o Sporting a perder por 24-19, mas mostra uma equipa a defender melhor: mais lançamentos contestados, equipa mais mexida e a sair melhor dos bloqueios sofridos, fazendo uma melhor rotação defensiva. Os jogadores do banco ajudaram imenso: Claúdio Fonseca surge muito eficaz no ataque com 100% de lançamento de campo, Micah Downs marca de 3 e o Sporting continuava a fazer muito poucos turnovers. Fazemos um parcial de 10-2 e os polacos apenas marcavam da linha de lance livre. Eles mudam para uma defesa zona 2-1-2 em meio-campo e conseguem suster um pouco a hemorragia! O BM Slam baixa de 60% de lançamentos de 2 pontos para apenas 37% e baixam de 75% de lançamentos de 3 pontos para “apenas” 47%. O Sporting subiu as suas percentagens e estatística em toda a linha! Ao intervalo 45-45.

O terceiro período custou-nos o jogo e deixou-nos o medo de uma “goleada”. Começámos logo com uma troca: Travant, que estava desastrado no ataque e ficava invariavelmente preso nos bloqueios que libertavam o atirador Garbacz, passou a defender Christopher Smith, e Ellisor passou a marcar o atirador polaco. Os polacos também fizeram algumas mudanças defensivas e Ogden passou a dar muito mais luta a Fields pelo ganho da posição e isso matou-nos o jogo interior. Fields, frustrado, pouco atacava e pouco defendia, o que os polacos exploravam muito bem, através de um ataque espaçado e numa aposta nas penetrações. Foram muitas as finalizações na área pintada e que elevaram novamente a percentagem de lançamentos de 2 pontos. Easy baskets, como dizem os americanos! O Sporting demorou a reagir e a pedir timeout, de forma a tentar estancar a hemorragia.

O último período viu a diferença de 11 pontos (72-61) alongar-se para os 18! Até que Magalhães fez o que já devia ter feito: mudou os artistas. Travante estava desastrado e só voltou a entrar para a jogada final, Micah Downs já tinha atingido a 5ª falta e Fields, muito marcado e frustrado, deram lugar a quem já devia estar lá dentro há mais tempo. Smith, Catarino e Cadu entram muito bem na partida, tal como Cândido Sá, sobretudo em termos defensivos. Passamos a atacar com mais critério e a pressionar melhor na defesa. E, de repente, 3 triplos seguidos lançam de novo o jogo. O Sporting começa a ganhar ascendente e arranca para um parcial de 12-1, que o coloca novamente à distância de poder roubar o jogo aos polacos! A 37 segundos do fim, estávamos a 3 pontos! E aqui, voltámos a estar mal. O Sporting tinha bola e, ao invés de fazer uma jogada onde marcasse 2 pontos rápidos, deixando o jogo a apenas 1 ponto e ainda com tempo para recuperar, andámos a perder tempo de um lado para o outro e só conseguimos marcar de lance livre, deixando o jogo a 1 ponto e com 4,9 segundos no relógio! Falta rápida e o BM Slam converte apenas 1 lance livre. O jogo estava agora a 2 pontos de diferença e havia pouco mais de 3 segundos para jogar. Nervos em quem ataca, nervos em quem defende, nervos em quem vê em casa…
Timeout pedido por Magalhães para desenhar uma última jogada. Entrou Travante (decoy?) e eu pensava que íamos trabalhar vários bloqueios para libertar o Catarino (ele merecia!), mas não. Travante repõe a bola para Ellisor, este dribla, simula um passe para Travante e lança. Má opção que, por mero acaso, ia dando resultado. A bola rodou no aro e saiu, determinando assim mais uma derrota.
Quem olha unicamente para a estatística, vê aquilo que o resultado final também demonstra: um jogo equilibradíssimo, com o mesmo número de ressaltos (total, ofensivo e defensivo), número semelhante de assistências, faltas, roubos, turnovers e até percentagens de lançamentos.

Destaques:
James Ellisor com 23 pontos, 5 triplos, 62,5% de lançamento de 3 pontos, e 7 ressaltos
Shakir Smith com 18 pontos e 4 triplos
Fields com 10 pontos e 9 ressaltos
Catarino com 10 pontos

Szolnoki Olajbanyasz (HUNG) 78 – 67 Sporting
(Highlights clica aqui)

Os húngaros seriam, na teoria, o adversário menos forte que iríamos defrontar, mas, curiosamente, este foi o jogo com o resultado mais desequilibrado!
O Sporting volta a começar com Shakir, Ellisor, Travante, Micah Downs e João Fernandes. Fields lesionou-se no jogo anterior e era baixa de peso, perante o forte jogo interior de Cakarun e Subotic.
O jogo começou muito bem para o nosso lado, com apostas nas transições rápidas e Micah e Ellisor a finalizarem a preceito, tirando proveito da forte pressão defensiva e dos 2×1 sobre o portador da bola que o Sporting faz habitualmente. O Sporting acaba por fazer um bom período, embora tenha baixado um pouco na parte final. 19-23.

Até ao intervalo, baixámos um pouco a intensidade, devido à rotação de jogadores e à lesão do Travante Williams. Os húngaros conseguiram acertar com o seu jogo exterior e batalhavam imenso pelo ressalto ofensivo, o que lhes dava algumas segundas oportunidades para concretizar. Ao intervalo, perdíamos por 42-39.

Na segunda parte, mais concretamente no 3º período, o equilíbrio manteve-se. Mudámos defensivamente para uma defesa à zona e conseguimos, por momentos, estancar a hemorragia de pontos que estávamos a sofrer e, com Micah Downs a assumir o ataque, o Sporting foi mantendo a distância de pontos que havia, entrando no último período com a possibilidade de sonhar com uma remontada. Puro engano! No quarto e último período, quebrámos fisicamente. Tentámos lutar, mas o cansaço de uma dura competição e as ausências importantes de Fields e Travante fizeram-se sentir, e de que maneira! Cakarun e, sobretudo, Subotic fizeram o que queriam da nossa defesa e fomos “goleados” em termos de ressaltos e assistências.

Destaques:
Micah Downs com 15 pontos e 4 ressaltos
Ellisor com 13 pontos e 5 ressaltos
Pedro Catarino com 11 pontos e 3 triplos

*quando o nosso Basquetebol entra na quadra, o Tigas dispara um petisco a saber a cesto de vitória sobre a sineta