Terminei o último post chamando a atenção para o muito exigente ciclo de jogos que iria ser concluído antes do post de hoje. «(…) Ou seja, em apenas 2 semanas, 5 jogos contra as outras 3 grandes equipas do Futebol Feminino em Portugal. Nada mau para contrabalançar os hiatos competitivos que vinham acontecendo desde Dezembro passado: é mesmo caso para dizer “não há fome que não dê em fartura”. ».
Não seria esta “carga” nada de muito anormal, se significasse apenas o fruto de um calendário que nos foi “padrasto”. Acontece que ou existem coincidências ou … apenas incidências: enquanto a meia final do Benfica contra o Famalicão para a Taça da Liga foi disputada no dia 27 de Janeiro de 2021, a outra meia-final da mesma competição, Sporting contra o Braga, apenas se jogou a 3 de Março. Porque não jogaram estas 2 equipas a 27 de Janeiro como as outras 2 (se o Braga apenas havia jogado a 20 de Janeiro com o Marítimo na Madeira e a 7 de Fevereiro em casa com o Torreense; e se o Sporting apenas jogara a 23 de Janeiro com o Torreense e a 6 de Fevereiro com o Albergaria)?
Assim, “empurrou-se” este Sporting vs Braga para um ciclo em que Sporting joga em 18 dias com Braga, Braga, Benfica, Benfica e Famalicão e o Braga jogou em 10 dias com Sporting, Sporting e Famalicão. Isto depois de termos assistido a uma 1ª Fase a 1 volta em que o Sporting fez 5 dos 9 jogos fora e, curiosamente 4 deles com as equipas que ficaram entre o 2º e o 5º lugar; claro que foram “coincidências” do sorteio … mas só possíveis graças à adoção de um formato competitivo aberrante, feito à medida da satisfação dos egos de uns quantos “clientes” de uma Federação que, muito solícita, desenha a sua anunciada redução do quadro competitivo de 14 para 10 equipas … começando por meter na Primeira Liga … 20 Equipas!!!
Este princípio de “engordar” primeiro para depois “fazer dieta”, contraria toda a regra de bom senso para gerar aumento da qualidade e da sustentabilidade da competição e cria distorções por si só muito pouco leais como a não contabilização, total ou parcial, dos pontos da 1ª Fase para as 8 equipas que disputam a Série de Apuramento de Campeã (repare-se no absurdo: neste momento basta o Benfica empatar com o Sporting e ganhar os outros jogos e o Sporting empatar o jogo que lhe falta com o Braga e ganhar os outros e o Carnide de Baixo será campeão fazendo mais 1 ponto nos 14 jogos da série de apuramento de Campeão e menos 2 pontos na totalidade dos 23 jogos da competição, com a particularidade de ter perdido 2 vezes EM SUA CASA para o rival direto, que, por sua vez faz, os 23 jogos da competição sem derrotas e tendo de jogar 12 vezes fora e 11 em casa, enquanto o Benfica fará 12 jogos e casa e 11 fora; MUITO JUSTO, NÃO É?).
São estes “complicómetros” que enviesam a verdade desportiva à partida. Como se não bastassem esses, há ainda os outros “desequilibradores”: arbitragens tendenciosas sempre a prejudicar os mesmos ou de decisões federativas que contrariam outras que igual Conselho Federativo (o de Disciplina) assume no Futebol Masculino (ao contrário do propalado princípio da “doutrina do campo de jogo” aplicado a Palhinha, mesmo com o mea culpa do árbitro, o mesmo CD despenalizou um 2º amarelo à benfiquista Carole Costa, que originou expulsão e deveria implicar o mínimo de 1 jogo de suspensão; aí não valeu a tão “douta” “doutrina”). Mas mesmo sendo imensos os escolhos que colocam à nossa caminhada, o FACTO é que a mesma se vai cumprindo com sucesso. Daí eu ter escolhido como título deste post “Transformar o Cabo das Tormentas em Cabo da Boa Esperança”.
A tal sequência terrível que parecia ter sido desenhada à medida para nos afastar do sucesso (com os jogos para o campeonato contra os 3 diretos competidores em 3 jornadas consecutivas e intercaladas com outros 2 jogos contra os outros 2 “recentes históricos” do FF) pôs à prova a qualidade e a fibra das nossas meninas. E, mesmo com a derrota na final da Taça da Liga, a realidade é que obtivemos 4 vitórias em 5 desses jogos com dificuldade máxima. Já tínhamos feito a análise dos 3 primeiros jogos (2 contra o Braga e 1 no Seixal contra o Benfica) que resultaram em 3 vitórias. Falemos agora dos últimos 2.
O jogo da final da Taça da Liga na passada 4ª Feira não poderia ter começado pior para as leoas que tiveram uma entrada desastrada na partida. A Susana Cova, relativamente ao 11 usado no Seixal, apenas mudou a Ana Capeta pela Carolina Mendes. A Filipa Patão procedeu a 2 alterações: na esquerda da defesa trocou a Matilde Fidalgo pela Lúcia Alves e na posição de construção atacante a Marta Cyntra pela jovem Francisca Nazareth. E foi esta última alteração, na minha opinião, que surpreendeu as leoas que contavam com o uso das alas/extremas a alternarem o jogo exterior com inflexões para o interior e com as mudanças posicionais entre as 3 jogadoras da frente. A contar com esse tipo de movimentos, a Suzana Cova coloca a Andreia Jacinto a trinco a lado da tatiana pinto e a Fátima Pinto mais à frente. Mas a Francisca Nazareth é uma jogadora muito mais “vertical” que a Cyntra, menos de ter sempre a bola no pé e mais de assumir passes de rutura definindo muito bem os seus momentos. E a Andreia Jacinto não está talhada para tarefas defensivas mais recuadas.
O primeiro golo nasce mesmo, logo aos 4 minutos, de uma recuperação de bola da Francisca Nazareth sobre a Andreia (que está a receber a bola em zona recuada como se estivesse na sua normal posição de construção ofensiva … de costas para a baliza adversária, o que, nesta zona, significa …. de frente para a sua baliza e dando as costas à avançada que faz pressão alta). A agravar a situação, a Tatiana Pinto não estava a dar-lhe apoio (esteve sempre numa “posição oito” em vez de dupla pivot defensiva) e a Bruna Costa tardou um pouco a reagir à perda de bola da colega, permitindo o remate da Francisca a que Inês Pereira corresponde com uma grande defesa mas, para completar a “desgraça” não contou com o apoio da Nevena, também ela um pouco lenta de reação e a permitir a recarga da canadiana Chloé Lacasse, que por muito pouco a Inês não defendia também. Este “equívoco” tático proporcionou uma sucessão de ocasiões de perigo às jogadoras encarnadas e aos 12 minutos, numa jogada ainda inofensiva em que a Francisca Nazareth faz um movimento à entrada da área leonina mas paralelo à linha final a árbitra Sandra Bastos decide ser protagonista e assinala grande penalidade por suposta falta de Ana Borges que me pareceu apenas ter ganho a frente da Francisca quando ela adiantou ligeiramente a bola. O certo é que o penalty foi assinalado e a brasileira Nycole Raysla “não vacilou”, pese embora a estirada da Inês Pereira que adivinhou o lado mas a bola ia muito chegada ao poste.
Aos 15 minutos, Sandra Bastos mostra o primeiro amarelo do jogo a Nevena Damjanovic que nem sequer toca na adversária (a ter havido toque teria sido da Tatiana Pinto e nunca para amarelo). Depois a Sandra Bastos parece ter perdido por completo o controlo do jogo. Tão depressa fechava os olhos a entradas durinhas da Ucheide e da Raysla como, aos 23 minutos, pune com amarelo uma falta bem menos dura da Beatriz Cameirão. E, passados 10 minutos, mostra segundo amarelo a esta jogadora em falta que seria claramente para vermelho direto. Nessa fase o Sporting já começara a equilibrar o jogo, fruto de passar a Andreia para zonas de construção ofensiva (8, 10) a Tatiana para 6 e a Fátima para (6, 8). Após a expulsão essa tendência passa a domínio leonino.
Na segunda parte esse domínio foi acentuado e, aos 52 minutos a Bruna Costa, reduz a expressão do marcador com um belo golo de cabeça. Daí até ao fim foi ver as encarnadas acantonadas no “seu” primeiro terço de terreno, defendendo com duas linhas de 5 e a despachar bolas para o meio campo adversário. A Ucheide continuava a distribuir “mimos” às suas adversárias sem que fosse admoestada disciplinarmente. E, por volta dos 85 minutos a Silvia Rebelo faz uma falta dentro da área sobre a Ana Borges que só não é papel químico da que originou o penalty contra nós na primeira parte porque, ao contrário dessa “falta” da Ana Borges, esta é bem no interior da área e em movimento para a baliza e não para a linha lateral. CLARÍSSIMA DUALIDADE DE CRITÉRIOS. Com possível influência no resultado. De qualquer modo, mais uma vez, no cômputo final do jogo, o Benfica não foi superior ao Sporting. E ficou a clara sensação de que poderíamos ter obtido outro resultado.
Já no domingo, esperava-nos mais um duro teste. Após aquele amargo de boca com o rival histórico, iríamos a Vila Nova de Famalicão enfrentar uma equipa fortemente moralizada por uma categórica vitória sobre o seu “vizinho” Braga, na casa deste, por expressivos 1-4 que só pecam por escassos (enorme jogo das 3 jogadoras que “referenciei” para a nossa equipa: a central Gi Santos, autora do primeiro golo; a ponta de lança todo-o-terreno Vitória Almeida que apontou mais 2 golos – ambos de penalty – e já leva 22 em 20 jogos; e a irrequieta extrema Mylene Freitas que marcou o último golo, a coroar uma exibição de se lhe tirar o chapéu. Contra o Famalicão a Suzana Cova, faria algumas alterações: fez alinhar a Rita Fontemanha “ao lado” da Tatiana Pinto, deixando no banco a Andreia Jacinto, colocou a Carolina Mendes de início no lugar da Ana Capeta e a Marta Ferreira na ala esquerda, em vez da aniversariante Raquel Fernandes.
A verdade é que, durante a primeira parte, embora não causando grande perigo, o Sporting com este esquema também soube manietar os pontos fortes do Famalicão (cujo treinador, João Marques, não pôde contar com a extremo Mylena Freitas). E é já na segunda parte, quando o Sporting começa a evidenciar ascendente face à quebra física de algumas das jogadoras mais influentes do Famalicão, que Suzana Cova decide aplicar a “machadada” no jogo, operando, ao minuto 65, uma dupla substituição tirando a Rita Fontemanha (ótimo jogo, mas já desgastada) e a Marat Ferreira (voluntariosa, mas, naquela posição, era peixe fora de água) por Andreia Jacinto (que até nem entrou bem mas não demorou muito mais de 5 minutos para começar a espalhar o perfume do seu futebol) e Raquel Fernandes (que deu logo outra dinâmica à ala esquerda). Aos 82 minutos retiraria a fatigada Carolina Mendes pela “arma que já deixou de ser secreta” Ana Capeta. E o jogo ficaria decidido bem perto do fim, quando, dando sequência a um livre “teleguiado de Joana Marchão, a Raquel Fernandes penteia a bola de cabeça desviando-a da guarda redes Rute Costa e colocando a cereja no topo do seu bolo de 30º aniversário. Triunfo difícil mas merecido.
Uma palavra final para duas verdadeiras pérolas da equipa famalicense: Maria Miller e Maria Negrão, ambas ainda com apenas 17 anos mas já com uma enorme qualidade técnica e tática. Vão ser 2 casos sérios do FF em Portugal; os parabéns à formação do SC Porto e do Castêlo da Maia, 2 pequenos Clubes que cuidam bem do FF e ao scouting do Famalicão (em menos de um ano de trabalho na modalidade, estão a construir uma equipa mesmo muito interessante).
* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!
23 Março, 2021 at 18:49
As nossas meninas têm demonstrado garra, resiliência, abnegacao- muito bem.
Continuo a considerar que há uma peça no meio que emperra muito jogo (ter outra central que permitisse subir a Nevena…) e que nao nos dá a fluidez que podemos ter. Mas temos raça, estamos na luta!
SL
23 Março, 2021 at 20:35
Vem um jogo fácil, que sirva também para uma boa exibição e melhorar os golos marcados…
23 Março, 2021 at 21:10
Sim. O próximo jogo é teoricamente acessível, contra o Torreense que desiludiu as expetativas. Treinado por Nuno Cristóvão e com 9 estrangeiras (agora 8) ia surpreendendo o Benfica no jogo da Série Sul da 1ª fase (resultado de 3-4 com 3-2 a 1 minuto dos 90 e 2 golos das encarnadas nos instantes finais). Foi o tal jogo em que jogou pelo Ass-hole-B a Carole Costa após despenalização PELO C.D. (o mesmo que, para o Palhinha, afirma que não pode contrariar a “doutrina do campo de jogo” e anular uma decisão do árbitro – mesmo que este reconheça que errou – e, por isso, tem de aplicar sanção ao 5º amarelo) de um 2º amarelo que a jogadora vira no jogo anterior. A Carole Costa foi a autora do 3º golo encarnado em Torres.
A partir desse jogo o Torreense, penou para conseguir, in extremis, o apuramento para a série de apuramento de campeão e, nesta, tem sido o bombo da festa, com 7 derrotas e 1 empate, nos 8 jogos disputados.
Mas, de qualquer modo, temos de ir para o jogo com a atitude certa, sem esperar que o resultado aconteça por “geração espontânea”.
Um abraço e saudações leoninas
23 Março, 2021 at 21:06
Realmente “Transformar o Cabo das Tormentas em Cabo da Boa Esperança” é o título adequado.
Cum canário. Se não é aqui explicado nem me apercebia.
23 Março, 2021 at 22:02
Desta vez tenho de discordar de ti, Álvaro! Nos 3 casos!
Quanto à época, já se sabia que a coisa ia ser assim.
É óbvio que os resultados da 1ª fase NUNCA poderiam contar por ser só a uma volta e isso poder penalizar algumas equipas – como nós aqui assinalámos por jogarmos fora contra as galinhas!
Felizmente ganhámos mas, sejamos honestos, à partida ninguém estava à espera do nosso domínio absoluto nessa fase.
Portanto, nesta altura trazer esse tema à discussão parece-me sem sentido.
O campeonato é esta fase. O resto temos de ver como o apuramento das equipas para esta fase.
Se me disseres que todo o planeamento desta época roça o ridículo, isso já é outro assunto, ainda que concorde contigo, como sabes.
O jogo da final da Taça da Liga teve um justo vencedor, muito por nossa culpa! Há grande demérito da nossa parte, e algum mérito do Benfic@. Essa é a verdade, para mim. Não concordo nada com a tua visão do jogo.
O nosso futebol foi deprimente.
Enquanto tiveram 11 jogadoras, o Benfic@ dominou COMPLETAMENTE o jogo, muito por culpa da excelente exibição da Kika que a nossa treinadora NUNCA conseguiu anular. A Kika ganhou o jogo praticamente sozinha e quando isso acontece há grande demérito da outra equipa, nomeadamente da treinadora, que não teve arte para contrariar isso.
O penalti cometido pela Ana Borges é claro.
Muito mais claro que o penalti que pedes para a nossa equipa.
A taça, infelizmente, ficou bem entregue.
Só uma coisa serve para despenalizar um pouco a Cova: o facto de o plantel que lhe deram ser altamente desequilibrado e sem grandes soluções para lá daquelas que normalmente jogam.
O jogo em Famalicão foi muito fraco, novamente.
Tivemos a sorte de não jogar a Mylena, que é quem mais desequilibra da parte delas.
A nossa primeira oportunidade surge para lá dos 80 minutos, pouco antes do nosso golo e depois do Famalicão ter mandado uma bola ao poste.
Marcámos um golo de bola parada, com grande demérito defensivo do Famalicão.
Foi um jogo ganho com sorte, numa exibição fraca.
Tatiana, Andreia, Fátima, Ana Borges e Raquel, que são estão 5 das 7 ou 8 boas jogadoras que temos, estão em muito má forma. E isso nota-se na equipa – basta a Ana Borges não estar em forma que já se nota no futebol da equipa!
Bem a Cova a tirar a Andreia e a Raquel da equipa inicial. A Fontemanha deu uma ajuda preciosa no meio campo – não percebo porque raio joga tão pouco! – mas a Marta foi completamente inofensiva no ataque, ainda que tenha ajudado mais do que a Raquel a defender.
Agora, é bom que o resto do campeonato até chegarmos às duas jornadas finais seja um passeio. Não estou certo que seja, com a equipa a jogar tão pouco.
Espero que a equipa melhore e chegue a essas 2 jornadas finais, onde se vai definir o campeão, em boa forma.
Até agora temos tido bons resultados, com um futebol muito pobre. Não fosse o roubo que sofremos em casa com o Famalicão e tínhamos só vitórias e 3 pontos de avanço às galinhas.
Benfic@ está na luta.
Braga precisa ganhar os 2 jogos ao Benfic@ e ao Famalicão para estar na luta.
Famalicão precisa ganhar ao Benfic@ e ao Braga para estar na luta.
Portanto, o Benfic@ tem 4 jogos de grau de dificuldade elevado. Nós só temos 2.
24 Março, 2021 at 0:37
Quanto ao primeiro ponto:
«(…) Portanto, nesta altura trazer esse tema à discussão parece-me sem sentido.(…)» Se lhe parece sem sentido nem percebo porque o “discutiu”-
Quanto ao jogo de Leiria, de acordo com a apreciação do início (primeiros 20 a 25 minutos); depois disso o Benfica não tem praticamente um momento de domínio. A expulsão é aos 34 minutos da primeira parte e, antes dela, já várias jogadoras do Benfica andava há 10 minutos a recorrer á distribuição de paulada (Cameirão, Carole, Sílvia, Raysla e, sobretudo, Ucheide); claro indício de que perdiam o efeito surpresa inicial e, com isso, o controlo emocional do jogo. Após a expulsão (que, volto a frisar foi aso 34 minutos) devem ter passado do seu meio campo com a bola controlada uma meia uma meia dúzia de vezes. Na segunda parte, e principalmente após o golo da bruna foi confrangedor. Quanto aos lances da Ana Borges, já os revi dezenas de vezes e qualquer dele s ou é falta ou não é falta; porque são gémeos idênticos; a Kika conduz a bola e a Ana Coloca o seu corpo entre esta e a jogadora encarnada ganhando posição; poder-se-á argumentar que não colocou todo o corpo e, por isso, a posição não estaria ganha e a “cobertura” com a perna equivaleria a uma rasteira (aceito qualquer das interpretações). Mas o lance da Sílvia Rebelo é exatamente igual ao da Ana Borges e parece que teve a outra interpretação; a Sílvia não toca na bola, coloca a perna à frente da Ana evitando que esta continuasse a progredir com bola.
Sobre o jogo, claro que posso dizer, que o Benfica fez o que lhe competia porque estava a ganhar e a jogar com menos uma jogadora desde os 34 minutos. Mas esse “que lhe competia” foi juntar atrás 2 linhas defensivas de 5 + 4 e, quando ganhava a bola despejar chutão para o meio-campo adversário onde não tinham ninguém. Sofreu um golo, teve uma bola no poste e não lhe foi assinalado um lance igual ao que lhe beneficiou no segundo golo.
Quanto ao jogo de Famalicão, temos uma visão diferente sobre o que é um bom jogo de Futebol. Para mim, este não tem de ser necessariamente repleto de oportunidades e de lances espetaculares. O rigor tático, a interpretação individual e coletiva dos momentos do jogo, o ajustamento e anulação do jogo adversário e as alterações estratégicas para gerar desequilíbrios são elementos que também podem induzir um excelente jogo de Futebol. E, sinceramente, acho que o jogo deste domingo serviria para calar muito chauvinista que deprecia as qualidades das mulheres no Futebol no que à riqueza tática diz respeito. Com a vantagem de a Suzana Cova ter delineado e executado bem a sua estratégia de jogo, primeiro anulando os pontos fortes das adversárias, depois desgastando-as física e emocionalmente, finalmente, escolhendo certeiramente o momento para assumir o domínio territorial do jogo (com as entradas da Andreia e da Raquel e, mais tarde da Capeta) que serviram para também “soltar mais” a Joana Marchão e a Ana Borges. O jogo foi um tratado tático e estratégico de ambas as equipas, que o Sporting resolveu (quando já estava claramente por cima) num lance de bola parada.
SL
24 Março, 2021 at 5:57
Grande Álvaro. Vi o jogo e disseste tudo.
24 Março, 2021 at 10:23
Não discuti, Álvaro. Dei os argumentos para a minha opinião.
O Benfic@ dá sempre pau. Porquê? Porque pode!
Não deu pau a partir do momento que falas. Já dava pau antes… Porque, como disse, sabe que pode jogar assim e assim tira a possibilidade do Sporting jogar mais.
A partir do momento em que tem 10, e está a ganhar 2-0, sim, remete-se à defesa. Não faríamos o mesmo? Claro que faríamos! Obviamente, deixou de dominar. Eu não disse que dominaram o jogo todo. Disse que, no geral do jogo todo, foram a melhor equipa. Enquanto tiveram 11 estiveram por cima do jogo e quando tiveram 10 souberam defender. Mas, também disse, que houve grande demérito do Sporting, portanto, nós deixámos que o Benfic@ fosse melhor.
Jogámos 1 hora com mais uma jogadora e o futebol apresentado foi fraco. Diria até deprimente – para o adepto que gosta do Sporting e do FF! Tínhamos obrigação de fazer MUITO mais! E não fizemos!
Os penaltis, mantenho a opinião. Não disse que o sobre a Ana Borges não é penalti. Disse que é mais claro o feito pela Ana Borges, que a mim não oferece duvidas – não cego por ser contra nós! – e é penalti em qualquer planeta onde se jogue futebol.
Como dizes, e resumindo, o Benfic@ fez o que lhe competia e nós não, logo foram justos vencedores. E não perdemos pela arbitragem porque elas têm uma jogadora expulsa na 1ª parte e nós temos muito tempo para, pelo menos, empatar. E até pensei que íamos conseguir, pela altura em que se fez o nosso golo. Mas jogámos mal, muito mal. E a treinadora esteve sempre a ler mal o jogo! Esta derrota tem muito o dedo dela!
Em Famalicão foi um mau jogo de futebol. Não porque houve poucas oportunidades – não disse isso em lado nenhum – mas porque as equipas jogaram pouco, especialmente a nossa.
Agora, esta é SÓ A MINHA OPINIÃO. Admito que haja pessoas que acharam um bom jogo. É uma questão de exigência, talvez. A nossa equipa do 1º e do 2º ano jogava 10 vezes mais à bola. Não tem nada a ver. E muitas das jogadoras são as mesmas. Nunca vi a Tatiana, a Fátima, a Ana Borges, ou até a Capeta, a jogar tão pouco. A única jogadora que evoluiu nestes 4 anos foi a Marchão que, não só joga melhor, como é muito mais consistente. O resto estagnou. E com algumas em má forma, o que dão à equipa é muito menos do que davam normalmente.
Mas, volto a dizer, é a minha opinião. Para mim, até podem ser campeãs, e espero que sejam, mas esta equipa joga nem metade do que jogavam as 2 equipas campeãs – 2 primeiros anos. Essas davam gosto ver. Esta não dá! As miúdas dão tudo – nada a apontar nesse aspecto – mas nota-se que o tudo que têm para dar é muito menos do que nessas 2 épocas. Portanto, o problema não está nas jogadoras mas sim noutro lado. E é mais abrangente, na minha opinião. O plantel é fraco. Começa logo aí. Cada ano que passa, o plantel fica mais fraco. Depois não sei se é da treinadora ou não. Agora, a forma física de quase todas elas é muito fraca. Correm menos que as adversárias, são mais lentas que as adversárias, perdem grande parte dos duelos, raramente se vê quer a Ana Borges, quer a Raquel, a arrancarem e irem embora das adversárias, o que acontecia n vezes por jogo… Lembro o jogo da 1ª fase, em que ganhámos 3-0 no Seixal, em que as laterais do Benfic@ se viram aflitas para as parar – deviam ter sido expulsas as duas tal a quantidade de pau que deram! Em nenhum dos 5 jogos que fizemos agora – 2x Braga, 2x Benfic@ e 1x Famalicão – se viu qualquer delas passar a adversária como faziam antes.
A Cova esteve melhor que o treinador adversário, que é um treinador mediano, mas essa cena do “tratado táctico” é um exagero. Chegamos à parte final do jogo com 3 oportunidades para elas – 2 grandes defesas da Inês e 1 bola no poste – e 1 para nós – 1 remate ao lado! Fosse ao contrário estavas aqui a dizer exactamente o contrário do que dizes… O nosso golo nasce depois de uma bola parada e numa abordagem defensiva absolutamente patética, onde a Raquel nem precisou saltar e “penteou” a bola absolutamente à vontade, que entrou no meio da baliza. Quer dizer, um golo que, em alta competição, roça o ridículo. Um golo de sorte e com muito demérito do Famalicão.
Dizer que o Sporting estava “claramente por cima” quando o Famalicão tem 2 flagrantes oportunidades – 1 bola no poste e 1 grande defesa da Inês – e no meio delas nós temos a nossa única oportunidade é, mais uma vez, um claro exagero.
Mas, pronto, temos visões diferentes, neste aspecto…
O engraçado disto é que eu tenho dito que:
a) no 1º ano montámos um grande plantel,
b) no 2º ano não melhorámos o plantel e o sucesso chegou muito à conta do trabalho do 1º ano,
c) no 3º ano voltámos a cometer erros no plantel – e já nos custou o campeonato,
d) no 4º ano o plantel perdeu bastante qualidade
e) e este ano, o 5º, voltou a perder bastante qualidade
O que nos safa é que quer Benfic@, quer Braga, também perderam muita qualidade – o Benfic@ com a agravante de ter tido muitas jogadoras importantes lesionadas muito tempo.
Portanto, o nível baixou em todas as equipas – não é só um problema do Sporting! – e o futebol jogado reflecte isso mesmo. Hoje não se vê jogos da qualidade do que eram os jogos entre Braga e Sporting nas 3 primeiras épocas. Estamos muito longe disso. E nem falo no quanto deprimente é ver jogos com o Condeixa ou o Torreense… Qualquer equipa juvenil masculina das fases finais joga mais que essas equipas. Mas com o mal dos outros eu posso bem. Custa-me é ver o Sporting entrar neste marasmo… E nem estou a exigir que se jogue como as equipas da WCL. Basta comparar com os 2 primeiros anos e já se vê uma diferença evidente para pior. E é isso que me preocupa.
O FF não vai evoluir assim pela óbvia razão que assim não vai atrair espectadores. E sem espectadores não haverá evolução porque os clubes não vão querer investir mais. Hoje só os maluquinhos do FF assistem aos jogos.
24 Março, 2021 at 12:26
Para o jogo da final da Taça da Liga, penso que ficou por referir a, digamos, falta de sorte que tivemos nos minutos finais (ou seja: a oferta da Ana Borges à Andreia Jacinto [*] que esta desperdiça; a Carolina Mendes a rematar ao ferro). Já agora, se tivéssemos chegado ao 2-2, tinha-se seguido prolongamento ou “penalties”? (devem até ter comentado isso durante a transmissão, mas como eu vi em “mute”…) – é que fiquei sem perceber muito bem a dimensão daquilo que deixámos fugir (com prolongamento, e em vantagem numérica, provavelmente acabávamos por ganhar; mas já se passasse logo para “penalties”, ficaria pelo “fifty-fifty”)
[*] e ainda, em jeito de fait divers: ok, ela chama-se Andreia de Jesus Jacinto, mas era mesmo preciso ter ANDREIA JJ na camisola?
24 Março, 2021 at 13:46
Parece que existe mais alguém que viu o jogo como eu.
Obrigado pelo comentário, caro Frusciante.
Apareça sempre.
Um abraço e saudações leoninas
24 Março, 2021 at 17:45
🙂
Levas sempre isto para o pessoal, quando a opinião não é igual à tua – o que até é raro aqui no FF!
Não sei onde tiras deste comentário do Frusciante que viu o mesmo jogo que tu.
Numa hora de jogo a jogar com 1 jogadora a mais tiveste um golo e duas oportunidades flagrantes de golo. Numa hora a jogar em superioridade numérica! Isto está dentro do “não fizemos a nossa parte”! Tinhas de ter conseguido 3 ou 4 vezes as oportunidades que tiveste e não tiveste!
Para ti isto é sinal que massacrámos?
Para mim é pouco. Só isso!
Mas, volto a dizer, é só uma opinião. Não é nada contra ti e muito menos a verdade universal!
É evidente que se tivéssemos empatado e forcássemos o prolongamento, o normal era acabarmos por ganhar, especialmente porque a Patão tinha esgotado as substituições só para defender – só teria a normal substituição extra do prolongamento mas ninguém para meter no ataque que fizesse a diferença.
24 Março, 2021 at 18:12
O Miguel está bastante equivocado.
Respondi ao comentário do Frusciante que, como eu, achou que o resultado não foi o mais justo e poderíamos ter tirado algo mais deste jogo,
Também poderia (até com mais motivo) feito idêntico comentário em resposta ao comentário do
«Diogo Carvalho
24 Março, 2021 at 5:57
Grande Álvaro. Vi o jogo e disseste tudo.»
Se o tivesse feito, mais uma vez, tal não significaria qualquer resposta a outra opinião contrária à minha, mas tão somente uma resposta ao comentário do Diogo.
Aliás, à opinião do Miguel eu já havia respondido e até achei por bem não responder à sua “contra resposta”, exatamente para não achar que eu não convivo bem com opinião que não coincida com a minha.
Para que fique bem claro, posso discordar da opinião do Miguel mas nunca discordarei do direito a que tenha uma opinião diferente.
Um abraço e saudações leoninas
24 Março, 2021 at 22:18
Ok!
SL
29 Março, 2021 at 14:22
Às vezes os jogos decidem-se em detalhes e este da Taça da Liga decidiu-se num lance que acabou por influenciar todo o jogo — o primeiro golo do Benfica. É fácil apontar esse golo como um erro da Andreia Jacinto e ela deve ter feito isso mesmo a si própria: porque tem 18 anos, porque era a sua primeira final como sénior e porque a partir daí nunca mais se conseguiu encontrar. No entanto esse erro começa com um passe apertado da Nevena Damjanovic, continua com um passe in-extremis e demasiado largo da Fátima Pinto, que finalmente provoca a má receção da Andreia. Depois dá-se a reação rápida da Francisca Nazareth e lenta de toda a defesa do Sporting. A forma como foi sofrido esse golo fez tremer toda a equipa, que só se conseguiu recompor depois da expulsão.
Olhar para o meio campo do Sporting esta época e apontar quem está a trinco ou a médio é bastante complciado, porque esta equipa joga num processo dinâmico em que nenhuma jogadora tem uma posição fixa. Aparentemente parece um simples 4-3-3, com um triângulo invertido no meio campo, semelhante ao usado por Nuno Cristóvão, mas isso é uma ilusão.
No processo de construção isto transforma-se quase num 3-4-3 ou 3-4-1-2, consoante está a Ana Capeta ou Carolina Mendes na frente, respetivamente (mas mesmo aí com algumas nuances). A média que estiver mais atrás no início vem receber a bola entre as centrais, que se afastam quase até às linhas laterais. As laterais estão sempre bem subidas, em linha com as duas médias que estiverem na suposta base superior do triângulo e as alas fazem movimentos para dentro ou para a linha, tentando desmarcar-se ou arrastar a lateral adversária desse lado para abrir espaço para a subida, normalmente em tabela, das nossas laterais.
Isto é semelhante a um 3-4-3 clássico mas com uma diferença muito importante: as duas médias da frente estão sempre em movimento, quer para receber a bola, quer para arrastar a marcação permitindo a progressão da média que está atrás e, quando isso acontece, dá-se a magia neste meio campo. É nesse momento que a média livre da frente recua para ocupar o espaço deixado pela que estava mais recuada e todo o meio campo rodou. Equanto que no segundo ano de Nuno Cristóvão tínhamos quase sempre a Baldwin atrás, a Fátima (ou a Sharon, até se lesionar) à esquerda e a Tatiana à direita, no triângulo do meio campo de Susana Cova não há posições fixas e todas podem ocupar qualquer dos vértices. É mais fácil perceber isto com equipas que não façam tanta pressão, mas mesmo com as outras grandes elas tentam fazer o mesmo — apenas é mais difícil de ver, devido à necessidade de evitar interceções no meio campo defensivo.
Já a defender a equipa coloca-se mais como o simples 4-3-3, mas como acontece pouco durante o ano as rotinas não são tão evidentes.