Noite de azia para os Leões: o Sporting jogou o suficiente para ganhar em Moreira de Cónegos, mas entre golos anulados ao centímetro e erros na gestão do jogo a partir do banco, acabou por perder dois pontos em cima dos 90

paulinho-moreirense

Não há como dizê-lo de outra forma: que azia do caray! E, fruto dessa azia, a noite terminou com vários adeptos a entrar numa espécie de estado de pânico, como se a equipa tivesse vindo por aí a baixo e tivesse enterrado todas as esperanças em conquistar o campeonato que há tanto tempo foge. Um exagero, obviamente, sendo esta a altura de dizer-vos que continuo a aceditar neste grupo de jogadores e treinadores como acreditava antes deste jogo, em que tínhamos dez em vez de oito pontos de avanço sobre o segundo classificado.

Curiosamente, este nem foi daqueles jogos em que me irritou o andarmos a congelar a partida e a apostar tudo na mestria da defesa para segurar um resultado magro. O Sporting até demorou a entrar na partida, viu o Moreirense criar a primeira situação de golo, num ataque à profundidade que isolou Rafael Martins para o único remate de perigo dos cónegos até o outro que daria o empate, aos 89, mas viria a agarrar completamente os acontecimentos a partir do momento em que o 3-5-2, com Bragança a juntar-se a Palhinha e João Mário no miolo (embora com liberdade para deambular por várias zonas, tal como João Mário aparecia como falso extremo esquerdo, nomeadamente nas saídas de bola adversárias), estabilizou.

E seria da canhota de Bragança (o pormenor de levantar a cabeça antes de centrar é delicioso) que sairia o cruzamento para o golo de Paulinho: cabeçada para defesa de reflexos e recarga para o fundo na rede. O avançado estreava-se a marcar pelo Sporting e colocava a equipa na frente, deixando o Moreirense sem antídoto para contrariar o enorme jogo de João Mário, os importantes envolvimentos de Paulinho na construção e as subidas de Porro e de Nuno Mendes, ainda mais ofensivos neste desenho tático sem extremos de raiz. A única arma dos Cónegos naquele momento era o uso da força, e foi assim que, numa entrada onde nem cartão existiu, Nuno Mendes foi colocado fora de combate. Entrou Matheus Reis, que como boas vindas recebeu tratamento igual, com a sorte de não ter que ser substituído.

E quando o jogo caminhava para o intervalo, Paulinho atacou a profundidade e marcou um belíssimo golo, entretanto anulado pelo facto de Pedro Gonçalves participar na jogada em posição irregular. Podia ter acabado aí a partida, tal como podia ter terminado após o reatamento, quando Peter voltou a ser Potter e meteu a bola toda lá dentro. Mas como se de um conruso de magia se tratasse, o VAR quis levar o prémio para casa e conseguiu dizer ao árbitro que o jogador do Sporting estava dois(!!!) centímetros fora de jogo, quando na imagem que serve de referência nem se consegue ver o pé do jogador do Moreirense mais recuado. Fantástico!

Por esta altura, Amorim já tinha trocado Bragança por Tiago Tomás e o futebol é curioso també, por isto: se o golo de Potter tivesse contado, jamais se questionaria o que a equipa foi perdendo com essa troca, muito menos se apontaria, com apropósito, o fraquíssimo rendimento do camisola 28 ao longo da partida de ontem, um pouco no seguimento de um claro momento de menor fulgor notado noutras partidas. Mas pode questionar-se o porquê de jogadores como Jovane ou Nuno Santos não foram lançados, numa altura em que o Moreirense ia ter que arriscar e o Sporting já havia mostrado chegar facilmente ao último terço. Paulinho chegou atrasado ao cruzamento de Tiago Tomás, Matheus Reis falhou o último passe para TT, Fedal fez cócegas ao poste com uma cabeçada que fez muitos gritar golo.

Acabou por entrar Matheus Nunes, cartada para segurar um resultado frente a um Moreirense cheio de vontade, mas sem arte para agitar a defesa leonina. Até que, aos 89 minutos, um tal de Walterson apanha uma bola na quina da área e com todo o tempo do mundo ensaia um daqueles remates que termina num dos golos da sua vida. No início da jogada, muitas dúvidas sobre a posição de Conté, mas quem sou eu para duvidar de um VAR que analisa ao centímetro, certo?

Não há como dizê-lo de outra forma: que azia do caray! E, fruto dessa azia, a noite terminou com vários adeptos a entrar numa espécie de estado de pânico, como se a equipa tivesse vindo por aí a baixo e tivesse enterrado todas as esperanças em conquistar o campeonato que há tanto tempo foge. Um exagero, obviamente, sendo esta a altura de dizer-vos que continuo a aceditar neste grupo de jogadores e treinadores como acreditava antes deste jogo, em que tínhamos dez em vez de oito pontos de avanço sobre o segundo classificado. E quem achava que isto ia ser sempre de três em três sempre a somar, é bom que se prepare para nove jornadas para corações fortes e personalidades ainda maiores.

Breathe the pressure
Come play my game, I’ll test ya
Psychosomatic, addict, insane
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