O Sporting evitou a primeira derrota em cima do apito final, mas os últimos cinco jogos mostram uma equipa a precisar de um abanão para o que falta do campeonato
Sentimentos contraditórios. Se resumisse o que o jogo de ontem me despertou, seriam essas duas palavras que utilizaria.
Entre o irritado e o aliviado, entre o crente e o desconfiado, entre a vontade de questionar e apontar dedos e a noção de que aqueles a quem os aponto serão os mesmos que nos trouxeram até aqui. A juntar a tudo isto, um jogo que entra para o top três daqueles em que o Sporting mais caudal ofensivo teve e que esteve prestes a tornar-se na primeira derrota consentida no campeonato.
Tiago Tomás regressou ao onze, relegando Bragança para o banco, na tentativa de dar maior poder de fogo e mais profundidade à equipa. E já que falamos em TT, não consigo deixar de pensar que a sua confiança em frente à baliza vem a decrescer desde que foi atirado para o banco por uma questão de estatuto. Não, não vou desancar Paulinho, mas numa noite de sentimentos contraditórios, não fui capaz de evitar lembrar-me da troca Montero-Barcos. Com as devidas diferenças, obviamente.
Efectivamente, o Sporting entrou agressivo e a pressionar alto, escolhendo quase sempre o flanco esquerdo para atacar, alicerçado nesse puto enorme que é Nuno Mendes que ainda antes dos dez minutos viu Paulinho desmarcar-se para a primeira situação de perigo. E andavam os Leões a empurrar os azuis lá para trás, quando Miguel Cardoso e apareceu na esquerda e iniciou um ataque à apatia e estranha má transição defensiva leonina (Palhinha claramente em perda há três ou quatro jogos). Na primeira ida à área do Sporting, o BeSad marcava e colocava o jogo como as equipas de Petit tanto gostam, prontinho ao estacionamento do autocarro de dois andares.
Lento e previsível (Pote parece um fantasma e quase nos esquecemos dele quando não dá uso ao fato de golo), com Palhinha e Porro alvos de marcação cerrada, o Sporting via-se obrigado a construir directamente pelos centrais. Sem presença na zona de finalização (Paulinho aparece mais como rei da tabelinha a meio campo do que na área), sobravam as bolas paradas, onde o Sporting deve ter feito o jogo onde mais lances desses ganhou, e as recuperações altas de bola, como aquela em que Palhinha foi por ali fora e TT não teve arte para finalizar, ou a grande finta de corpo de Paulinho para um remate bufa em arco.
Até que Peter Potter lá se libertou e meteu na corrida de Nuno Mendes, derrubado em falta na área. Penalti e enorme defesa de Kritciuk, mesmo em cima do intervalo.
Valente murro no estômago leonino, que tentou sacudir a juba trazendo Nuno Santos no lugar de Tiago Tomás, quando regressou do intervalo. Palhinha voltou a ganhar de cabeça e a atirar para as mãos do redes adversário, e como um mal nunca vem só, Adán teve um bloqueio cerebral e quando voltou ao mundo deixou a baliza aberta com a bola nos pés de Cassierra. 0-2 a 40 minutos do final da partida.
Antes de dar o lugar a Tábata, Porro cruzou para o mergulho de Paulinho e para mais uma bola a rondar o alvo. Palhinha e João Mário davam lugar a Bragança e a Jovane, depois Matheus Reis daria lugar ao seu homónimo de apelido Nunes e tudo isto terminaria com Coates a ponta de lança, Pote ao lado de Bragança e uma dupla de centrais formada por Inácio e Nuno Mendes, com Matheus Nunes e Nuno Santos como laterais fingidos.
O BeSad tinha onze gajos estacionados em frente à área, o Sporting carregava, mas com dez minutos para jogar era mais o coração do que a razão. Acontece que tem sido desse coração que esta equipa tem vivido muitas vezes, nomeadamente quando Coates é metido ao barulho e vai lá acima mostrar como se move um ponta de lança: grande cruzamento de Nuno Santos e grande cabeçada do capitão.
Faltavam sete minutos mais os descontos e tudo voltava a ser possível. Mesmo que de forma por vezes atabalhoada e sôfrega, o Sporting tentava e tentava e tentava e tanta tentativa acabou premiada com uma segunda oportunidade da marca de grande penalidade. Jovane arrancou e o Leão empatou, evitando a primeira derrota na Liga.
Faltam sete jornadas, para as quais os Sporting partirá com sete, seis ou quatro pontos de vantagem sobre o fcp, depois de quatro jogos onde desperdiçou metade dos pontos que podia conquistar. Motivo válido para muitas desconfianças, ou não estivessem os Sportinguistas repletos de cicatrizes, mas como nos cantava a Pat Benatar, o amor é um campo de batalha e, até ser possível, prefiro acreditar nesta rapaziada que, quando outros argumentos faltam, se agarra ao coração como faria qualquer Leão.
22 Abril, 2021 at 20:30
Em Portimão há um cepo que marca golos que se farta…pelo menos é o que dizem do Suíço, um cepo.
Bom mesmo deve ser o nosso Mr 16M.
22 Abril, 2021 at 22:38
Penalti descarado a favor do Porto que fica por marcar… 🙂
22 Abril, 2021 at 22:46
Eles não precisam. Ganham na mesma.
22 Abril, 2021 at 22:47
Mais uma vitória por 1 golo de diferença (é o que basta). 4 jogos, 12 pontos.
Em Alvalade, 4 jogos, 6 pontos.
Mas estamos à frente, dizem. Não há preocupação.
Em 4 jornadas, passámos de 10 para 4 pontos de diferença.
Mas estamos à frente, dizem. Não há preocupação.
22 Abril, 2021 at 23:58
“Nós escolhemos ir para a Lua! Nós escolhemos ir para a Lua… Nós escolhemos ir para a Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis; porque esse objetivo servirá para organizar e medir o melhor das nossas energias e habilidades, porque o desafio é um que estamos dispostos a aceitar, um que não estamos dispostos a adiar e um que temos a intenção de vencer, e os outros, também.” John F. Kennedy.
SL
23 Abril, 2021 at 1:56
Ontem os “whishful thinkers” diziam que podiamos estar a 7, a 6 ou a 4…
E hoje?
Ainda bem que o Paços só tem 44 pts…
Depois de Alcochete… o ram, e o seu fetiche paulinho foram a maior merda que nos aconteceu!
Z
23 Abril, 2021 at 3:02
Pontos eram dez
A somar de três em três
Já Paulinho e mais dez
“Faz as contas, logo vês”
Reis faz birra para sair do Rio Ave e é apresentado num lote de reforços de Inverno elogiados pelo carácter. Vem João Pereira da Turquia onde ainda jogava, mas parece que não calça é nunca. Um mercado de Inverno vem mexer, a pedido, mas
Mexer em equipa que ganha é desafiar a sorte e empatar não vale metade dos pontos; chegar a empatar como mal menor, em casa, com a bê sad, essa gangrena do futebol, com o que o parolo do seu treinador enunciou na antevisão, pedia uma goleada. Exigia.
Acontecesse o que acontecesse — e aconteceu — penálti falhado, vacilo do redes — não podíamos senão ter estado sempre a carregar como o Nuno Mendes. A jogar muito. O auge no fim de época, que jogo bom para sair lançado para o que resta da prova. Só que não.
Em esforço e ao fecho de um em um a somar não chega. Acreditamos sempre, mas também há que fazer por isso.
23 Abril, 2021 at 6:45
Teria dado um jeitão ter ganho estes 3 jogos que empatamos… estas ultimas 6 jornadas vão ser infernais!
4 de adversários próximos da linha de água (aflitos), e 2 adversários do top 4 da liga… que uma constelação inteira esteja connosco!!
23 Abril, 2021 at 17:04
Quantos treinadores tivemos nos últimos 19 anos?
Quantos Presidentes tivemos nos últimos 19 anos?
Quantos jogadores mal comprados tivemos nos últimos 19 anos?
É só fazer as contas como dizia um ilustríssimo 1 ministro.
E ainda tivemos um ataque bárbaro á nossa Academia, perpetuado por gente que se dizia de sportinguista.
Sou sócio há 44 anos, e passei por isto tudo. Já estou imune ao vírus que se apoderou deste clube. Este clube tem uma massa adepta maravilhosa.
Só que isto não chega. Temos de dar estabilidade a quem trabalha para este clube. Não podemos todos os anos ter uma palete de treinadores. Temos de ser exigentes com quem se submete ás eleições. Só assim podemos aspirar á conquista de títulos. Por muito que me custe dizer, não acredito na conquista do campeonato. Desde o Moreirense, que temos vindo a cair abruptamente. Os balanços fazem-se no final. Todos nós temos um pouco de treinador. Assim como os jogadores do Sporting têm de evoluir, também o nosso treinador tem de o fazer. Acho que temos um treinador de futuro, queiram os resultados o ditarem.
Temos este ano uma equipe mais equilibrada, mas ainda nos faltam alguns jogadores que desiquilibrem. Penso que estamos no rumo certo.