No dia em que se celebrava a revolução e com Coates como capitão de Abril ao volante de uma chaimite de bravos Leões, o Sporting foi a Braga vencer um jogo que disputou durante quase 80 minutos com um a menos, apitado por um dos árbitros que representa o regime podre do futebol português

Matheus-Nunes-braga

Se calhar, podemos começar pelo final: é destas vitórias que se fazem campeões. Assim mesmo, à bruta, só para saberes que depois de um jogo como o de ontem foi precisamente esta a mensagem que este grupo nos deixou, numa das partidas mais fáceis de serem transformadas em crónica, muito por culpa de um tal de Soares Dias que, coisa de família, entrou em campo decidido a dar continuidade às palavras de Pinto da Costa, no dia anterior: “se tudo correr como é normal, o fcp será campeão”.

E o “normal” para quem segue o futebol português nos últimos 40 anos, é precisamente o que se passou nos primeiros 20 minutos: Gonçalo Inácio (e o Sporting) fez duas faltas e viu dois amarelos de encomenda, o Braga fez o triplo das faltas, uma delas de entrada de pitons à canela de Palhinha, para vermelho, e partida para o resto do jogo em superioridade numérica. Até aos 96′, Arturito, o rei do apito, (e que bem lhe fica este dimunitivo, bem à imagem do merdas que faz parte do elenco da Casa de Papel), ainda teria tempo para mostrar um amarelo a Tiago Tomás que levava porrada em cada lance onde tentava proteger a bola (deixando-o fora da recepção ao Nacional), um amarelo a Adán quando nem era ela a bater o pontapé de baliza (também fica fora do jogo com o Nacional), um amarelo a Pote, já depois de ser substituído, e para fazer vista grossa, em parceria com o VAR, a um empurrão nas costas de Coates, dentro da área bracarense.

O que Arturito não conseguiu controlar e manietar, foi a exibição monstra de Coates, liderando uma equipa de bravos Leões que se agarrou à defesa da sua baliza com garras e dentes, esperando uma, uma oportunidade para escrever uma história bem mais bonita do que aquela que estava prevista. O gigante uruguaio jogou por ele e pelo que foi expulso, ganhou todos os lances aéreos, fez desarmes no limite e cortes artísticos e ainda tentou sair a jogar em duas daquelas cavalgadas que, pelo menos uma vez na vida, deveriam culminar no festejo de um golo. E numa partida onde todos foram um grito de união, impossível não destacar também o puto Nuno Mendes, assumindo a vontade de levar a equipa para frente contra três e quatro adversários, quase de uma área à outra, um Palhinha que assumiu muitas vezes a pressão mais alta e que terminou o jogo a conquistar bolas de uma lateral à outra, um Adán exemplar nos cruzamentos e com um desvio perfeito na única grande oportunidade de golo do Braga (sim, a equipa do sonso criou uma real oportunidade de golo).

Depois, Matheus, nome a puxar para a divindade, o eleito para dar corpo ao tal momento que a equipa esperava e que não podia desperdiçar. Porro, que havia feito obra semelhante na Taça da Liga, foi desta vez que lançou a arrancada do miúdo, que foi por ali fora e se encheu de fé e de força para rematar para o fundo das redes, quando faltavam 10 minutos para o final.

Em dia de celebrar a revolução, o rugido de celebração ganhou contornos de canção de resistência (esta, se quiseres ouvir) e escutou-se nos quatro cantos do mundo, vindo dos mais e dos menos crentes, como que deixando um recado a quem apela à “normalidade”:
Enquanto há força
No braço que vinga
Que venham ventos
Virar-nos as quilhas
Seremos muitos