Se na jornada anterior as nossas meninas do FF celebraram o Dia da Liberdade dando asas ao seu futebol e assinando uma vitória “gorda” por 8-0 frente ao 5º classificado (o Clube Albergaria), já no último sábado, 1º de Maio, decidiram comemorar o Dia do Trabalhador com uma exibição em “serviços mínimos”.

Suzana Cova trouxe ao onze inicial em Condeixa as jogadoras Inês Pereira, Mariana Rosa, Bruna Costa, Nevena Damjanovic, Alícia Correia, Tatiana Pinto, Fátima Pinto, Andreia Jacinto, Ana Borges, Marta Ferreira e Raquel Fernandes. O Condeixa, por sua vez, alinhou num 4-4-2, com duas médias defensivas, para procurar desdobrar num 4-3-3, (algo que raramente fez) em transições ofensivas (porque teve poucas), mas que usava para começar a pressão alta, causando alguma dificuldade à nossa saída recuada de bola dada a clara baixa de forma de Bruna e Nevena (esta, mesmo assim, esteve uns furos acima dos anteriores 3 jogos) e alguma falta de apoio de Tatiana, sendo muitas vezes a Andreia (??) a baixar para ir ajudar a buscar bola, oferecendo mais linhas de passe. Quando não era assim, quer Nevena quer Bruna optavam pelo passe comprido, raramente bem executado.

No entanto, até marcámos relativamente cedo, aos 13 minutos, após uma jogada iniciada com uma bela abertura de costa a costa para o lado esquerdo, de Tatiana Pinto para Raquel Fernandes, que recebe junto à linha entrega à Marta Ferreira e corre para a grande área para receber a ótima “tabela” longa da Marta e rematar em jeito e em arco para o canto superior do lado oposto: Golaço!!
O jogo desenvolvia-se em sentido único com o Sporting a “encostar” o Condeixa ao seu terço defensivo. Para agravar a situação, o azar “bate à porta” do Condeixa que se vê forçado a 2 alterações por lesão muscular: aos 23 minutos a jovem Maria João (15 anos!!!) teve de sair entrando a experiente Bárbara Pisca e, 6 minutos depois, foi a outra “atacante”, Anita, a ter de ceder o lugar a Diana Costa. Foi sem muita surpresa que surgiu o 2º golo: aos 35 minutos, Ana Borges, na ala direita, liga o turbo, entra em modo Speedy Gonzalez e deixa para trás a Cássia Silva e a Inês Barge; vai até à linha de fundo e centra rasteiro ligeiramente atrasado para o miolo da área onde uma simulação de Marta Ferreira arrasta as defesas e permite que Raquel Fernandes fique de baliza aberta para empurrar para o 2º golo. “Simples”!!

Tudo indicava que seria mais um jogo para resultado gordo. Uma incursão da Alícia Correia pelo lado esquerdo aos 42 minutos, termina com um centro /remate que engana meio mundo (ou o mundo inteiro, se Alícia não pensou na possibilidade do efeito vento) e bate na barra transversal. Mas, 3 minutos depois, quase a fechar a primeira parte, a capitã Tita faz uma ótima receção a um centro meio-tenso no interior da área leonina roda, tira Bruna Costa do seu caminho e “fuzila” a baliza leonina atirando com estrondo à barra. Seria um golo de levantar um Estádio, se houvesse público … e se a bola não tivesse teimado em não entrar.

No segundo tempo, a história do jogo pouco se alterou. Apenas o ritmo passou a ser ainda mais lento devido, quer às substituições quer ao facto de o Sporting ter achado que Dia do Trabalhador é para ser gozado como feriado e ter entrado numa espécie de greve de zelo.

Muitas outras notas existem, no entanto, neste nosso Futebol Feminino. Primeira nota para o “acordar” do Torreense. Fazia-me confusão como é que aquele plantel rendia tão pouco. Especialmente depois de ter visto o jogo que fizeram na primeira fase contra as lampiãs, num jogo em que perdem nos últimos minutos por 3-4, depois de estarem a ganhar 3-1, graças a uma arbitragem escandalosa e a uma não menos escandalosa decisão de a FPF despenalizar o cartão de Carole Costa na jornada anterior que a punha fora daquele jogo (viria a marcar um golo – em falta – e a “cavar” um penalti – para sermos justos quem o cavou foi a árbitra porque até o “teatro” foi de má atriz e péssima encenação). Mas, depois, viu-se e desejou-se para garantir o acesso à Série de apuramento de campeão e até à 10ª jornada desta, estava em último lugar com apenas 1 ponto em 10 jogos. Entretanto, dão uma chicotada psicológica, substituem o professor Nuno Cristovão por João Ferreira e, nos últimos 2 jogos ganham na receção ao Braga por 3-2 e vão a Famalicão bater o 3º classificado por 0-2. Estão agora no 6º lugar com 7 pontos, lugar que deverão manter, faltando receber o Marítimo (7º com 6 pts) e deslocar-se a Condeixa (8º com 1 pt).

Segunda nota para a venda de Mylena Freitas. Habilidosa, rápida e goleadora extrema do Famalicão (que várias vezes referi como boa contratação para o SCP construir uma equipa europeia), pelos números record em Portugal de 50.000 euros (cláusula de rescisão), para rumar à China onde vai representar o Shangai Shengli. Isso demonstra que tal como, várias vezes, eu, o Miguel e outros referimos, bastaria um investimento de um décimo do gasto com alguns dos cepos contratados pela mesma Sporting SAD para as equipas séniores masculinas e garantiríamos, por exemplo, a Mylena (saíu por 50.000€), a trinco ou box-to-box Vanessa Marques (foi para o Ferencväros de Budapeste por menos que isso), a ponta de lança Vitória Almeida (está no Famalicão e mesmo que tenha uma cláusula igual à da Mylena, seriam 50.000€), e a central Gi Santos (idem aspas). Estão aqui menos de 200.000€ para reforçar a equipa. Atendendo a que essas entradas permitiriam as dispensas, entre outras, de Carolina Mendes e de Mónica Mendes (a par da Ana Borges, a Nevena Damjanovic e a Raquel Fernandes, os vencimentos mais onerosos do plantel) e das 3 estrangeiras “excedentárias” Wibke Meister e Carlyn Baldwin e facilitavam o ajuste de Raquel Fernandes para posição de apoio à PL (10 “à antiga” tipo Fernando Peres ou Platini) e de Andreia Jacinto a média de construção (8 à antiga “à antiga” tipo Fraguito ou George Best, que eu não faço por menos). Acho que seria um investimento de muito pouca monta e que proporcionaria imensas soluções, melhorando inclusivamente as soluções de banco (Patrícia Moraes, Rita Fontemanha, Bruna Costa, Carolina Beckert, Alícia Correia, Tatiana Pinto, Fátima Pinto, Ana Capeta, Marta Ferreira, Neuza Besugo, Vera Cid, Joana Martins, Inês Gonçalves). Plantel claramente para ser principal candidato ao título e para discutir eliminatórias europeias (o que também daria boas receitas).

Terceira nota, ligada a esta última: não sei se o fazem, mas seria boa prática colocar cláusulas de rescisão em todas as jogadoras do nosso plantel profissional condizentes com os salários auferidos e o rendimento e potencial demonstrados. Só assim se consegue valorizar activos de formação.

Quarta nota para o grupo que calhou a Portugal no apuramento para o Mundial 2023: Portugal (atual 29º do ranking mundial) entrou no pote 2 e apanhou como cabeça de série a Alemanha (nº 2 do ranking) e ainda a Sérvia (nº 42 do ranking), Turquia (nº 69 do ranking), Israel (nº 72 do ranking) e Bulgária (nº 78 do ranking). Uma boa oportunidade de a seleção crescer mais um pouco (subir no ranking). São apuradas as primeiras classificadas de cada um dos nove grupo e os 2ºs classificados disputarão pay-off.

Quinta nota para a final da Liga dos Campeões. pela primeira vez nos últimos 7 anos não estará presente uma equipa francesa. Os finalistas serão o Barcelona (que eliminou nas meias o PSG) e o Chelsea (que eliminou o Bayern).

Última nota para uma merecidíssima homenagem: aos 41 anos, a atleta Edite Fernandes anunciou que põe termo à sua icónica carreira de jogadora do nosso Futebol Feminino. Nos clubes representou Boavista, 1º de Dezembro, Valadares Gaia, Braga e Futebol Benfica em Portugal e Saragoça, Mérida, Huelva, Atletico Madrid (Espanha), SantaClara Blue Heat (EUA), Beïjing (China) e FK Donn (Noruega); foi internacional A por 132 ocasiões, tendo marcado 39 golos. Obrigado Edite, pelo muito que deste ao Fuebol Feminino em Portugal e pelo exemplo de atleta e ser humano de eleição!

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!