Tenho bem presente na memória, a forma como o Sporting, enquanto instituição, foi tratado após aquele maldito Maio de 2018 e do ataque à Academia. Em vésperas de uma final da Taça de Portugal, que se optou por realizar, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Ferro Rodrigues, as três mais importantes figuras de estado, foram céleres em apelidar o acontecimento de uma vergonha para o país e de algo tão grave que merecia ser rotulado como o momento mais negro do futebol nacional. Como se já não bastasse essa rotulagem que esquecia, por exemplo, o facto de um adepto do Sporting ter sido assassinado em pleno estádio nacional enquanto decorria, precisamente, uma final da Taça de Portugal, ainda foram claros no recado: não podiam garantir que estariam presentes no Jamor, caso se confirmasse a presença do então presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho, imediatamente rotulado como causador dos infelizes acontecimentos.

Ora, de lá para cá, aconteceram coisa “quase irrelevantes”. Por exemplo: há cerca de um ano, um adepto do Sporting, de 32 anos, conotado com a claque Juventude Leonina, foi agredido por um grupo de cerca de 30 a 40 indivíduos, com o rosto tapado com camisolas de cor preta com as letras vermelhas alusivas à claque de futebol No Name Boys. A emboscada teve lugar em São João do Estoril e só não terminou em morte por espancamento porque um polícia que passava no local conseguiu agir a tempo. Essa seria a segunda agressão em menos de duas semanas de adeptos dos No Name Boys contra elementos de claques sportinguistas. A primeira agressão ocorreu no dia 17 de Maio de 2020, em Lisboa. Nessa altura, os desacatos aconteceram nas imediações do estádio de Alvalade e os dois adeptos do Sporting, que pertencem ao Diretivo XXI, foram internados no Hospital de Santa Maria em estado grave.

Como tudo isto passou impune, no início desta semana, 12 elementos dos Diabos Vermelhos emboscaram três elementos da Torcida Verde que estavam a colocar cartazes junto ao Estádio de Alvalade, num episódio marcado por agressões e tentativa de atropelamento.

Sabe-se agora, que Jonas Soares, neto do antigo Presidente da República Mário Soares e filho do ex-ministro da Cultura João Soares, foi um dos intervenientes no ataque.

Uma fonte policial confirmou este sábado ao NOVO que o inquérito conduzido pela PSP concluiu que o jovem pertencente aos Diabos Vermelhos, claque ligada ao Benfica, teve “participação activa na ocorrência” nas imediações do Estádio José Alvalade. Em causa, adiantou a mesma fonte, estará o crime de ofensa à integridade física.

Jonas Soares é um dos arguidos, encontra-se com a medida de coacção mais leve – termo de identidade e residência – e deverá ser notificado para ir a tribunal prestar declarações.

Assim se percebe o silêncio de Marcelo, Costa e Ferro…