Entre a invencibilidade e o futuro, Rúben Amorim escolheu a segunda opção e a equipa deu três de avanço ao benfica. Como nos habituaram ao longo de toda a época, os jogadores uniram-se, encheram-se de crença e foram atrás do resultado, numa clara prova de respeito pelo símbolo, mas já sem tempo para evitar a primeira derrota da época

pote-luz

Já se sabia que não havia Porro, lesionado, que não havia Feddal, castigado, mas ninguém preparou os adepros leoninos para verem a sua equipa iniciar o dérbi com Palhinha e João Mário no banco, entregando a titularidade do miolo à dupla Bragança – Matheus Nunes. Sim, Amorim tinha aproveitado a conferência de imprensa de antevisão para dizer algo tipo “por muito que gostasse de terminar o ano sem derrotas, o mais importante é começar a preparar desde já para a próxima temporada e isso passa por aumentar a competitividade da equipa”, mas tenho cá para mim que continuar a insistir em Matheus Reis como o central da esquerda quando Feddal não está já é desafio suficiente, principalmente num dérbi.

Ora, além da equipa ter entrado em modo ressaca aka descompressão, nem Bragança nem Matheus Nunes têm a capacidade de Palhinha para estar em quase tantos lados ao mesmo tempo do que Deus. Assim, depois de dez minutos equilibrados, em que até ficava claro que o Sporting com a bola no pé em nada deve ao milionário vizinho que cedo começou a ter os seus defesas amarelados, aconteceu o que se temia: os nossos dois médios encaixavam nos médios do benfica, mas não tinham a elasticidade para matar o espaço entre si e a nossa defesa. Foi por aí que Pizzi e Cebolinha começaram a entrar e a jogar, colocando à nossa defesa um conjunto de problemas que ainda mais se agudizavam com a presença de um lateral adaptado a central (desculpa, rapaz, mas são factos).

Sofremos o primeiro golo aos 12´(um golo de merda, diga-se, com Nuno Mendes a ter todo o azar do mundo depois de um sprint para cortar a bola sobre a linha), sofremos o segundo aos 30´e o terceiro viria aos 37´, este de canto. Portanto, no espaço de trinta e sete minutos, o Sporting já tinha sofrido mais golos do que em qualquer um dos 32 jogos da Liga e o resultado começava a ser deveras embaraçoso e eu já ouvi os Modest Mousa a cantarem “good times are killing me”. Felizmente e conforme nos habituaram ao longo de toda a época, estes jogadores que vestem a verde e branca são homens de carácter e, por isso, respiraram fundo e foram atrás, com Peter Potter a agitar a varinha mesmo em cima do intervalo e a dar todas as esperanças para a segunda parte.

João Pereira e Daniel Bragança ficaram no duche, João Mário e Palhinha foram lançados, mas voltámos a dificultar tudo: erro infantil de Matheus Nunes, que havia ocupado a direita da defesa, adormecendo na cobertura da bola e acabando por fazer falta dentro da área. Penalti e bis para Seferovic, colocando o marcador em 4-1 e gesticulando em direcção a Peter Potter, como que desafiando o nosso 28 tentar voltar a marcar.

Potter não se fez rogado e disparou um remate ao poste, antes de Nuno Santos reduzir para 4-2 com um belíssimo remate no coração da área. Faltavam 30 minutos e o jogo podia dar tudo e mais alguma coisa, com as equipas a esquecerem as amarras tácticas e a procurarem a área adversária. Num desses lances, Potter é derrubado na área e assume a marcação do penalti: lá para dentro e 4-3. Faltavam 15 minutos e ainda antes de ir para ponta de lança, Coates viu Jovane ganhar a linha e Potter rematar para uma defesa que impedia o empate.

E já que falamos na subida de Coates e recordando uma defesa de consola do Adán, mesmo em cima da hora (4 minutos de desconto num jogo com sete substituições e dois penaltis é tão patético…), aproveito para dizer-vos que dei por mim a pensar que enquanto o adversário metia lá para dentro Darwin Nuñez e Waldschmidt, nós colocávamos a nossa fé nos ombros do capitão que foi figura maior no título conquistado. Isso diz muito do mérito que foi esta caminhada e que, infelizmente, ontem teve a primeira derrota em 33 jogos. Se quiserem repetir para o ano, estão à vontade.