Caros frequentes da tasca, este é o momento ideal para falarmos destas equipas. Analisando os dados do observatório do centro internacional dos Estudos Desportivos (CIES), o Sporting é a sétima equipa das dez ligas europeias com a maior percentagem de minutos utilizado por jogadores de formação. 26.3% de todos os minutos da liga portuguesa são atribuídos a elementos que vieram da academia de Alcochete. Fazendo uma comparação, o Porto tem 12.6% e o Benfica apenas 6.8%.

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Olhando para a equipa de futsal, que foi campeã europeia com nove jogadores da formação, onde João Matos, Erick, Zicky e Tomás Paçó tiveram um papel fundamental nesta conquista europeia. No Andebol, temos Salvador Salvador, Manuel Gaspar, Francisco Tavares e Joel Ribeiro com muitos minutos e serem preponderantes numa equipa que, não estando num momento de época muito famoso, está a lançar as bases para uma época com grande expectativa de bons resultados. No hóquei em patins, Alvarinho e Gonçalo Nunes saíram do Óquei de Barcelos, estando ainda a lutar por um lugar de maior importância dentro da equipa leonina, com Facundo Navarro a espreitar por um lugar na equipa, na próxima época. Posto isto, é fundamental esmiuçar o nosso futebol da formação.

Começo pela equipa B. Aproximamo-nos do final da temporada, e é possível perceber que a próxima época será um período de passagem de testemunho. A geração de 97-2000 vai dar lugar à geração de 2001-2004. Dentro da equipa atual, os seguintes jogadores acabam contrato a 30 de junho de 2021 e 2022:
Budag Nasirov, 30/06/2021
Mees De Wit, 30/06/2021
Elves Baldé, 30/06/2021
Bernardo Sousa, 30/06/2021
Dimitar Mitrovski; 30/06/2021
João Ricciuli, 30/06/2021
Tomás Silva, 30/06/2021
Diogo Brás, 30/06/2022
Edu Pinheiro; 30/06/2022
Diogo Sousa, 30/06/2022
Nuno Moreira; 30/06/2022
João Goulart; 30/06/2022
Edson Silva; 30/06/2022

Segundo o site da Transfermarkt, Babacar Fati, Hugo Cunha, Gonçalo Pinto, Loide Augusto e Chico Lamba ainda não têm a situação resolvida. Estes 12/17 jogadores, tirando talvez Tomás Silva, Chico Lamba e Nuno Moreira, precisam de procurar fazer a sua vida noutras paragens, talvez pela liga 2 ou liga 3, dado que não têm o nível suficiente para dar o próximo salto. A estes juntam-se ainda Tiago Rodrigues, Anthony Walker e João Oliveira, jogadores que estão há demasiado tempo na equipa B e que precisam de outros ares para desenvolverem as suas capacidades enquanto jogadores de futebol.

Como se percebe, a equipa B é uma via para estes atletas se mostrarem, não só à equipa principal leonina, mas também às equipas que estão a jogar no primeiro e segundo escalão profissional. Também é importante notar que 2020/2021 é um ano histórico, com a valorização de 7/9 atletas (dependendo se se considera Matheus Nunes ou Gonzalo Plata como elementos formados no clube) provenientes da formação. Foi um ano de aposta forte, onde se foi aproveitou a espinha dorsal da equipa de sub-23 de 2019/2020 (Max, Nuno Mendes, Inácio, Quaresma, Bragança, Matheus Nunes, TT), com resultados fantásticos. É necessário também refletir que, se algum destes jogadores for vendido no mercado de transferências, Nuno Moreira. A partir destes dados, também dá para entender um pouco como existe um gap geracional de cerca de 3/5 anos entre a equipa B e a de sub-23: os melhores sub-23 de 2019/2020 subiram para a equipa A, os restantes comprometeram-se em ajudar o Sporting B a subir para a Liga 2/3, ficando a equipa de sub-23 com os juniores de primeiro ano e juvenis de segundo ano.

No final deste campeonato de Portugal, já é percetível a passagem do testemunho entre as duas gerações. Hevertton Santos ganhou o lugar a Loide Augusto (João Oliveira lesionou-se gravemente na primeira derrota do Sporting contra o Club Football Estrela). Chico Lamba, apesar dos seus 17 anos e dos seus erros que faz na condução de bola, pegou de estaca a partir do jogo com o CF Estrela. Tiago Ferreira ganhou o lugar a Joelson e Bruno Tavares, saíndo sempre do banco trazendo qualidade no jogo de entrelinhas, seja na ala, seja a 10. João Daniel Santos tem tidos muitos minutos. Gonçalo Costa e Flávio Nazinho também já fazem parte do elenco da B a tempo inteiro. Bernardo Sousa, Diogo Brás, João Ricciuli, Edu Pinheiro, Edson Silva deixaram de fazer parte das convocatórias, dando a ideia de que o seu tempo no Sporting estará a chegar ao fim. No lado inverso, João Goulart (a quem eu não dava muitas credenciais) lutou e garantiu o seu lugar nesta equipa B, dando muita circulação de jogo a partir de trás, fazendo uma dupla interessante com Chico Lamba.

No passado domingo, o Sporting recebeu e venceu o Moncarapachense por 2-0. Aproveitando o desaire do Louletano em casa com a equipa do Oriental Dragon, o Sporting conseguiu atingir os objetivos mínimos a que se propôs, garantindo o acesso à liga 3. Gostaria de vos falar sobre o jogo, mas a Sporting TV preferiu (e, bem) transmitir o jogo do campeonato do futebol feminino, mas esqueceu-se de transmitir o jogo em diferido, apenas transmitindo os melhores momentos do jogo no seu canal de YouTube. Sabendo que Tomás Silva e André Paulo não poderão dar mais o seu contributo à equipa, dado que tiveram minutos na equipa principal, o Sporting entrou com o Gonçalo Pinto na baliza, o quarteto defensivo com Hevertton, Chico Lamba, Goulart e De Witt, Paz e Rodrigo Fernandes como os médios de contenção e construção, e um quarteto atacante muito móvel e leve, com Gemy Catano, Elvés Baldé, Joelson Fernandes, e Nuno Moreira a fazer de falso ponta de lança. Os golos foram marcados por Elves Baldé e Hevertton Santos, com destaque para o golo antes do meio-campo de Elves, fazendo um chapéu perfeito ao guarda-redes adversário.

O nível de exigência será superior, pois a liga 3 irá reunir as 22 melhores equipas do campeonato de Portugal, juntando-se a eles a UDO e o Vilafranquense, que descerão da Liga 2. O problema da discrepância competitiva de equipas vai baixar, juntamente com a questão dos maus relvados. Este patamar de competição será benéfico aos atletas da equipa B, pois vai ajudá-los a crescer e a jogar num ritmo mais aproximado ao dos campeonatos profissionais. Concluindo, vai ser preciso dar espaço à nova geração de atletas e talentos que estão a emergir. Posto isto, é necessário também tempo (talvez 2/3 anos), para que os novos leõezinhos consigam garantir a subida á liga 2.

*quando o deixam entrar na Academia, o JFCC coloca na ementa um prato com dedicatória para os #FormaçãoLover