Captura de ecrã 2021-05-24, às 14.12.4818 minutos do jogo contra o Braga, Arturito resolve ser o actor principal, eu decido que vou mandar às malvas o nervosismo porque sentia que o “normal” estava a ser trabalhado para, mais uma vez, dizermos “opa, para o ano é que é”… segunda parte do mesmo jogo, Adan faz uma defesa com unha, a fazer lembrar o Ratício em Manchester, naquela mítica eliminatória contra o City. Aí, eu volto a ficar nervoso porque, naquele instante, senti que iríamos ganhar o jogo… falta sobre o TT, Porro faz o papel químico do passe que ele recebeu no final da Taça da Liga e o Matheus Decisor-de-Jogos-Grandes-Nunes nos dá os 3 pontos. Sufoquei o grito porque, em Maputo, já ia tarde e poderia acordar os miúdos… mas, comecei logo a conversar nos Grupos de WhatsApp que já devíamos começar a preparar a festa do título.

Sim, ser Sportinguista é uma mescla de muitas coisas que poucos outros adeptos de futebol conseguem entender. É ser também um gajo que tem que sufocar os festejos porque os jogos em Moçambique, algumas vezes, iniciam num dia e acabam noutro (aló Liga, podem rever essa vossa mania de agendar os jogos do Sporting para tão tarde?), é ser também um gajo que tem que se controlar porque o Covid resolveu nos criar barreiras de festejos de celebrações que têm sido constantemente adiadas há 19 anos. Sim, é verdade, em Maputo (capital de Moçambique), o jogo contra o Boavista terminou já iam pás 23h e temos um recolher obrigatório das 22 às 4 da manhã… mais um grito sufocado… caraças pah… sabem que libertação de sufoco adiado não tem o mesmo sabor que no momento próprio? É tipo teres orgasmo e só poderes reagir no dia seguinte… não dá, não anima, não tem feeling, mas, epá, fazer mais como? Somos Sportinguistas e sabemo-nos adaptar ao sistema, aos árbitros, às malas, aos jogadores manhosos, aos comentadores pagos para nos gozar, à cartilha e ainda à Covid…

Voltemos aos festejos. Tudo organizado, camisetas com dizeres para ocasião compradas, família toda no carro (minha mulher e meus dois filhos, eles que tiveram duas opções de escolha de Clube: ou seria do Clube do pai ou do da mãe… felizmente em ambos os casos é o Sporting) e lá fomos ao nosso Marquês em Maputo, que é a Praça Robert Mugabe, no início da emblemática Av. 25 de Setembro. Mais de cem carros a fazerem passeata por toda a cidade com buzinadelas e muitos punhos cerrados no ar… damn, isto estava sufocado há 19 anos. No fim, voltamos à mesma Praça para cantar e nos abraçarmos de longe enquanto controlávamos a polícia que já começava a nos ameaçar… epa, sim, ser Sportinguista é também ter que controlar e fugir da polícia no momento do festejo.

Foi bonito, foi bom e queremos voltar a fazer a festa em 2021/21, mas no exacto momento do orgasmo, claro se o Covid permitir porque a ligação que existe entre nós moçambicanos, e outros PALOP, e os Clubes de eleição em Portugal, é dos melhores legados que o país de Camões nos deixou. Sentimos o Sporting como se vivêssemos em Alcochete, choramos o Sporting, como se fôssemos portugueses e celebramos o Sporting como se estivéssemos em Alvalade!

Saudações Leoninas a partir de Maputo!

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Abdula Manafi Mutualo
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