Quer em vários dos comentários aos últimos dois posts desta rubrica que assino semanalmente, quer em muitos outros nas várias redes sociais leoninas (com particular destaque para as “oficiais”) levantou-se a indignação por ter apontado a ausência de qualquer sinal de estratégia (ou mesmo de vida) na necessária recomposição de um plantel que já reputava de curto e se viu, num ápice, encurtado em 9 das suas jogadoras 6 das quais se contavam entre as mais titulares.
A resposta mais generalizada era de que os “balanços se fazem no fecho do mercado” ou de não tínhamos de “entrar em histerismo ou desespero” porque podíamos “fazer como Futebol Masculino” e “encontrar os reforços dentro de casa, na nossa formação”.
Antes de mais, convém esclarecer os mais indignados que a rubrica que assino é semanal e, por isso, é natural que, em época de “defeso”, aqui faça balanços semanais sobre a nossa política de abordagem do mercado (ou qualquer outra) para proceder à tal necessária recomposição do plantel. Pouco mais há a falar sobre o nosso FF nesta época, excepção feita aos poucos jogos de nossas equipas de Formação que ainda se vão desenrolando e sobre os quais, só “por acaso”, aqui até vou dando nota.
Pois esta semana, sobre “mercado” e “recomposição” do plantel temos a anotar mais 2 renovações (Fátima Pinto e Andreia Jacinto) e mais uma saída de outra internacional lusa (Tatiana Pinto).
Já vão em 10 saídas: 6 portuguesas que totalizam 359 internacionalizações na selecção “A” das quinas (29ª do ranking FIFA); a Nevena com 23 internacionalizações “A” pela Sérvia (41ª do ranking FIFA); a Raquel Fernandes com 40 internacionalizações “A” pelo Brasil (7ª do ranking FIFA); e até a Amanda Perez com 2 internacionalizações “A” pelo México (28ª do ranking FIFA). A contrapor a este êxodo temos o regresso da Diana Silva (66 internacionalizações). Tudo o resto são renovações (com quem já estava no plantel A) assinaturas de contratos profissionais, com quem ainda não contava para o plantel A.
Ora, faz hoje (22 de Junho) precisamente um mês sobre o fatídico jogo de fecho de época, que determinou o total insucesso da mesma, pela segunda temporada completa consecutiva e após 2 anos de sucesso completo com a conquista dos 5 títulos disputados. Só esses dados já deveriam ser suficientes para preocupar responsáveis e adeptos fazendo-os tomar consciência da necessidade urgente de reforçar um plantel que, claramente, se demonstrava INSUFICIENTE para lutar por objectivos de conquista de títulos. Mas o que acontece é o inverso: perante o insucesso reiterado e a derrocada do plantel (10 saídas são metade das 20 usadas com regularidade – e 20 já é generoso) a reacção dos dirigentes é de autismo e a de vários adeptos é de negacionismo.
Mas analisemos os argumentos “negacionistas”: os balanços fazem-se no fim, mas o mercado não começa na última semana da janela de transferências. E o mercado no Feminino, já mexe muito mais que o Masculino porque neste momento se disputa o Europeu, o que faz adiar muitas decisões. Na realidade, os nossos concorrentes já se começaram a mexer.
O Benfica que ganhou Taça da Liga e Taça de Portugal e terminou o Campeonato com 5 pontos de avanço sobre o 2º (Sporting), 12 sobre o 3º (Braga) e 16 sobre o 4º (Famalicão), fez logo aquilo que tinha a fazer: tratou de renovar com 10 jogadoras que terminavam o vínculo nesta época ou na seguinte, garantindo, assim, a estabilidade de um plantel vencedor.
O Braga começou cedo a recompor o plantel: sairam 7 atletas (Ágata Filipa, lateral esquerda, com 2153 minutos de utilização, que foi para o Glasgow City; Rayanne Machado, lateral direita, com 1659 minutos; Marie Hourian; guarda-redes, com 1620 minutos; Hannah Keane, avançada, com 1194 minutos; Ana Teles, avançada, com 795 minutos; Beatriz Barbosa, avançada, com 378 minutos; e Daniuska Rodriguez, média, com 303 minutos); entrou novo treinador, com o regresso de João Marques, vindo do Famalicão e celebraram contratos com Patricia Morais (guarda-redes, ex Sporting), Carolina Mendes (avançada, ex-Sporting), Vitória Almeida (avançada, a melhor goleadora do campeonato, ex- Famalicão), Anouk Dekker (média defensiva, holandesa, 1.82m de altura, campeã europeia e vice-campeã mundial pelo seu país, vinda do Montpellier), Ana Nogueira (lateral direita, 17 anos, ex Fiães) e Catarina Pereira (lateral esquerda, 20 anos , ex Fófó); nesta semana e na próxima o Braga deverá ainda anunciar mais 2 ou 3 contratações de vulto.
O Famalicão ficou desfalcado ao perder a extrema Mylena Freitas (passe vendido por 50.000€ ao Shangai Shengli), a defesa direita Maurine (que regressou ao Brasil por questões familiares), a Vitória Almeida e ainda a promissora jovem Maria Negrão, centro-campista criativa de enorme talento e muito raçuda; toda via contratou um treinador Jorge Barcellos (vice-campeão olímpico com a seleção brasileira e que treinou também o Vasco da Gama e o Avaí Kindermann) e a Sofia Rios para diretora desportiva (jovem, ex jogadora do Grijó e do Boavista, formada em Gestão Desportiva e a trabalhar na Gestão de Equipas de Competição da Universidade do Porto); adivinha-se, portanto, uma recomposição do plantel para repor as perdas e acrescentar alguma qualidade, com a Sofia a trabalhar o mercado em consonância com o experiente treinador.
Portanto, o que se pode dizer sobre as movimentações do Sporting no mercado é que os sinais continuam a ser preocupantes e parecem ir na direcção de uma ainda maior contenção de investimento e resultante perda de competitividade.
Falar de recompor o plantel com a formação e comparar com o plantel Campeão do FM é só “esquecer” que esse plantel tinha da Formação o Max que quase não jogou, o Edu que quase não jogou, o Gonçalo, o Nuno Mendes, o Palhinha, o Daniel Bragança, o Tiago Tomás e o Jovane Cabral (não conto o Essugo ou o miúdo que jogou uns minutos contra o Marítimo porque tiveram contributos residuais); portanto 6 jogadores que jogaram com regularidade. Isso era menos do que já existia no plantel feminino (Inês Pereira, Mariana Rosa, Joana Marchão, Alícia Correia, Marta Ferreira, Andreia Jacinto, Bruna Lourenço). E a essa “base de Formação” do plantel leonino foram acrescentadas, nesta última época, Ádan, Pedro Porro, Feddal, Antunes, Matheus Reis, Nuno Santos, João Mário, Tabata, Pedro Gonçalves e Paulinho (10 ENTRADAS e não conto com João Pereira). Será que ainda querem comparar as “recomposições” do plantel A Masculino na época que terminou com o que preconizam para o FF do Sporting este ano?
Finalmente a nota sobre a equipa B e a de Sub 15 (sub13). A equipa B não chegou a disputar a final do campeonato Nacional Senior da 2ª Divisão que estava prevista para este passado domingo, porque, devido ao retrocesso nas medidas de confinamento na “Região de Lisboa e Vale do Tejo”, essa final foi reagendada para amanhã, dia 23 de Junho. A equipa de sub13 jogou no sábado para a 2ª fase do Encontro Regional Feminino de sub 15 e venceu o Amora por 7-1 com golos de Cíntia 3, Adriana Lourenço 2, Madalena Silva e Caetana; no dia seguinte, domingo defrontaram os rapazes sub 15 do CIF para a Retoma Competitiva da AFL e perderam por 2-1 com golo das leoas a ser apontado por Cíntia.
* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!
23 Junho, 2021 at 7:38
Work in progress…
23 Junho, 2021 at 8:05
Loading….
23 Junho, 2021 at 8:51
“”
Enter
23 Junho, 2021 at 8:15
Álvaro,
Continuo sem perceber quem é que devia dar a cara neste projecto.
A treinadora é a única responsável (Cova anteriormente e agora a Mariana), são responsáveis por tudo?
Projecto estranho, votado ao aparente desprezo…
23 Junho, 2021 at 13:05
Com a saída da Maria João Xavier, também não sei quem é agora o/a coodenador(a).
23 Junho, 2021 at 13:06
Fica a Mariana Cabral a acumular tudo. Siga!
23 Junho, 2021 at 8:42
Pimenta no cu dos outros é refresco.
Calma e paciência.
O investimento dos lampiões no FF é enorme e com a devida “tesao do mijo” que também aconteceu connosco quando trouxemos a modalidade.
Se outros já foram buscar treinadores e jogadoras XPTO, ainda bem para a modalidade, contudo, no caso do Braga foi um descalabro, mas mesmo para isso estou-me a cagar.
Se grandes investimentos fossem ganhos sem espinhas, tinhas os Lamps a ganhar quase tudo em Portugal, pelo menos, mas …BOLA.
Levaram na tromba em quase tudo.
Não sou de presidentes, tenho um dívida de gratidão para com BC por ter dado vida a um clube moribundo, mas não quero culpar nesta altura, ao dia de hoje, um projeto de FF que ainda não sabemos de nada.
Vamos esperar sem dar tiros nos pés e falar mal antes do plantel estar apresentando.
A partir daí podemos opinar com certezas.
SL
23 Junho, 2021 at 9:49
Como referi no post, a mim cabe-me a tarefa de analisar semana a semana. E o que temos até aqui é confrangedor.
Além disso, num mercado, quando estão uns a mexer-se e outros parados, os que se guardam para o fim tendem ou a gastar muito mais ou a ficarem com as sobras.
Estamos a falar de movimentar no mercado nacional. Porque para o internacional ou não haverá dinheiro ou não haverá scouting de jeito (como praticamente não houve nestes 5 anos). Para vir a apresentar estrangeiras que pouco acrescentam ao nosso mercado, então mais vale ficar sossegado e, aí sim, não tapar futuro às da nossa formação.
O problema é que as meninas da formação não evoluem treinando praticamente só com outras meninas da Formação. Têm de treinar com um 16 base muito mais evoluído que elas, para poderem evoluir também e colocarem-se metas e objectivos pessoais de auto-superação sempre mais e mais exigentes.
No FM não vejo ninguém preocupado porque FOMOS CAMPEÕES e há notícias credíveis de alguma mexidas para reforçar a equipa onde ela mais necessita. Mesmo assim há quem chame a atenção para a necessidade de reforçar BEM o plantel para, cito, não voltar a ser campeão só daqui a19 anos. E quem falou sabe bem o que diz: foi Lazlo Boloni o treinador do anterior campeonato que, na época seguinte não viu serem feitas aquisições de jeito e deixou de poder contar com Niculai e Jardel a 60% sequer e com Hugo Viana.
No FF é o inverso: já estamos há 3 anos em ganhar NADA, saíram 10 jogadoras da equipa, sete delas das titulares mais utilizadas e a perspectiva é de quem está iniciar o calvário de19 anos (porque nesta fase do FF) deixar fugir as concorrentes equivale a muitíssimo mais trabalho para depois as alcançar.
SL
23 Junho, 2021 at 13:11
“mas não quero culpar nesta altura, ao dia de hoje, um projeto de FF que ainda não sabemos de nada.”
Este é que é o grande problema.
Nós vínhamos de 2 épocas em que ganhámos tudo.
Vimos aparecer o Carnide na segunda divisão com um brutal investimento.
E o que fizemos perante isso? Desinvestimos. A saída da Raquel Sampaio foi dos maiores tiros no pé que se deram.
A crítica não é só à falta de projecto AGORA. É a falta de projecto desde há 3 anos.
Ou então, um projecto… meh!…
Consegues perceber isso, Inácio?
23 Junho, 2021 at 15:56
“Levaram na tromba em quase tudo.
Não sou de presidentes, tenho uma dívida de gratidão para com BC por ter dado vida a um clube moribundo, mas não quero culpar nesta altura, ao dia de hoje, um projeto de FF que ainda não sabemos de nada”
Jaime, foste copiar o fim da minha opinião, que sem o início retira o contexto da coisa.
A minha filha joga no FF do Sporting e o que vou apanhando daqui e dali dá- me alguma esperança para o que vai acontecer, contudo, obviamente que não ponho as mãos no fogo por esta gente, até porque quem realmente investiu e insistiu no FF já não está no clube.
Sei que estão na calha 2 jogadoras brasileiras que atuam em Espanha, uma GR portuguesa que é conhecida, mas continuo na minha, deixá-los pousar .
Abraço e SL
23 Junho, 2021 at 17:19
Inácio, não tenho nenhuns insides do FF do Sporting, mas é de bradar aos céus que se tenha demitido uma coordenadora (de quem já pouco se sabia para além de uns posts nas redes sociais a tecer loas à treinadora Suzana covas) e não haja conhecimento de quem a tenha substituído.
Se com “Coordenadoras” ou” Directoras Desportivas” foi o descalabro de aquisições que se viu nos últimos 4 anos, principalmente os últimos 3, sem ninguém a assumir essa responsabilidade está-se a contratar como? Qual é o “scouting”?
Devo dizer-lhe que aquilo que anuncia estar na calha não é muito promissor: uma guarda redes portuguesa para colmatar a saída das 2 melhores portuguesas? Não pode ser um upgrade. Das brasileiras a actuar em Espanha temos algumas interessantes como:
– a defesa central Daiane Santos, 7 internac. A, 23 anos, 1.80m de altura, 64Kgs, ex PSG, esta última temporada no Real Madrid mas sem ter feito um único jogo;
– a médio centro Thaisa Moreno, 66 internac. A, ex Sky Blue FC e ex Milan, (interessante mas já com 32 anos), actualmente no Real Madrid;
– a jovem extrema (direita ou esquerda) Giovana Queiroz de 18 anos, com 4 internac. A no Brasil, mas há ano e meio no Barcelona sem um único jogo;
– a extrema direita Ludmila da Silva, 26 anos, 28 internac. A e 3 golos na canarinha, a actuar e muito bem no Atletico de Madris (na última época 39 jogos e 26 golos, que são números muito interessantes para uma extrema; não estou a vê-la interessar-se por representar o Sporting, a não ser que seja muito bem paga e integrada num projecto muito mais ambicioso;
– Jucinara Paz, do Levante, 27 anos e 18 internac. A, é muito interessante mas defesa esquerda, talvez a posição menos carenciada do plantel do SCP; além disso integra um projecto muito ambicioso do Levante (3º lugar na La Liga feminina, a apenas 3 pontos do 2º, o Real);
– a experiente Monica Hickman, defesa central com 55 internac.A e 8 golos na canarinha, mas já com 34 anos, apenas 1.72 de altura e 64 kgs de peso (mesmo tendo feito números interessantes no Madrid FFC – 32 jogos e 5 golos esta época, e embora para uma posição carenciada não sei se não será uma jogadora cara; a gastar, então preferia a Rikke Revecke, 25 anos, 1.80m 69Kk, 22 internac. A pela Dinamarca, actualmente no Everton e a Gi Santos, 1,78m do Famalicão – precisamos de 2 centrais);
– a defesa direita Joyce Borini, do Madrid FCC, vestiu 6 vezes a canarinha, mas já tem 33 anos;
– a ponta de lança Geyse, 23 anos, 14 internacionalizações, 1.68m (poderia ser interessante, mas preferia que nos virássemos para “soluções” no nosso campeonato como a Chandra Davidson do Torreense e/ou a Telma Encarnação do Marítimo);
Ou seja, dadas as necessidades (muito mais que 3 jogadoras) e os “mercados” (guarda redes portuguesas que excluem a Inês Pereira, a Patrícia Morais e a Rute Marques; e brasileiras no mercado espanhol que, como vê, ou são investimentos avultados ou não oferecem mais-valia, havendo opções, até no “nacional” mais em conta e a poder oferecer mais garantias).
Um abraço e saudações leoninas
p.s.: os desejos de boa fortuna para a sua filha. Veste a camisola mais bonita e o emblema mais relevante. Um obrigado a ela!
23 Junho, 2021 at 19:02
Tens razão, mas vamos dar mais 2 semantistas…assim eu espero.
Abraço e SL
23 Junho, 2021 at 17:29
“A minha filha joga no FF do Sporting”
🙂
Felicidades à leoa. Que venha a dar-nos muitas alegrias.
23 Junho, 2021 at 20:54
É um orgulho.
Não discordo com a tua opinião nem com a do Álvaro, contudo nesta modalidade em específico tudo pode mudar rapidamente e espero que essa mudança seja para melhor.
Das jogadoras que saíram tenho pena de 3/4 e acredita que a Cova foi bem emCOVADA por um grupinho que destilava algum veneno no balneário.
Vamos mudar e espero que para melhor, porque mantendo todas as que saíram nem com o melhor treinador do mundo ganhariamos alguma coisa…
Abraço e SL
23 Junho, 2021 at 8:54
Caro Álvaro
Sei que muitos não querem saber das contratações dos outros, mas fiquei curioso com a contratação da Anouk Dekker pelo SCB. Será que valeria a pena para o SCP ir buscar 2 veteranas com este tipo de experiência de seleções de topo? Mais do que o que podem oferecer em campo, para serem lideres das mais novas? Numa idade em que os salários já não seriam tão altos, 2 caras reconhecidas do FF poderiam chamar um pouco de atenção para a equipa e neste momento isso é importante.
De resto, preferia jovens ambiciosas que pudessem crescer com a equipa mas no emrcado nacional, já parecem ter todas destino… e não é Alvalade
23 Junho, 2021 at 10:09
Concordo consigo, caro Quim Berto. Até diria que, no caso do Sporting conviria que o investimento fosse em 3 estrangeiras que fizessem a diferença em posições necessitadas (neste momento, Guarda Redes -imagine-se, quando tínhamos as 2 melhores nacionais; Ponta de lança -poderia ser Chandra Davidson do Torreense e fazer um forcing pela Telma Encarnação do Marítimo; uma media ofensiva criativa ; posição trinco/8 o ideal seria a Vanessa Marques; e central já precisamos de 2, diria que a Gi Santos do Famalicão – 1.78, 60kg, 24 anos – e a Rikke Sevecke, 25 anos 1.80m, dinamarquesa do Everton colocar o scouting a trabalhar para conseguir uma outra que fosse atlética; manter a Wibke Meister para defesa direita por forma a dar competição intern à Mariana Rosa).
Só o dinheiro da venda definitiva do Misic dava para isso e sobrava; e ficávamos com o melhor plantel do campeonato.
SL
23 Junho, 2021 at 13:12
Óbvio.
23 Junho, 2021 at 9:03
A contratação da Anouk Dekker, por parte do Braga, só vem reforçar uma pergunta que deixei há semanas: o que uma Carline Seger ou uma Nilla Fischer, no meio campo e no centro da defesa, poderiam ensinar às nossas meninas?
Estamos a falar de um nível completamente diferente do que estamos habituados a ver em Portugal e continuar a achar que podemos continuar a evoluir sem deitar mão a craques com anos de profissionalismo de topo acumulado, é o mesmo que achar que a presença de treinadores e de jogadores de gama alta nada teve a ver com o facto do futebol masculino ter passado do desfiles de bigodes trauliteiros da década de oitenta para vários jogadores portugueses consecutivamente na lista dos melhores do mundo.
23 Junho, 2021 at 9:31
Vou deixar passar essa piada sobre a instituição que é o bigode lusitano pós-revolucionário.
Se há pessoa que tem dedo(s) nessa evolução, é o dr. Queiroz. A par do Prof. Moniz Pereira, deve ser dos poucos dirigentes/treinadores portugueses capazes de ver para além do dia de hoje.
Sempre tiveste em Portugal jogadores e treinadores conceituados.
Portugueses entre os melhores do Mundo? Apenas depois de emigrarem, e de jogarem com e contra os melhores.
23 Junho, 2021 at 10:21
Eu nem pedia “tanto” Cherba: uma Vanessa Marques no meio campo e uma Rikke Sevecke no centro da defesa, ao lado da Gi Santos e tendo a Wibke e e a Marchão nas laterais; Guarda redes, como deixámos fugir as 2 melhores nacionais e a Rite Costa não quer nada connosco, também teremos de ir buscar ao estrangeiro; posição 8 a Andreia Jacinto, mas tendo a posição10 a tal jogadora de que teríamos de abrir os cordões à bolsa para que ela e a Pinto possam evoluir (uma Jill Roord do Arsenal, seria, para mim um must e rapidamente se afirmaria como a vedeta do campeonato); na frente, Ana Borges, Chandra Davidson, Telma Encarnação, Diana Silva, Marta Ferreira e uma extrema brasileira com as qualidades da Mylena Freitas que saiu do Famalicão para a China, por forma a dar “descanso” e não deixar descansada a Ana Borges. Repito para essas aquisições o dinheiro da venda do Misic chega.
SL
23 Junho, 2021 at 9:05
Bom dia,
Obrigado Álvaro por mais esta análise pertinente, o Benfica mantém e aguarda, o Braga aposta forte, no nosso caso é um silêncio ensurdecedor no que toca a reforçar a equipa.
23 Junho, 2021 at 10:18
Tivéssemos nós ganho o jogo contra o carnide e nada destas duvidas faziam sentido. O que é certo é que com menos investimento continuámos a lutar pelo campeonato até ao fim. A derrota contra o braga na jornada anterior é que nos f*deu porque não tivemos força anímica nem física para a obrigação de ganhar o jogo.
Saíram muitas jogadoras internacionais das quais só tenho pena a nevena (pelos livres) e a raquel, pois eram acima da média.
Na minha opinião no FF também devemos fazer a simbiose entre experiência e juventude por isso estou expectante para saber quem vai entrar e com que qualidade.
23 Junho, 2021 at 10:32
Pois e se a minha avó não tivesse morrido ainda hoje era viva … com 120 anos … mas viva.
A realidade é que com aquilo que tínhamos na época que findou chegámos ao fim da mesma sem poder com uma gata pelo rabo, precisamente porque o plantel já era curto. E planteis curtos não ganham campeonatos. Principalmente se tem mais jogos e deslocações que as concorrência, por força de essas “poucas” para compor um plantel estarem todas na selecção onde efectuaram nesta época 10 jogos.
Ora se o manto o ano passado para tapar a cabeça descobria os pés e vice-versa, neste ano, com 10 saidas (8 internacionais) pode ficar um toalhete que apenas tapa as “vergonhas” como escreviam os cronistas das descobertas.
Um abraço e saudações leoninas
p.s.: tenho pena que não tenha pena da Inês Pereira e da Patrícia Morais porque ficámos sem uma guarda redes ao nível que é exigido, nem da Capeta e da Carolina pois ficamos sem PL; ou da Tatiana Pereira, pois ficámos sem trinco … como já estávamos precisados de uma … ou de um DD ou de outra Central ….
23 Junho, 2021 at 11:31
Com menos investimento lutámos pelo campeonato até ao fim. Ok, aceito.
E quais serão as consequencias do desinvestimento no ano em que as outras equipas se reforçam? Ou será que a perda de uma equipa titular inteira é algo que pode ser colmatado sem grande problema?
O Sporting depois de ter sido pioneiro, vai perder o comboio do FF e daqui a uns anos vamos arrepender-nos
23 Junho, 2021 at 13:04
“O Sporting depois de ter sido pioneiro, vai perder o comboio do FF e daqui a uns anos vamos arrepender-nos.”
É o que temo!
23 Junho, 2021 at 18:35
«Com menos investimento lutámos pelo campeonato até ao fim. Ok, aceito»
É uma perspectiva. Se calhar lutámos até ao fim porque no fim estavam 2 jogos um em Braga e outro contra o Benfica ambos muito melhores fisicamente que nós, que tínhamos um plantel mais curto e desequilibrado. Foi-se “disfarçando” enquanto hove gás. A nossa 2ª volta já não deu para disfarçar muito.
SL
23 Junho, 2021 at 11:21
Há que ter paciência porque o defeso ainda vai o principio e será longo… E alguma fé de que o Clube fará o seu papel.
Quando comparam o FF com o FM há toda uma diferença que é preciso ter em conta.
A formação do FM está entre as melhores da Europa, como se vê com as selecções jovens a atingirem finais das competições em que entram, e até a ganhar algumas.
Vêem-se guarda-redes como o Diogo Costa ou o Max, vêem-se defesas como o Dalot, o Diogo Leite, o Inácio, o Tiago Djaló, o Nuno Mendes ou o Quaresma, vêem-se médios como o Bragança, o Florentino, o Vitor Ferreira ou o Fábio Vieira, e vêem-se avançados como o TT, o Dani Mota, o Gonçalo Ramos ou o Rafael Leão… Tudo jogadores de inegável qualidade para a idade que têm e que, por isso, muitos são seguidos por clubes europeus.
No FF não há nada disto. Há a Kika e pouco mais. E mesmo assim não se pode dizer que está ao nível deste rapazes e muitos outros que podiam estar aqui mencionados.
A realidade do FF português, no que ao perfil da jogadora diz respeito, é muito mais fraca do que a realidade do FM. A rapariga portuguesa que se encontra na formação, salvo uma ou outra excepção, é baixa, lenta, com uma técnica não muito apurada e muito pouco física. Está muito longe de ter a base para o sucesso – técnica, altura, velocidade e componente física – desejada.
Por isso, quando se diz que o sucesso passa por apostar na formação é preciso ter algum cuidado.
É óbvio que tem de se apostar na formação. Mesmo que sejam em jogadoras baixas, lentas, pouco físicas e com uma técnica não muito apurada. Seja em que modalidade for, tem sempre que se apostar na formação e trabalhar os e as jovens para que melhorem no dia a dia e cheguem com condições para serem atletas nos seniores.
Agora, há que perceber quando as condições existentes não são as melhores e que, para um determinado patamar e nível, será difícil ter a quantidade suficiente para fazer meio plantel com jogadoras da formação.
Onde é que está uma Max, onde é que está uma Quaresma, uma Inácio, uma Nuno Mendes, onde é que está uma Bragança, uma Matheus Nunes, onde é que está uma Jovane ou uma TT na formação do FF so Sporting?
Não existem!
Como é que se pode apostar numa GR jovem com 1,61m?
Mas brincamos ou quê?
Como é que uma miúda com 1,61m – que seja o 1,63m que eu vi algures! – chega à barra que está a 2,44m de altura?
Como é que se pode esperar que uma Mariana dê uma boa lateral?
Como é que se continua a apostar na Bruna, que é uma jogadora lenta e baixa para central? Que se tenha apostado há 5 anos, entende-se. Mas passaram 5 anos e nada evoluiu, antes pelo contrário. Hoje parece muito mais lenta do que era na altura.
E podia continuar aqui a desfilar nomes…
As miúdas que, nesta altura, estão na fase final da formação – fase final da idade de juniores e fase inicial da idade de seniores – não têm grandes condições para serem jogadoras de um clube como o Sporting – com algumas excepções, como é o caso da Andreia.
Olha-se para a Marta Ferreira – 18 anos, 1,66m, 58kg – que é a avançada coqueluche da nossa formação, e para a Telma Encarnação – 19 anos, 1,69m, – que é a melhor avançada jovem de Portugal, e a diferença é enorme.
A Telma já é uma jogadora e jogava de caras na nossa equipa.
A Marta é um projecto de jogadora que, apesar do sucesso nas camadas jovens, tenho muitas duvidas que alguma vez se faça jogadora para jogar na nossa equipa principal. O perfil para o sucesso não está lá. É baixa, não é rápida o suficiente, não é um talento de técnica, e é uma jogadora pouco física. As coisas são como são…
A Telma, sendo também baixa, é muito mais rápida que a Marta, mais física e é bem mais física. Tirar a bola à Telma é complicado. Por isso, numa idade similar, uma já vai muito à frente da outra.
Naquilo que eu vejo, a aposta na formação, para já, tem de estar muito limitada. A equipa precisa de jogadoras internacionais/estrangeiras que tragam o que falta ao FF nacional: altura, poder físico, velocidade, mais técnica.
E devem haver milhares de jogadoras interessantes, até jovens, com estas características espalhadas pelo mundo… muitas delas com preços acessíveis para o nosso bolso!
A contratação da Anouk Dekker, por parte do Braga, mostra o caminho que deveríamos estar a seguir.
Para acabar, volto a dizer, se não conseguirem meter 1,5M€ do orçamento da SAD no FF, esta Direcção bem pode fazer as malas e ir dar 100 voltas ao mundo, a pé!
23 Junho, 2021 at 13:20
Errata:
Onde se lê “(…)mais física e é bem mais física.” deve ler-se “”(…)mais técnica e é bem mais física.”
23 Junho, 2021 at 18:04
Isso! 🙂