Caros leitores da tasca, se na semana passada falei-vos do campeonato nacional de sub-19, competição que tem como objetivo dar minutos de jogo a jovens que estiveram parados quase 14 meses, por culpa da pandemia, hoje falo-vos de outro torneio, o da associação de futebol de Lisboa, com o mesmo objetivo. Este é uma prova que reúne 6 equipas sub-21 da área metropolitana de Lisboa (Sporting, Alverca, Belenenses, Loures, Oeiras e Casa Pia) e é mais uma oportunidade de vermos a equipa de sub-19/ sub-23 em ação.

Do jogo com o Leixões mudaram-se 5 peças. Saíram Vasco Gaspar, Miguel Menino, Gilberto Batista, Diogo Cabral, Youssef Chermitti e para os seus lugares entraram Diogo Pinto, Gonçalo Batalha, Diogo Ramos, Rodrigo Marquês e Nelson Pereira (filho do antigo guarda-redes do Sporting com o mesmo nome).

A primeira parte foi disputada a um bom ritmo, com as duas equipas a equilibrarem a contenda. Na equipa leonina, a troca de Miguel Menino por Gonçalo Batalha tornou a equipa mais cerebral e menos intensa na procura da baliza adversária. São dois jogadores totalmente diferentes que mudaram a forma de jogar da formação leonina, mesmo que nestes dois jogos se tenham apresentado no mesmo sistema tático. Este jogo pediu uma maior intervenção de Renato Veiga, pois sem um médio “box-to-box” era necessário que saísse das primeiras linhas de pressão, transportando a bola para terrenos mais adiantados. Fez talvez, o melhor jogo que o já vi fazer. Descomplexado, concentrado e sem passes disparatados, levou a bola muitas vezes perto da área contrária, marcando o golo na melhor jogada coletiva do jogo. Gonçalo Batalha procurava esticar o jogo, ou a profundidade do avançado Nelson Pereira ou o passe longo para variar o flanco de jogo. Também dar destaque a Matheus Fernandes, jogador que neste jogo foi “obrigado” a procurar o centro do tereno, dada as movimentações do avançado leonino. Procurou fazer as suas combinações na ala, procurando o “overlap” com o extremo/lateral, mas como Nelson Pereira também procurava esses terrenos, foi necessário que Matheus Fernandes subisse mais no terreno, “transformando-se” num segundo avançado. Esta não é a posição natural deste jogador, mas fê-la de uma forma competente.

Comparando com o jogo passado, e dado que Gonçalo Batalha não é tão incisivo na pressão, a equipa de Oeiras teve mais liberdade, e desmontou com alguma facilidade o esquema defensivo leonino. Os dois extremos foram uma constante dor de cabeça aos defesas leoninos, e quero destacar negativamente o central norueguês Frobenius. Se na passada semana o elogiei e destaquei as qualidades de construção e de posse de bola, neste jogo vieram ao nu algumas fragilidades que deverá corrigir. Como é um central alto e muito pesado, tem dificuldade a controlar a profundidade e a velocidade dos extremos das equipas contrárias. É necessário que ele possa ver uns vídeos do nosso Coates para perceber o que deve e não deve fazer em campo, para se tornar uma solução a curto prazo na equipa B. Os laterais continuaram a combinar bem com os extremos e a serem muito ofensivos, mas neste jogo depararam-se com dois extremos leoninos muito individualistas, Isnaba Mané e Rodrigo Marquês. Estes queriam partir muitas vezes para o desequilíbrio 1×1 e para a jogada individual, perdendo muitas vezes momentos em que podiam ter assistido o colega. Esta indefinição é natural na idade e é importante que continuem a errar, até começarem a compreender melhor os momentos do jogo.

Ao longo destas duas competições, é possível já perceber um 11 possível para atacar o campeonato nacional de Sub-23. Vasco Gaspar ou Diego Callai na baliza (se entretanto não subir para a equipa B), Tiago Santos na lateral direita, Rodrigo Rêgo e Frobenius no centro do eixo defensivo e Martim Marques na ala esquerda. Um meio campo com Renato Veiga, Miguel Menino e Matheus Fernandes e na frente de ataque, Diogo Cabral/Rafael Moreira, Isnaba Mané e Youssef Chermitti. Resta ao treinador Filipe Pedro conseguir potenciar da melhor forma este conjunto de jogadores muito novos, mas muito interessantes. Prevejo que com esta equipa e com a estabilidade necessária, possamos fazer um campeonato de sub-23 bastante melhor que o do ano passado.

*quando o deixam entrar na Academia, o JFCC coloca na ementa um prato com dedicatória para os #FormaçãoLover