Nas 2 últimas semanas muito do debate nesta mui nobre Tasca sobre o Nosso Futebol Feminino, (des)centrou-se na existência ou não de Jogos de Preparação nesta pré época. Claro que esse será sempre um assunto oportuno por poder definir boa parte da qualidade da preparação para a temporada que se vai enfrentar. Mas não me parece que seja o mais relevante. Vejo como muito mais importante e preocupante, a ausência de informação do Clube sobre esses jogos de preparação e o secretismo que envolveu a sua realização. E tenho essa opinião porque entendo que o desenvolvimento do Futebol Feminino (em geral e mais em particular do Nosso FF) necessita de publicitação, de promoção, de atrair públicos, de conquistar e fidelizar adeptos, de angariar patrocínios e publicidade, de gerar receitas. E isso não se consegue com secretismo e opacidade.

Aquilo que advogo para a gestão do FF do Sporting é, pois, diametralmente oposto ao que parece estar a ser feito. Basicamente devemos ser muito mais proactivos a potenciar as características diferenciadoras do SCP e que nos oferecem vantagem relativamente a qualquer outro Clube português: a existência de 4 G.O.A. com tradição de enorme apoio ao Clube, a nossa implantação nacional (e internacional) orgânica através de uma extensa rede de Núcleos SCP e a forte capacidade de mobilização da nossa enorme massa adepta são factores que deveriam ser usados até à exaustão para sustentar desportiva e financeiramente os nossos projectos. E passo a sintetizar algumas das iniciativas que, na minha opinião, poderiam e deveriam pautar essa gestão proactiva de procura da sustentabilidade desportiva e financeira do nosso Futebol Feminino.

1 – Política de publicitação e promoção massiva dos Jogos, das Equipas e das Atletas, aproximando Sócios e Adeptos das Equipas (TODAS, desde a A até à sub-13);

2 – Uso dos media do Clube para cumprir com maior eficácia o exposto em 1 (nomeadamente a melhoria radical e a actualização permanente da informação disponibilizada no site e nas redes sociais; programa Semanal de uma hora na Sporting TV dedicado ao FF com resumos e informação de todos os nossos jogos e entrevistas biográficas com as jogadoras e elementos das equipas técnicas – no intervalo anúncios a produtos exclusivos FF nas Lojas Verdes (aliás a Sporting TV deveria seguir este mesmo modelo para as 5 Modalidades de Pavilhão, para o Judo, o Ténis de Mesa, o Atletismo, Ginástica, Natação, para as Modalidades de Desporto Adaptado e Paralímpico e para o conjunto das restantes Modalidades; teriam 3 horas diárias de boa programação de 2ª a 6ª, diferenciada e formadora da nossa Cultura Eclética; acrescentando as horas dedicadas ao Futebol, as horas dedicadas à informação do dia – colocando todas as Modalidades com um responsável por lhes fornecer informação -, com a retoma de um programa idêntico ao “Núcleo Duro”, com a realização de outros programas mais dedicados ao publico jovem e ao público feminino e com os Directos de Jogos, a Programação não seria problema; … ah! … e, já agora … voltar a colocar no site a informação da programação Sporting TV do dia e do dia seguinte); podcasts com entrevistas a nossas atletas como foi o de Joana Marchão no ADN de Leão com promoção nesse programa; iniciativas regulares usando as atletas em vários pontos de grande acesso público e nas Lojas Verdes para sessões devidamente publicitadas de venda autografada de camisetas e outros artigos FF;

3 – “obrigatoriedade”/meta de realização de 2 jogos e 1 Torneio fixo de pré época, organizados pelo Sporting: Jogo de Apresentação e Troféu Octávia Andrea antes, respectivamente, do Jogo de Apresentação do FM e do Jogo do Troféu 5 Violinos e incluídos nas respectivas Gameboxes; Torneio Quadrangular Internacional no Algarve, na primeira quinzena de Agosto, a defrontar mais 3 equipas entre o 4º e o 10º lugar de campeonatos como os de Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Dinamarca, Áustria procurando ter CR7 como sponsor e patrono (“CR7 Lifestyle Trophy”; convidando, nos 3 primeiros anos uma das equipas da carreira de Cristiano Ronaldo – Manchester United, Real Madrid e Juventus), buscando também outros patrocínios de grandes sponsors e o apoio logístico quer do Turismo do Algarve quer (em alternância anual) dos Municípios de Lagos, Lagoa, Portimão e Silves e de Albufeira, Quarteira, Loulé e Faro. Todos estes Jogos teriam transmissão da Sporting TV.

4 – Disponibilizar packs de bilhetes a preços simbólicos aos 8 Núcleos SCP Algarvios para assistirem aos jogos do Torneio. A aquisição de gameboxes FF também daria acesso a esses jogos. Reunir previamente com esses Núcleos (todos os anos, com pelo menos 2 semanas de antecedência, relativamente ao início do Torneio) para acertarem a acção mútua na promoção e publicitação do Torneio. A partir do primeiro Torneio desafiar os Núcleos algarvios para a angariação (coordenada com o Departamento) de pequenos patrocínios locais para o Torneio do ano seguinte (particularmente dos municípios da área desse Torneio) oferecendo convites para os jogos do Torneio em disputa para aquilatar do retorno de um potencial investimento publicitário.

5 – Definir como regra que todos os jogos em casa sejam disputados no Estádio José de Alvalade

6 – Reunir ANTES DO INÍCIO DOS TRABALHOS DE CADA PRÉ TEMPORADA, com os 4 G.O.A. do SCP e com os 50 Núcleos dos distritos de Lisboa, Santarém e Leiria e da chamada península de Setúbal para definir com eles os números de Gameboxes a preços convidativos a adquirir por cada uma dessas entidades (tendo como meta inicial 2.000 para os G.OA. e 10 a 30 por cada Núcleo. Do mesmo modo, acertar iniciativas que tornem mais apelativas as deslocações desses Núcleos fora da Cidade de Lisboa, incluindo a organização de excursões de agrupamento de Núcleos por áreas de proximidade, visitas de grupo ao Museu Sporting, coordenação de calendários com as Modalidades para possibilitar assistir a jogos no PJR também a preços privilegiados, etc.)

7 – Definir 3 categorias de jogos para efeitos de bilhética: A para jogos internacionais oficiais; B para os jogos Nacionais teoricamente mais competitivos; C para os restantes jogos nacionais e para os jogos de pré temporada. Definir inicialmente o preço dos bilhetes dos jogos categoria C em 2€ (Laterais) e 4€ (Centrais), de categoria B em 3€ (laterais) e 6€ (centrais) e de categoria A em 4€ (laterais) e 8€(centrais). As 1ªs laterais a ser vendidas serão as que se situam entre a Curva Sul e a central dos Núcleos por forma a tornar mais “contagiantes” os cânticos e coreografias dos G.O.A.

8 – Definir os preços da Gameboxes FF (com 3 jogos Champions + jogo apresentação + jogo troféu Octávia Andrea + 11 jogos Campeonato): para SÓCIO em 45€, 50€ e 55€ consoante o sector for respectivamente Superior, Lateral ou Central; para os G.O.A. 30€ na Curva Sul; para os NÚCLEOS SCP também 30€ mas na Central (Sectores A1, A2 e A3);

9 – Os bilhetes cedidos ao Clube para os jogos fora devem ser primeiramente colocados à venda nos Núcleos de proximidade à localidade em que esses jogos se realizem (e.g.: Torreense – Núcleo SCP de Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã; Ouriense – Núcleos SCP de Ourém, Tomar, Entroncamento, Torres Novas; Amora FC – Núcleos SCP de Seixal, Almada, Costa de Caparica). Para tal devem ser atempadamente efectuadas reuniões com esses núcleos para acertar a promoção local do jogo, a promoção do Clube via Sporting TV mas direccionada para a Região, iniciativas de apoio à deslocação da equipa (e/ou de promoção de uma maior proximidade com a mesma), iniciativas de interacção e convívio entre adeptos de diferentes Núcleos, etc. Este princípio coloca-se com ainda maior acuidade nos jogos disputados em áreas mais afastadas de Liboa, pois o proveito mútuo da sua aplicação é ainda muito mais notório (esta iniciativas por parte do Clube ajudarão a cativar mais sócios nessas regiões; isto porque os Núcleos se sentirão muito mais apoiados e verão muito mais reconhecida a importância do seu incansável trabalho).

10 – Alocação anual de 1,5M€ da SAD para o F.F. do SCP (1M€ para a equipa profissional; 0,5M€ para as restantes) independente das receitas de Gameboxes + Bilhética + Merchandising + Sponsors + Publicidade + Prémios de Competições e outras receitas geradas especificamente pelo FF e que, por isso, a ele devem ser atribuídas (criando, na contabilidade da SAD, um Centro de Custos adstrito ao FF).

11 – Construir uma Equipa principal com um plantel máximo de 24 jogadoras profissionais (com remunerações atractivas) e um máximo de 8 jogadoras estrangeiras mas de qualidade inquestionável e que acrescentem ao plantel algo que seja ainda difícil obter em Portugal (tem que ver com posições mais carenciadas ou características diferenciadoras – físicas, mentais, técnicas, tácticas, competitivas, etc); procurar que a maioria das jogadoras portuguesas sejam da nossa Formação ou estejam há alguns anos no Clube. Moldar a equipa para uma atitude competitiva de exigência máxima em TODOS os jogos, para uma cultura de vitória e, simultaneamente, para a oferta de espectáculos de qualidade que cative crescente público; formar atletas nessa Atitude e Cultura desde o escalão mais jovem e procurando sempre que as Atletas Profissionais ofereçam testemunho e EXEMPLO da sua experiência de carreira.

12 – Pugnar pela rápida profissionalização total da principal competição em Portugal e para a realização de um segundo quadro competitivo semi-profissional; definir as regras de licenciamento das equipas para cada um dos quadros, bem como, salários mínimos, regras de fair play financeiro, condições para a penalização de perda do licenciamento profissional, direitos televisivos e sua distribuição, organização e regulamentação da competição a cargo da LPFP, profissionalização de um quadro de arbitragem de 1ª categoria para o FF, implementação do VAR em todos os jogos da Liga Profissional, recurso a tecnologias de apoio às decisões arbitrais como a de “olho de condor” na linha de golo, visualização e audição pública das decisões de VAR e das conversas entre árbitros, etc, promovendo assim a transparência, rigor e lealdade competitivas .

13 – procurar Main Sponsors que financiem a equipa tendo como meta inicial 300.000€; patrocínios específicos tendo como meta inicial 100.000€ e contratos de publicidade tendo como meta inicial 50.000€; produzir merchandising próprio tendo como meta inicial uma reversão para o Departamento de 50.000€ (todas estas metas iniciais devem ser monitorizadas e a sua evolução publicitada com o objectivo de DEFINIR DESAFIOS PROGRESSIVAMENTE MAIS EXIGENTES, quer em assistências, quer em receitas de bilhética, quer em receitas de sponsoring, de publicidade, de merchandising e de direitos de imagem).

O mais grave, em minha opinião, é que a execução com sucesso das iniciativas constantes nestes 13 pontos até nem é uma miragem longínqua, antes sendo atingível com relativa facilidade.
Requer, em primeiro lugar, VONTADE DE TRABALHAR MAIS PROACTIVAMENTE em vez de ficar à espera que as coisas nos caiam no colo como que por obra e graça do Divino Espírito Santo; em segundo lugar, exige uma política de comunicação totalmente aberta e com um muito maior foco na promoção do Jogo e das Jogadoras; depois, aconselha uma muito maior humildade no RECONHECIMENTO DO ENORME POTENCIAL DOS G.O.A. E NÚCLEOS SCP como agentes capacitadores da afirmação da nossa Imagem e da sustentabilidade da audácia dos Nossos projectos; finalmente, implica o DESEJO FIRME, INEQUÍVOCO E EXPLÍCITO DE LIDERAR O FUTEBOL FEMININO em Portugal e de nos colocar no topo do FF europeu de Clubes.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!