O Sporting voltou a Alvalade, os adeptos disseram presente, Palhinha e Matheus Nunes disseram que são eles que mandam, o BeSad ficou mudo. O resultado foi uma noite de muito amor, onde só faltou a goleada que se justificava

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O jogo terminava e, enquanto os adeptos e os jogadores se aplaudiam mutuamente, os donos das estatísticas davam-nos a confirmação de quão esmagadora foi a diferença entre Sporting e BeSad.

Dizem os números, que o Sporting bateu vários recordes nesta partida:
Máx. posse de bola, 70%
Máx. de remates de uma equipa na Liga, 24
Máx. faltas, 15
Máx. cantos, 9
Máx. passes certos, 560
Min. defesas de guarda-redes, 0

Os golos de Gonçalo Inácio e de Palhinha, aos sete e aos 48, acabaram por ser pouco para tanto futebol, para tanta inteligência táctica, para tanto caudal ofensivo. E não faltaram oportunidades claras para aumentar a diferença, com destaque para Paulinho, que vai passar mais uma semana no papel de besta, mas também para um transpirado e pouco inspirado Pedro Gonçalves, sem esquecer outros quase como o remate de Esgaio, a cabeçada de Coates, mais uma de Inácio, mais a “gosmice” de Nuno Mendes no momento de oferecer.

E tudo isto resultou de uma exibição cheia dos Leões, capazes de fazer os azuis pálidos passarem cerca de 80 minutos a correr atrás da bola (a excepção foram os dez em que o Sporting desacelerou quando Amorim fez três trocas simultâneas).

Palhinha e Matheus Nunes foram perfeitos na arte de ler quando o BeSad estava todo inclinado, colocando a bola no lado contrário, onde Vinagre e Esgaio (depois Nuno Mendes e Porro) aguardavam para disparar rumo à área. Paulinho veio tantas e tantas vezes até meio do campo, arrastando marcações, desorientando o bloco adversário, abrindo aquele espaço que, depois, os médios e os extremos leoninos aproveitavam. Gonçalo Inácio, desta vez jogando do lado do melhor pé, rasgava uma e outra vez para as combinações de Nuno Santos e de Vinagre. E, não sei se já vos disse, Palhinha tratou de juntar à qualidade defensiva e posicional uma geometria doutorada em passes longos que acelera o jogo da equipa e deixa o adversário à rasca.

Junte-se a tudo isto a pressão. A pressão, minhas amigas e meus amigos, que abafou completamente o adversário. Lá do topo da bancada, o que este que vos escreve sorria ao ver como o BeSad tentava sair a construir, mas ao fim de três passes tinha que charutar a bola lá na frente. Em sentido inverso, os azuis tentavam fazer o mesmo e os Leões saíam da caixa de fósforos com uma qualidade e personalidade digna de registo.

Creio que podemos chamar a isto, maturidade. O Campeão em título sabe o que sofreu para conquistá-lo e tem um treinador que percebeu as fraquezas tácticas que motivaram muito desse sofrimento. Agora, com a máquina oleada ao longo de meses, não há que inventar. Apenas ir acrescentando peças no sentido da perfeição. E ontem, não fora a quantidade de golos falhados, teríamos estado muito perto dela e ainda estaríamos mais ansiosos para que chegasse o momento de regressar a esta love city em que se tornou o futebol do nosso Sporting.