Estamos a apenas 3 dias de iniciar as competições oficiais da época 2021-2022 e, para melhor avaliar a forma como a vamos bordar será importante ler a curta entrevista colectiva que Mariana Cabral forneceu aos jornalistas que recebeu em Alcochete, na passada 2ª Fª, 23 de Agosto, e publicada no site Lado F.

Nessa colectiva, Mariana começou por fazer o seu balanço dos trabalhos da pré-temporada: «(…) estamos a criar um novo grupo – o staff é novo, há jogadoras novas que chegam de fora, outras que transitam da formação, algumas jogadoras também saíram da equipa… O mais importante era integrar esta gente toda. Depois, criar uma equipa, de facto: criar uma nova forma de jogar, de atacar, de defender, novas dinâmicas. Tem corrido muito bem, elas têm tido uma disposição muito boa a tudo aquilo que temos apresentado e estamos completamente preparadas para o primeiro jogo, (…)».

Já sobre a recomposição do plantel a técnica principal das leoas referiu: «(…) tem sido uma mescla muito boa e resulta num grupo muito forte. Há aqui jogadoras que já cá estavam há muito tempo, outras que subiram a partir da formação e sabem muito bem o que é o ADN Sporting e as outras que vieram de fora perceberam rapidamente o que nós queríamos e o tipo de mentalidade pretendido. O grupo das capitãs também foi muito importante nesse sentido, assim como o estágio que fizemos no Algarve, para integrar as novas jogadoras.». E, sobre a integração de novas jogadoras estrangeiras de 5 nacionalidades diferentes: «Estão muito bem adaptadas, o estágio também ajudou, a praxe e tal, o normal. Elas já dizem as palavras mais importantes em português, vocês sabem quais é que são. Tem sido ótimo. O grupo tem recebido muito bem todas as jogadoras e é importante ter um grupo em que todas se sintam importantes, ouvidas, integradas e envolvidas. Depois, cá dentro, elas percebem. O inglês também facilita. Com a Shen [Menglu, chinesa], às vezes é um bocadinho mais difícil, mas conseguimos, com desenhos, seja de que forma for.»

Sobre o estado em que se apresentarão no próximo sábado para disputar a Supertaça contra o campeão Benfica, a nossa treinadora foi mais pragmática: «É praticamente impossível dizer que uma equipa está pronta ao fim de seis semanas de pré-temporada. Sobretudo porque, como disse, é tudo novo. Claro que já estamos preparadas para competir, sem dúvida, mas há processos que levam o seu tempo a cimentar: Há equipas que já estão juntas há mais tempo, com a equipa técnica, já se conhecem umas às outras, sabem quem gosta mais de receber no pé ou na profundidade, esse tipo de coisas ganha-se com o tempo. Mas, obviamente, estamos perfeitamente confortáveis com a pré-época que fizemos e preparadas para competir.»

Desta entrevista podemos aferir que o grupo de trabalho não deverá sofre mais alterações, pelo menos durante o que resta a esta janela de mercado. O que, na minha opinião, poderá ser insuficiente para parte da abordagem da primeira parte da época. Desde logo porque os 3 primeiros jogos ditaram uma final com o Benfica, uma ida à Madeira e uma recepção ao Benfica. E isso pode significar o condicionamento num troféu (a Supertaça) e um handicap para outro (a Taça da Liga), que nos poderá reservar um caminho mais difícil se não formos primeiro na Série Sul da 1ª Fase do Campeonato BPI.

Façamos então o balanço da tal recomposição do plantel.

Tivemos 11 saídas mais relevantes:
as 2 Guarda Redes (Patrícia Morais, no Braga e Inês Pereira no Servette)
1 defesa lateral (Wibke Meister)
2 defesas centrais (Melena Damjanovic; Mónica Mendes, no Servette)
2 “trincos” (Tatiana Pinto, no Levante; Carlyn Baldwin)
1 centro-campista (Amanda Perez)
3 avançadas (Carolina Mendes, no Braga; Ana Capeta, agora no Famalicão; Raquel Fernandes).

Foram, pois 11 saídas sendo que algumas delas (5) muito importantes, outras viram a sua utilização muito afectada por lesões (3) e as restantes (3) eram suplentes que iam regularmente a jogo.

Na recomposição, fizemos 7 aquisições e “subimos” 2 jogadoras:
1 Guarda redes – Doris Bacic (croata, 26 anos, 1.85m, vinda da Juventus=
1 Defesa central – Mélisa Hasanbegovic (Bósnia, 26 anos, 1.79m, vinda do Ferencvaros)
1 Defesa lateral – Francisca Silva, 19 anos, vinda da equipa B
1 Média ofensiva – Brenda Pérez (espanhola, 28 anos, 1.57m, vinda do Espanyol)
1 Média centro – Margarida Sousa, 24 anos, vinda da equipa B
4 avançadas – Chandra Davidson ( canadiana, 23 anos, 1.73m, vinda do Torreense); Diana Silva (26 anos, 1.61m, vinda do Aston Villa); Ana Teles (20 anos, 1.60m, vinda do Braga); Shen Menglu (chinesa, 19 anos, 1.62m, vinda do Jiangsu Suning).

reforços fut fem 2122

Parece claro que ficámos mais fortes do centro do campo para a frente, mas debilitados para trás. Melhor Guarda redes titular mas pior opção de banco; iguais as laterais; menos uma central (que deveria ser a titular para acompanhar a Melisa, ausência de trincos “de raíz”, isto é formadas e rotinadas na posição em vez de adaptadas a essa posição); do meio campo de construção para a frente ficamos com mais opções em todas a s posições excepto a de ponta de lança ou avançada móvel mas com presença de área (temos a Chandra Davidson, mas em caso de lesão ou castigo ficamos com a Marta Ferreira ou com adaptações o que acho muito curto).

Como onze base ou mesmo como 18 base penso que:
– ficámos mais desequilibrados que o ano passado;
– fizemos aquisições muito assertivas quer do ponto de vista desportivo imediato, quer a médio prazo, quer do ponto de vista financeiro;
– fomos extraordinariamente certeiros em quase todas as substituições de estrangeiras (das 5 NFL que entraram 3 são excelentes mais valias, 1 será uma ótima aposta a curto médio prazo e a espanhola é para mim uma incógnita, mas é difícil ser pior que a Amanda Perez);
– temos plantel mais fraco e desequilibrado que os de Benfica, Braga e Famalicão, o que não quer dizer que não possamos ficar em melhor posição que qualquer dos 2 últimos, mas muito dificilmente ultrapassaremos Benfica;
– esse handicap relativamente aos 3 principais concorrentes (atenção que o Torreense também se renovou muito bem e tem muito bom treinador e o Lank Vilaverdense também tem um plantel forte, mas acho que ainda “distante” dos 4 mais apetrechados) pode ser atenuado ou mesmo completamente ultrapassado com um investimento certeiro na janela de mercado de Janeiro (no mínimo, 1 central e 1 trinco de eleição, fortes fisicamente e capazes de ganhar a maioria dos duelos aéreos; de preferência juntando mais uma avançada com características idênticas às da Telma Encarnação);
– com essas afinações ficaremos, seguramente, bem mais fortes que o ano passado e, muito provavelmente com fortes hipóteses de conquistar o campeonato;
– isto porque a 1ª Fase é mais para inglês ver (acho que serão os mesmos apurados do ano passado, talvez com uma intromissão do Atlético Ouriense ou do Amora): nessa fase, o plantel, tal como esta, chega “para as encomendas” e até dará mais terreno e oportunidade de crescimento às mais jovens;
– o risco de esperar pela 2ª janela de mercado para fazer ajustes é o de que é mais difícil fazer boas aquisições nessa altura e estas terão sempre de ser integradas, provavelmente já com a competição a doer o que fará tudo depender muito do calendário.

formação fut fem 2122

Para já temos um aperitivo delicioso, um Benfica vs Sporting para discutir a atribuição da Supertaça, 1º título do ano. Com as curiosidades de:
– perceber qual o onze qua Filipa Patão escolherá para defender as cores do Benfica (uma vez que vem de uma fase em que participou no competitivo KAIF Trophy e depois teve duas eliminatórias no 1º caminho no acesso Fase de Grupos da Champions e, porque, 3 dias após o confronto com as nossas meninas, terá de ir aos Paíse Baixos defrontar o Twente, na 1ª mão da 1º elimantória do 2º caminho de acesso;
– perceber como Mariana Cabral disporá as peças na nossa equipa dadas as tais limitações que atrás referi.

A minha “aposta” para o nosso 11 será: Doris Bacic na baliza; a lateral direita, a Mariana Rosa ou a Alícia Correia; a centrais, a Bruna Lourenço e a Melisa Hasanbegovic; na lateral esquerda, a Joana Marchão; a trinco, a Rita Fontemanha; a 8, a Andreia Jacinto; a média mais ofensiva, a Brenda Perez; na extrema direita a Ana Borges; como ponta de lança muito móvel, a Chandra Davidson e na extrema esquerda, a Diana Silva (podendo ir a jogo a Fátima Pinto, a Ana Teles, a Shen Menglu, a lateral direita que não for titular e a Marta Ferreira.

Sejam quem for que sejam chamadas para defender a verde e branca com o emblema do leão rampante, que estejam em dia sim e que tragam para o nosso Museu o primeiro Troféu da época!

capitãs fut fem 2122

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!