Caros leitores da tasca, estou aqui de novo a falar-vos mais um pouco das equipas que mais nos fazem sonhar. A liga 3 já vai pela segunda jornada e a liga revelação voltou à competição este passado fim de semana. Acabei por não ter muito tempo para ver os jogos integralmente, mas deu para tirar algumas notas sobre os 3 jogos já efetuados dos diferentes escalões.

Numa primeira nota, houve uma obrigatória subida de escalão por parte de todos os intervenientes. Se a equipa B era uma das equipas mais jovens no ano passado, com uma média de 21,06 anos, tornou-se ainda mais jovem, com a maior parte dos jogadores a estarem abaixo do patamar dos 20 anos, tendo uma média de 19,97 anos. Com a saída de praticamente todo o 11 do ano passado, restando apenas do plantel de 20/21 Rodrigo Fernandes, João Goulart, André Paulo, Babacar Fati, Edu Pinheiro e Geny Catamo, foi necessário ir buscar o esqueleto da equipa sub-23 para compor a equipa. Ora estando num grupo da liga 3 bastante competitivo, estando à cabeça as equipas do Vitória FC, Cova da Piedade, União de Leiria e Torreense, estes jovens vão ter uma tarefa espinhosa pela frente, principalmente no início da temporada.

Tal como na época passada, Felipe Celikkaya está a procurar consolidar primeiro os processos defensivos e só ao longo da época trabalhar melhor o jogo de posse. É neste ponto que posso compreender a escolha pela dupla Chico Lamba – João Goulart e a dupla de médio defensivos Dário Essugo e Edu Pinheiro. Tal como no ano passado, é através da solidez defensiva que o treinador leonino quer construir uma identidade. Naturalmente que os primeiros dois jogos não mostraram jogadas ofensivas por aí além, até tendo perdido várias vezes a luta do meio-campo nos dois jogos. O duplo pivô Essugo – Pinheiro não tem funcionado como primeira linha de construção, dado que pisam os mesmos caminhos, não havendo ninguém que faça a ligação ao quarteto da frente. Já existem algumas movimentações interessantes entre Geny Catamo – Bernardo Sousa – Gonçalo Esteves/Hevertton Santos, onde Geny se desloca mais para o centro do terreno, combinando com os restantes para trocarem constantemente de posições. Contudo, ainda é pouco. O que acaba por ser normal, dado a transformação da equipa e ainda a pouca fluidez de jogo entre os nossos interpretes.

Voltando ao duplo pivô, Edu Pinheiro é muito lento a executar e, numa linha a três onde nenhum dos centrais tem grande capacidade em construir jogadas (talvez Chico Lamba possa ainda evoluir com a bola nos pés), é fundamental que haja velocidade e confiança nessa zona nevrálgica do terreno. Com Dário Essugo o cenário é diferente. É rápido a pensar e a executar, tem alguma capacidade em variar o flanco de jogo, mas tem um raio de ação demasiado baixo para quem quer ser o número 8, o elo de ligação entre a defesa e o ataque. Já Bernardo Sousa é um jogador muito inconstante e que está sempre mal posicionado no campo. É muito bom que ele seja um vagabundo, que vagueie entre linhas, mas é necessário um pouco mais.

Ainda sobre a equipa B, existe um ponto tático que achei interessante. Quando a equipa está cansada e com pouca capacidade de segurar a bola, Felipe Celikkaya tira um médio ala e coloca Rafael Fernandes, para fazer uma linha de 3 defesas. Por um lado, é importante para estancar o ímpeto ofensivo do adversário, por outro lado dá a Chico Lamba uma maior liberdade para arriscar e procurar um ataque mais vertical, utilizando a velocidade de Joelson ou Geny Catamo. É algo a rever, pois é uma ideia que poderá indicar que Celikkaya possa estar a preparar os seus jogadores para a equipa A.

Nos sub-23, a equipa foi a Machico derrotar a formação do Marítimo por 1-2. Resultado um pouco injusto, pois o empate seria o mais justo para o que as duas equipas fizeram em campo. Achei interessante a adaptação de Gilberto Batista a defesa central e a linha de três a construir com Gonçalo Batalha e não Renato Veiga. Gilberto deu uma maior consistência e segurança a sair a jogar (ainda que com alguns erros naturais de quem tem 17 anos) e Gonçalo Batalha libertou Renato Veiga para o que ele sabe fazer melhor, pressionar alto os médios maritimistas e procurar usar a sua capacidade de transporte de bola para ligar o jogo com Miguel Menino. Por outro lado, achei inconsequente a utilização de Mateus Fernandes numa das alas, principalmente na ala direita. Mateus Fernandes é um médio ofensivo com muita capacidade de drible e de executar eficazmente em poucos metros. Estar a colocar o jogador na ala direita, com um lateral que não é propenso a subir o corredor (Tiago Santos), torna-se um desperdício.

Numa nota final, Skoglund. Não gostei nada do jogo do norueguês, muita vontade mas muito inconsequência. Mal a definir os lances e ainda muito intempestivo. Para quem se espera que possa ser o terceiro avançado às ordens de Rúben Amorim, não mostrou que está noutro nível. Ainda tem 18 anos, tem muito tempo para crescer, mas claramente ainda não pode ser considerado uma alternativa credível a Tiago Tomás e Paulinho.

*quando o deixam entrar na Academia, o JFCC coloca na ementa um prato com dedicatória para os #FormaçãoLover