Quando comecei a escrever o artigo desta semana, o meu Spotify atreveu-se a apresentar-me uma música que é uma obra de arte. Para além disso, ainda parece que fala do voleibol do Sporting CP 2021/2022.

Eu sou maior do que era antes
E sou melhor do que era ontem
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou

A verdade é que me apetece parar de escrever e colocar a música em repeat e ver um pouco do jogo da equipa masculina e da equipa feminina. Infelizmente, o meu estatuto não permite armar-me em Miguel Esteves Cardoso e, por isso, seguem umas palavrinhas sobre ambos os jogos.

No sábado fomos derrotados por 2-3 (25-23; 21-25; 23-25; 32-30; 15-12) num grande jogo de voleibol. Há muito que não tínhamos um jogo desta qualidade por cá. Uma equipa muito combativa e com qualidade que lutou até ao fim com o hegemónico SL Benfica. Fomos a jogo muito bem preparado e com um plano de jogo que obrigou o Marcel Matz a usar tudo o que tinha para nos vencer. Deste lado também tivemos um motivado Gersinho a responder ao porta-aviões do adversário. Permitam-me dizer que os adeptos podem gostar mais ou menos do Gersinho, isso é subjetivo, o que não é subjetividade é o seu conhecimento tático sobre voleibol. Dizer isto sem concretizar fica um pouco pretensioso, mas para já é isto. Quando tivermos um jogo em canal aberto, eu preparo uns cortes para mostrar como o Sporting CP se porta. Vai ser interessante.

Olhando, agora, jogador a jogador:

Hugo Vinha: Não jogou;

Tiago Pereira: Coração de Leão! Começou muito bem o jogo, com muita qualidade no ataque e na recepção. Quem nunca viu o Tiago jogar com a verde vestida, não deve perder essa oportunidade. A partir do 4º set teve ali uma quebra de eficácia no ataque que levou à sua substituição, mas nada que comprometa a sua prestação positiva. Foi, a espaços, alvo dos serviços do SL Benfica, conseguindo mostrar-se presente;

Vitor Hugo: Agressividade. Jogou bem até meio do jogo, onde foi o único blocador do Sporting CP. A força de ataque foi dando muitos pontos através da boa distribuição do Thiago Gelinski. Também se notou uma quebra e foi substituído no 4º set pelo colega Gallego. Não percebi se se deveu a alguma questão física, mas o SL Benfica começou a marcá-lo bem;

Paulo Vitor: Pontuador. O maior pontuador do jogo está num nível bom. Claro que falha, mas quem é tão solicitado (como era o Dennis) é normal que também se note que falhe. Precisou de um suplente de qualidade para o fazer descansar, para depois voltar ao campo renovado. Não temos esse jogador por isso vamos ter mais PV quando os seus índices físicos também forem maiores;

Kelton Tavares: Esteve muito bem no set que tivemos de ir correr atrás. Entrou para blocar na saída de rede, pelo lugar do distribuidor, e fizemos uma boa sequência de pontos com ele em campo;

Thiago Gelinski: É o melhor reforço do ano, vamos ver se será a estrela do campeonato. Tem tudo para o ser. A par do Tiago Pereira, só falta rasgar a camisola com a energia. Quando ele jogar no PJR a rebentar pelas costuras, parece-me que vai virar MONSTRO!! Craque!!

Robinson Dvoranen: Consistência é a sua palavra de ordem. Tem um primeiro toque de nível mundial e um ataque que não compromete. O facto de não ser explosivo no ataque, não o torna num pontuador da equipa. Como disse, garante um bom 1º toque e isso, a espaços, é o principal foco do jogo. Vai ser um jogador importante durante a época, como o foi no ano passado num registo de primeiro toque e não de pontuador principal.

Gil Meireles: Não jogou;

Tiago Barth: A par do Gelinski foi um dos homens do jogo do nosso lado. Não esperava que chegasse com tanta eficácia de ataque. Esta foi retribuída com inúmeras bolas para ponto. Penso que pode dar mais ao nível do bloco, mas ainda está a perceber as dinâmicas de defesa da equipa;

Rafael Cavalcanti: Não jogou;

Frederico Santos: Estava muito nervoso e isso notou-se. Joga mais do que se viu, mas vem de um contexto competitivo bem mais baixo deste. Vai trabalhar e mostrar que podemos contar com ele;

João Fidalgo: Jogou bem e sempre muito disponível para ir buscar bolas impossíveis. Pareceu-me que assumiu mais campo do que habitualmente, mas faz parte. Quanto mais espaço de recepção assumir, em melhor posição fica o colega de ataque;

Tom D-P: Joga mais do que jogou, ainda assim vimos o verdadeiro Tom a espaços. O que parece é que não é um jogador para entrar do banco e virar um jogo imediatamente. Precisa de tempo, de aquecer, de entrar bem no jogo. É um jogador de crescer em campo;

Joaquin Gallego: Esteve bem. Esperavam-se blocos para virar o rumo do 5º set, mas não era fácil entrar no jogo. Entrou na luta por um lugar com o Victor Hugo e Tiago Barth. Vamos ter uma harmoniosa rotação nesta posição.

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A equipa feminina jogou em casa com o Castelo da Maia GC por 3-0 (25-15; 25-21; 25-13). Um jogo sem história nenhuma e com um nível de exigência baixo. Os reforços Regalado e Boshka, ainda sem certificado internacional, ficaram na bancada.

Vanessa Paquete: Eu disse que ela vai ser importante este ano, não disse? Melhor pontuadora com 15 pontos, melhor blocadora com 4 blocos e uma energia leonina para dar e vender;

Amanda Cavalcanti: Está a melhorar a cada dia e mostra-se preparada para esta época. Está a trabalhar para bater com mais força e já se vê esse trabalho;

Daniana Esteves: Segura no primeiro toque e tentando cumprir no ataque sempre que solicitada. A sua boa impulsão permite-lhe ser uma jogadora com potencial para ter tempo de jogo nestes desafios. Parece que ganhou espaço em relação ao ano passado;

Margarida Rocha: A tarefa de substituir a distribuidora titular é sempre muito difícil pela qualidade que esta transporta em campo. A Margarida é rápida a chegar à bola, o que é bom. Precisa de trabalhar para elevar o seu nível de jogo (e talvez perder alguns nervos que tinha) porque vamos precisar disso. A dupla substituição é uma arma a utilizar, tem de estar preparada;

Thaís Saraiva: Não esteve muito tempo em campo, o que nem dá para analisar;

Ju Carrijo: O que eu escrevi para o Thiago Gelinski também serve para aqui. É uma jogadora de muita qualidade e que vingará no nosso campeonato. Consigo as centrais têm muita bola e variada. Vale a pena acompanhar o seu jogo. Precisamos de mais tempo para perceber que se trata de uma craque? Não;

Claire Vercheval: Ainda longe do que pode dar à equipa, contudo com apontamentos interessantes. Vai ter tempo para evoluir a sua recepção e encontrar o seu ataque. Tudo se faz com trabalho e espero que esteja disponível para isso. Precisamos do seu braço poderoso e da sua coragem;

Jady Gerotto: Estou rendido e vocês também vão ficar. Eu acho que ela confia tanto no passe da Carrijo que qualquer dia salta de olhos fechados. 70% de eficácia de ataque e 8 pontos. Quero muito continuar a vê-la com esta alegria. Parece-me feliz por jogar no Sporting CP;

Aline Timm: Pouco jogou também, por isso não há muito a dizer. Gostei do apontamento final de agarrar as colegas depois da vitória. É das mais experientes e quer agarrar a época. Quem ler isto e estiver com a Aline que lhe pergunte: De 0 a 1000 quanto é que desejas vencer este campeonato? Já alguma vez desejaste mais? Depois digam-me;

Carolina Garcez: Sou fã. Já disse, vou continuar a dizer e a repetir-me. Gosto dela e da sua postura. Ser jogador não é só aquilo que entregamos tecnicamente ao jogo, é também a forma como nos mostramos ao contexto de jogo;

Daniela Loureiro: Durante o jogo recebi 3 mensagens do meu amigo Ricardo Roque sobre a Daniela. Parece-me suficiente para falar dela neste jogo. “A Dani é capitã a sério. (…) No final a chamar as colegas para irem cumprimentar os espectadores. (…) toma atenção à capacidade de receção, muito boa da Daniela, logo a colocar em ataque. E na alegria e fome de ganhar…” Está aqui tudo.

Já vai longo o artigo por isso termino dizendo que a Federação começou a época numa espécie de provocação ao Sporting CP. No lançamento da jornada não nos toma como candidatos ao título. Este post já está guardado nos computadores de umas dezenas de pessoas para soltar no momento certo.

Outro assunto. Quem acompanha sabe que o Sporting CP gosta de aquecer alternadamente em campo. As regras, subitamente, mudaram e já não nos é permitido isto. Internacionalmente é possível, a Federação achou que cá não. Vai ser uma época gira, vai.

Por fim, as palavras que saem deste fim de semana:
NÓS SOMOS DA RAÇA QUE NUNCA SE VERGARÁ!

p.s. – agora podes clicar aqui e descobrir a música que embala este post

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.