Tinha terminado o último post com a seguinte declaração: «No próximo fim de semana o Sporting vai a Torres Vedras defrontar a única outra equipa que ainda não perdeu pontos na nossa Zona. Pelo discurso da equipa técnica e das jogadoras estou seguro que disputarão o jogo com o mesmo rigor e atitude (e acredito que com a mesma inspiração) que têm demonstrado até aqui. Para podermos continuar a desfrutar do sucesso. E para nos isolarmos na liderança da Zona Sul.»

Devo, antes de mais confessar que apenas vi um “resumo” desse nosso jogo em Torres Vedras; o meu foco esteve em seguir as prestações das nossas equipas Feminina e Masculina de Goalball que disputavam, em Odivelas, a Super European Goalball League.

Mas, daquilo que pude constatar no pouco que vi, percebi que houve algumas mudanças na equipa: utilização da Beckert e da Bruna a centrais, prescindindo da Melisa; uso da Rita Fontemanha em vez da Fátima Pinto. Mas não houve grande mudança no modelo de jogo e figurino táctico até apresentado pela Mariana Cabral. Só que apesar desse figurino táctico ser igual (um 4-3-3 de base que se transforma ora num 4-2-3-1 em transição defensiva e, muitas vezes em início de transição ofensiva quando as adversárias exercem pressão alta sobre a saída das defesas ora num 3-4-3 com a subida de uma das laterais em processo ofensivo) a fluidez e eficácia até agora apresentada no modelo de jogo dele resultante foi afectada pela mudança das peças usadas.

Isso porque a ausência da Mélisa Hasanbegovic, retirou clareza, rapidez e acerto no início do processo defesa-ataque (a Bruna não tem a mesma visão periférica, a mesma qualidade de passe e a mesma rapidez de decisão) e a mudança da Fátima pela Rita também não ajudou, porque esta parece ainda pouco rotinada nesse processo de transição e ainda não contribui tanto para, em conjunto com a Joana Martins, fornecer mais linhas de passe que ajudem as defesas a decidir mais rápido e com mais acerto.

Por outro lado pareceu-me que a Marta Ferreira (que no último tinha subido imenso a qualidade das suas prestações) voltou a ser menos participativa e a decidir muitas vezes menos bem. Compreendo a insistência na sua utilização nesta fase, até para ajudar a acelerar o seu crescimento, mas acho que isso é uma “faca de 2 gumes; nestas idades, quando as coisas não estão a sair bem pode ser preferível mudar para não deixar que “a bola comece a queimar-lhe os pés”. A Mariana é quem sabe, claro, mas, em minha opinião ela poderia ter sido mudada ao intervalo [até com uma explicação assertiva sobre o que não lhes estava a sair bem e “convidando-a” a ouvir as indicações específicas à Chandra e a procurar perceber no banco o que esta estaria ou não a mudar; (lá está: as aquisições de estrangeiras serão tanto mais-valias quanto mais elas TAMBÉM servirem para ajudar a acelerar e melhorar o processo de evolução das jovens jogadoras da nossa Formação). A mudança da Bruna também acho que pecou por ter sido algo tardia (também a faria ao intervalo porque o nosso jogo há muito estava a pedir a Mélisa e também procuraria usar o mesmo recurso de coaching).

Foi um empate amargo, mas já tinha referido a evidente subida de qualidade deste Torreense (que já tinha sido patente no final da temporada passada após a saída do professor Nuno Cristóvão, mas foi reforçada esta época com uma recomposição do plantel que lhe deu muito mais equilíbrio e aumentou a qualidade).

Dito tudo isto, este foi um empate na fase em que os pontos não interessam. O que mais interessa (particularmente no caso do Sporting que mudou muita coisa) é ir cimentando processos e ir aprendendo individual e colectivamente. Mas é evidente que estes processos se trabalham muito melhor sobre vitórias, porque estas transmitem muito mais confiança no acerto do que se está a fazer.
Os próximos compromissos deverão continuar a servir para continuar a construir e acelerar esses processos. Mas também, como este e os anteriores, para ir avaliando como esses processos estão a ser aplicados em ambiente competitivo e o que, eventualmente, necessite de ser mudado.

Na próxima jornada, dia 10 de Outubro, receberemos o Estoril, uma equipa muito organizada e bem orientada, mas sem os mesmos argumentos competitivos do Torreense ou do Marítimo que já defrontámos. Mas terá de ser uma oportunidade para corrigir o que não esteve bem neste último jogo e, sobretudo construir um resultado e uma exibição convincentes que reforcem a confiança na equipa, no modelo de jogo e nos processos de treino e de jogo. Infelizmente, devido a compromissos das selecções, a quinta jornada já só terá lugar a 31 de Outubro; aí deslocar-nos-emos a Ourém para defrontar as meninas do Atlético local, equipa que deu imensa luta às águias quando estas as receberam na Tapadinha (resultado de 3-2).

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!