A vitória era obrigatória e o Sporting só pode queixar-se da falta de acerto em frente à baliza (outra vez), para não ter saído do Restelo com o dobro dos golos marcados. Tiago Tomás bisou, Peter Potter regressou, Porro assustou, Gonçalo Esteves aproveitou e Nuno Santos mostrou que nem numa noite de festa sabe brincar

tt-belem

O final de tarde convidava a um passeio junto ao rio, mas aquela fila em volta do velhinho Restelo era de quem tinha escolhido um dérbi para celebrar uma noite de sexta feira com amigos, coisa que parece pandemicamente lá tão longe como os dias em que íamos a Belém ver o Sporting. E antes que aquelas bancadas ganhassem um colorido como há muito lhes falta, Tiago Tomás tratou de deixar bem claro quem era o campeão e quem era a equipa da quarta divisão, à procura de um milagre histórico.

Bragança fez um daqueles passes que aceleram o jogo quando está toda a gente a dizer que ele é lento, Vinagre foi por ali fora com a felicidade de quem sabe que não apanhará um Antony em Belém e o cruzamento chegou ao segundo poste onde TT apenas teve que confirmar e celebrar. Dois minutos, um golo, gente às carradas fora do estádio à espera de ocupar o seu lugar e uma goleada celebrar. Puro engano. Não que o Sporting não tivesse mais do que oportunidades para marcar, marcar, marcar e voltar a marcar, mas entre a falta de pontaria que começa a ser exasperante e um redes Valverde à procura da glória, os minutos foram passando. Os Belenenses, sustentados na sua defesa de cinco que só queria defender, lá iam aguentando como podiam e sonhando que Clé, rapaz acutiliante, iria surpreender o mundo atingindo as redes leoninas.

E com tudo isto chegou-se ao intervalo com o marcador inalterado, mas com algumas dignas de destaque, como por exemplo, para o menino Gonçalo Esteves, um lateral direito de 17 anos cheio de qualidade com a bola no pé e vontade de levá-la à área adversária. O puto haveria de ser substituído por Pedro Porro, dono do lugar que o menino sonha ocupar, e o espanhol teve dez minutos em campo que deram para tudo: viu amarelo, celebrou o segundo golo de Tiago Tomás e foi alvo de uma entrada assassina, por trás, que o fez sair em maca e deixou os adeptos do Sporting sem vontade de continuar a ver o jogo (não sei se alguém disse ao Porro que o árbitro apenas deu amarelo ao Frias, o tal que entrou para aleijar).

Vieram dois penaltis, um deles feito pelo tal Frias que assim viu o segundo amarelo, e vieram os golos de Jovane e de Nuno Santos, dando um colorido ao marcador mais do que justificado, mesmo que conseguido numa segunda parte onde em metade da mesma o Sporting desligou a ficha e quase fez o Belenenses acreditar que era possível fazer uma festa que, como cantam os Nouvelle Vague, começaria na sexta à noite e duraria até sábado de manhã.