Mais uma volta, mais uma corrida, mais uma viagem. Esta semana trago os temas que, para mim, foram os mais impactantes da semana. As consequências do jogo com o Leixões SC da semana passada já foram publicadas, fala-se num nome para diretor do voleibol e quem são os jogadores em destaque no fim de semana.
Castigo e Multa
A Federação sancionou o Leixões SC com um jogo à porta fechada e uma multa de 574 euros. Será difícil opinar sem um contexto, por isso vamos a ele. Na semana passada, a AJM/FC Porto jogou no Dragão Caixa com SL Benfica e Sporting CP. (Pelos vistos) o grafismo do jogo que estava a ser televisionado não estava de acordo com os regulamentos, então a equipa da casa foi multada em 2296 euros, sendo 1148 para cada um dos jogos. Fica, evidentemente, ao critério de cada um sugerir sobre a gravidade dos incidentes e se estão ajustados à multa. Em comparação, tudo me parece descabido.
Já agora, e ainda no seguimento das declarações de Rui Costa, o ex-campeão nacional pelo Sporting CP e atual selecionador feminino de voleibol, Hugo Silva, mostrou-se contra a posição exposta. As palavras foram “Vai ser fundamental este grupo de trabalho da Selecção de femininos treinar ainda mais, mas acima de tudo já na Liga Lidl jogarem ainda mais do que jogam. Se fosse eu a decidir, teria colocado jogos a meio da semana ou, caso isso não fosse possível, fazer ainda mais jornadas duplas para assim todas estas jogadoras poderem chegar ao alto nível e dar a melhor resposta às competições de 4 e 5 jogos em 6 dias.”
Nem preciso de ir muito longe para dizer que só há pouco tempo começámos a ter profissionais femininas no voleibol em Portugal. Por isso, ainda há muito poucas atletas profissionais, logo para se sustentarem trabalham. A maioria das equipas treinam à noite pelas razões que mencionei. Numa Federação que nem juízes de linha leva aos jogos, será que a mesma tem criadas as condições para que as mães, mulheres, jogadoras, profissionais empresariais ainda aguentarem mais jornadas duplas ou jogos a meio da semana por (exemplo) 300 euros? Tem a palavras as jogadoras, a minha opinião pouco conta na verdade.
João Fernandes
Acho que é a primeira vez que comento rumores, mas a minha preocupação com a liderança do voleibol leva-me a isso. Várias pessoas já me vieram perguntar se, o que se comenta nos corredores do Sporting CP, é verdade sobre a vinda do ex-team manager do voleibol feminino para o cargo de diretor. Recordo as suas palavras assertivas e defensoras do Sporting CP na semana passada, aqui na Tasca, sobre o voleibol em Portugal. Não sei se os rumores são verdade, mas tanta gente a falar neles deve indicar que o Miguel Afonso já reuniu e escolheu o próximo diretor. Parece-me que seria uma boa escolha.
Destaque do fim de semana: Thaís Bruzza + Tiago Pereira
A equipa feminina veio até ao Norte jogar e vencer o GC Vilacondense (3-0) e Vitória SC (3-1). Em dois jogos bem diferentes um do outro gostava de destacar a Thaís Bruzza. Suave, Silenciosa, Assertiva e Leonina. A nossa jogadora é um esteio de segurança em todos os jogos e a sua consistência vale um lugar de estaca na equipa titular. A confiança do treinador nesta jogadora nota-se e os adeptos agradecem. Espero que a sua pouca exuberância não leve a pensar que tem pouca importância. Nada seria mais errado. Festeja como um de nós! Aos mais atentos e amantes de voleibol podem espreitar pequenas mudanças táticas que está a criar ao nível de serviço. Nota-se humildade aqui também.
Na equipa masculina estive na dúvida entre o Leon e o Tiago Pereira. Se o Leon continuar assim, será destaque em breve por isso preferi dar os holofotes ao craque deste início de época. O sportinguista Tiago Pereira está a levar esta equipa, emocionalmente, às costas. Não deixa cair, não desarma. Sempre na luta e no máximo das suas forças. Conquistou o lugar e a sua resiliência (a palavra da moda) vai mantê-lo lá. É um prazer vê-lo em campo. Que saudades tinha disto no voleibol masculino. Obrigado Tiago.
*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.
2 Novembro, 2021 at 17:12
Obrigado por estas crónicas, só um punhado de adeptos saberá do que falam, mas é um esforço bastante glorioso para impedir que o fosso, entre adeptos em que só o futebol profissional importa e o tal ecletismo que tanto aclamamos, aumente!
Pena de não morar sequer nem mais ou menos perto de qualquer pavilhão em que possamos jogar…
2 Novembro, 2021 at 17:20
Obrigado pela partilha de opinião, também estou a gostar imenso do reforço cubano, quanto a Tiago Pereira é um Leão.
2 Novembro, 2021 at 17:27
Por um lado compreendo as palavras do Hugo Silva mas por outro tenho de concordar com a opinião do Adrien S. e com as palavras do Rui Costa, que mostram bem mais bom senso para o que é actualmente o panorama do Voleibol feminino.
Ou o Hugo Silva ajuda a mudar esse panorama e subir, assim, o nível dado às jogadoras, ou bem pode é estar calado e deixar de tanta hipocrisia, ainda que, como disse, perceba que ele, como seleccionador, quer as jogadoras com um nível competitivo maior.
2 Novembro, 2021 at 17:36
Habemos cubanos? E são mais-valias imediatas?
SL
2 Novembro, 2021 at 18:05
Mais uma crónica assertiva.
Obrigado, Adrien
2 Novembro, 2021 at 18:09
Vi o jogo do voleibol masculino frente ao VSC ,uma vitória muita meritória perante um adversário que valorizou o jogo,e na minha opinião Tiago Pereira foi imperial no seu jogo enquanto o Leon foi mais um jogador de momentos,por isso julgo de todo merecidos os elogios feitos ao nosso craque…
Um abraço e viva o SCP !
2 Novembro, 2021 at 22:18
Mais uma excelente crónica do Adrien S.!
Falar em jornadas duplas e jogos a meio da semana numa competição em que ainda não se pode falar de profissionalismo é pouco sério.
Serão poucas as atletas que façam do Volley a sua profissão e consigam viver disso.
Exigir modelos competitivos de profissionais quando ainda estão muito longe de ser garantidas condições generalizadas de treino e de exclusividade desportiva às atletas é, no mínimo, hipocrisia). Vindo de um seleccionador nacional é colocar a carroça à frente dos bois. Deveria estar mais preocupado com a criação de condições de profissionalização,
competindo à entidade reguladora para quem o senhor trabalha estipular as regras de credenciação das equipas profissionais, como pré-condição para competir numa Liga profissional (salários mínimos, número máximo de estrangeiras, número mínimo de atletas formadas localmente, obrigatoriedade de escalões de Formação, etc).
Depois disso implementado, então sim, fale de modelos competitivos mais “preenchidos”.
Obrigado Adrien por mais um post muito informativo e didático.
SL
2 Novembro, 2021 at 22:30
Adrien, assertivo e resiliente. Focalizado no jogo. Uma das valências da Tasca. O volei faz parte do core. Mas na quadra é que se vê quem dá chocolate.
Quanto ao calendário, não só há jornadas duplas como as equipas do Sul ainda têm de andar a fazer 600km num dia. Porque nem esse cuidado houve.
O profissionalismo exigido aos e às atletas num contexto de completo amadorismo é comovente
2 Novembro, 2021 at 23:49
Não facilitas, pá.
Tks.
3 Novembro, 2021 at 9:21
Excelente, Adrien
3 Novembro, 2021 at 11:58
A Federação Portuguesa de Voleibol parece a PSP na caça à multa. Literalmente a roubar os clubes.
Na volta veio aqui à Tasca ler o artigo do ex-team manager do Voleibol e lá arranjou forma se sacar uns €€€ para pagar aos juízes de linha.
Mas o combate à violência no desporto está quieto. Depois dos problemas na final da taça feminina e nos jogos do play-off, agora isto. IMPUNIDADE TOTAL. E o Sporting nem se manifesta. Está tudo bem.
Ao Hugo Silva digo o que Romário dizia a Pelé: “Calado é um poeta.”
As ideias do Hugo Silva são verdadeiramente acrónicas. Ou isso ou vão revolucionar o voleibol feminino. NOT
A ver vamos se não vai estragar tudo. Com esta troca a seleção masculina fica a ganhar.
A Bruzza e o Tiago representam bem a garra e a raça. Lutam até ao fim e nunca viram a cara.