Banho de bola em todas as dimensões. Do banco ao relvado, da táctica ao espírito de grupo, o Sporting foi à Luz lembrar ao rival o porquê de carregar o escudo de campeão e fê-lo com tal estrondo que o 1-3 final nem permite discussão

 

The champ is here! The champ is here! The champ is here!

Assim mesmo, como se a equipa tivesse entrado em campo ao som de Jadakis, o Sporting chegou à Luz em tom mandão. Queria bola, ia às disputas e nem a vontade de Soares Dias em mostrar cartões aos jogadores leoninos fazia os Leões abrandar.

Sem Coates e sem Palhinha, com Neto e com Ugarte, o Sporting fez do colectivo força e transformou as palavras do seu treinador numa aula prática: somos um grupo com rotinas e essas rotinas não desaparecem com as ausências.

Serve isto, para quem vos escreve sublinhar este mérito incrível de Rúben Amorim que é o de ter vinte e qualquer coisa homens prontos a jogar nem que seja um minuto, mesmo que esse minuto seja só de quando em quando. De semana para semana, o treinador oferece-nos um manual de liderança e o resultado é um grupo que sabe o que faz, quando faz e porque faz.

Não admira, por isso, que Paulinho soubesse perfeitamente que a sua missão passava por encostar em Weigl e matar o início da construção lampiã. Não admira, por isso, que o camisola 21 baixasse nos apoios para permitir que Pote e Sarabia surgissem embalados no espaço que se abria. Não admira, por isso, que Porro galgasse metros e metros rumo ao buraco defensivo que é Grimaldo, ameaçando primeiro, combinando depois para o início do 1-0.

Que obra de arte foi esse momento, com Peter Potter a puxar da varinha para assistir com classe a entrada de Sarabia, ali entre o lateral e o central vermelho, num remate de primeira candidato a golo do ano.

Estavam decorridos oito minutos e o jogo mudava de cariz. Adán jogava muito menos do que habitualmente a bola no pé dos centrais, até porque sabia que Ugarte e Matheus Nunes chegavam e sobravam para João Mário e Weigl. Sem conseguir construir, o Benfica deixava sem bola rafas e cebolinhas e, pior, destapava o seu meio campo, pondo mais uma vez a nu a quase patética capacidade de transição defensiva da equipa.

E foi aqui que começou a aparecer Matheus Nunes, verdadeiro Leão à solta num galinheiro, investindo uma e outra vez por aquele meio campo fora. Que jogo, miúdo! Foi também nesse aproveitamento de espaço, que se construiria o remate ao poste de Peter Potter e o golo anulado a Paulinho, mesmo em cima do intervalo. E que justa teria sido essa diferença antes do descanso.

No recomeço, o fanfarrão lançou Yaremchuk e o Sporting viu-se sem Feddal, por lesão. Matheus Reis assumiu a canhota do trio de centrais, Esgaio veio fazer a ala esquerda e foi o momento em que o Benfica esteve perto de marcar: primeiro Darwin enviou ao poste, de cabeça, depois João Mário atirou fraco quando tinha a baliza na mira.

Na resposta, Paulinho lá baixa outra vez e mete em Matheus Nunes, que liga novamente o turbo para galgar quase meio campo em passada larga, sem perder a noção de que o João Paulo o acompanhava à espera do açúcar. A diagonal do camisola 21 é perfeita e o toque por cima do redes grego é coisa para fazer pingar a cueca. 0-2!

O jogo estava animado e Rafa fazia a bola chocar com o poste de Adán. Enquanto isso, Esgaio via Matheus Nunes com a mudança engatada e ficava a contemplá-lo naquela correria que a todos fez levantar e que terminou num fuzilar de raiva para o 0-3.

Fuckin wit the champion (you already know)
(J-A-D-A, kiss the game goodbye)
You fuckin wit the champion (you already know)

A 20 minutos do fim o jogo ficava decidido, até porque o benfica nunca passou de um grupo de individualidades à espera que uma delas resolvesse. O golo de Pizzi, já nos descontos, é exemplo perfeito disso.

Quanto ao Sporting, foi uma equipa na verdadeira acepção da palavra. A tal equipa que só ganhava porque não tinha adeptos nas bancadas e porque cedo tinha ficado  fora da Europa. A tal equipa que foi campeã e que, nesta noite de dezembro, mesmo condicionada por meia equipa amarelada no primeiro tempo, fez questão de ir a casa do eterno rival lembrar a todos o que permitiu tal conquista.

The champ is here! The champ is here! The champ is here!