Antes de mais, preciso de concluir o artigo da semana passada. Por incompetência minha, não falei do Kelton Tavares. O jovem central já nos deu muitos e bons pontos esta época. Principalmente blocando na saída, numa substituição pelo Gelinski, o nosso jogador tem-se mostrado. Apesar de ter, ainda, um longo caminho de desenvolvimento, percebe-se que o serviço e bloco são já um ponto de qualidade.

Agora sim, vamos à equipa feminina!

Terminou agora a pré-época, onde nos classificarmos em 2º lugar. Cumprimos, com responsabilidade, o que a história do Sporting CP exige a todas as suas equipas. As derrotas com a forte AJM/FC Porto e com o rival SL Benfica não mancharam, em nada, a expetativa criada em redor da equipa, dado o seu contexto.

Continuo a achar esta 1ª fase absurda por isso não vou valorizar, de todo, a nossa classificação. Aliás, nem vejo motivo para o fazer porque agora é que será a sério. Em jeito de abordagem a estes 3 meses, percebemos um Sporting CP unido e motivado. A cultura voleibol Sporting existe e continua bem viva nesta equipa, o que se torna num dos seus pontos fortes. Taticamente fomos experimentando vários cenários, uns com grande sucesso e outros com menos. Penso que as palavras de ordem desta primeira fase eram experimentação consistente. Quero dizer que andamos sempre com alguma inovação em cada jogo, mas mantendo 3 ou 4 bases que suportam o sucesso. Dois exemplos práticos:

– Testamos o posicionamento defensivo, após serviço, das centrais em zona 6. Quando isto acontecia, tentávamos que na defesa estivesse sempre a nossa melhor linha (Dani, Thaís ou Boscka);
– Se testamos a Thaís na entrada, junto à passadora, então todo o resto da equipa dava suporte tático para tal.

Querer testar correndo poucos riscos é do mais difícil que existe! No entanto, a pergunta que toda a gente quer ver respondida é só uma: Até onde chega este Sporting CP?

A verdade é que se perspetivam algumas alterações nas equipas para esta 2ª fase. A AJM/FC Porto tem espaço para ir contratar uma oposta e/ou uma entrada, o que me parece possível. O Leixões SC vai, certamente, reforçar-se com uma oposta tal como fez no ano anterior. Tem também espaço para uma jogadora de entrada, mas o orçamento dirá até onde irão nos seus reforços. O SL Benfica não creio que se reforçará porque, na minha opinião, encontrou um modelo interessante com a Fernanda Silva a libero. Fica sem banco, mas sem lesões, estará na luta. Se houver vontade do rival, podem tentar a contratação de uma libero, regressando a Fernanda Silva à entrada, ou de uma zona 4. O Clube K é uma incógnita para mim, por isso não consigo especular. Estes candidatos ficarão mais fortes. O Sporting CP, se tiver vontade de ambicionar pela luta ao título, deverá obrigatoriamente ir contratar uma entrada zona 4.

1. Ora, sem esta contratação e validando a minha expetativa de reforços das outras equipas, ficaríamos a lutar arduamente por uma classificação entre o 2º e o 5º lugar. Não estou a prever, mesmo sem reforços que caíssemos para o 5º lugar, ficando assim de fora do playoff. O que está aqui a decidir? Na minha opinião, apenas o timing da vinda dos reforços dos concorrentes. Se vierem em Março, como fez o Leixões SC na época passada, espera-se que estejamos mais para o 2º lugar. Se os reforços entrarem nas equipas em janeiro, então podemos estar mais próximos do 4º lugar.
2. No cenário de um esforço por parte do Sporting CP de uma jogadora de zona 4, então temos de colocar a responsabilidade no 2º lugar. Não digo primeiro porque a 1ª jornada é já este sábado com a AJM/FC Porto que está forte. Claro que podemos vencer, mas o favoritismo não está deste lado. Eu tenho um desejo para uma contratação, que não o digo para não dar azar.

Analisemos agora cada uma das jogadoras:

Amanda Cavalcanti
A jovem leoa continua na sua progressão. Estando as 3 jogadoras do centro de rede na sua máxima força, a Amanda será suplente. Se alguma das colegas baixar o ritmo, o banco já não é lugar para ela. Quem ganha é o Sporting CP e o treinador Rui Costa.

Aline Timm Rodrigues
A nossa jogadora começou muito bem a época com força e vontade, acumulando o seu trabalho de jogadora com o de diretora de comunicação. Neste momento, parece-me que não está na sua melhor, mas nada que preocupe. Encontrará, com naturalidade, o caminho até à “nossa” Aline.

Jady Gerotto
Para mim é a jogadora revelação da época. Eu esperava uma boa jogadora, mas a sua curva de aprendizagem deu um pulo monstruoso. Está feliz e explosiva. A par da Aline, deu um pequeno decréscimo de forma o que é perfeitamente normal. Está com uma bola fantástica em zona 2, que nos levará ao sucesso.

Ju Carrijo
Melhor distribuidora do campeonato.

Margarida Rocha
Tendo nós duas opostas muito boas, a Margarida deverá ter consciência da importância que terá numa dupla substituição. Parece-me que ainda não se livrou dos nervos. Eu já vi uns stories no Instagram, há umas semanas, de momentos da Margarida em treino. Fiquei surpreendido com a qualidade de passe. Espero que consiga transportar isso para o jogo.

Daniela Loureiro
A melhor libero do campeonato.

Carolina Garcez
Uma jogadora com muita qualidade e tem, a jogar na sua posição, a melhor do país. É azar ou sorte? Só se saberá quando tiver a oportunidade de jogar. Aí veremos se o discípulo se superiorizou à mestre.

Vanessa Paquete
Vaticinei que seria a surpresa do ano. Acertei! A verdadeira Paquete está de volta, here comes the sun.

Maria Maio
A verdade é que ninguém esperava que estivesse na equipa. Tem sido testada na entrada de rede, com o tempo e tranquilidade que uma adaptação requer. Tenho a certeza que é uma ajuda, tanto tecnicamente como ao espírito de grupo. A incerteza da adaptação não me dá o conforto de dizer que é a solução.

Katherine Regalado
A jogadora sem férias da equipa. Esteve estes meses a ser gerida pelo treinador Rui Costa. O momento de forma da Paquete, sua colega de posição, tem ajudado a essa adaptação e à gestão física. Terá, necessariamente, de assumir-se entre as titulares, com efeitos práticos de sucesso na equipa. Por muito parvo que possa parecer, tende a jogar melhor com o cabelo preso do que solto. Qual é a relevância deste comentário? O mesmo que ouvir sempre a mesma música antes de um jogo.

Thais Bruzza
Está a fazer a sua melhor época no Sporting CP e, qui ça, em Portugal.

Claire Vercheval
Esta jogadora está longe do exigido tecnicamente. Precisa de trabalhar muito ainda.

Evgeniia Bochkareva
Começou por ser uma jogadora desconhecida para mim. Só depois de começar a jogar, tive uma opinião formada sobre ela. Apesar de ter a nacionalidade russa, a emoção consegue entrar-lhe no sangue. Nota-se que vacila quando pressionada pelos adversários e isso tem levado a ser o alvo dos serviços opostos. Tem qualidade, mas creio que seria uma ótima 3ª opção para a nossa equipa, dando espaço a um novo reforço.

Daniana Esteves
A leoa que foi ganhando o seu espaço. Se no ano passado entrava apenas para servir, este ano já tem “aguentado as pontas” em alguns jogos. Estando segura na recepção e no serviço, faz com que seja uma peça muito utilizada a partir do banco. As limitações no ataque, por ser baixa, faz-nos precisar de outro tipo de jogadora para a entrada de rede.

Em jeito de conclusão, falta-nos 1 jogadora de zona 4 para assumirmos, inequivocamente, uma luta igual com a AJM/FC Porto pelo título. Sem essa jogadora, estaremos na luta com a garra e humildade que um sportinguista sempre teve, tem e terá.

Somos da p*ta da raça que nunca se vergará. Isto não é um lema, é um desejo e uma atitude.

*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.