Quando Fujimoto deixou o jogo de olhos em bico, o Sporting fez o favor de oferecer uma expulsão e de falhar um penalti, para equilibrar. Depois, veio uma segunda parte de campeão, abafando completamente o adversário em 45 minutos de perfeição tática assente no cimento que cola esta equipa: Onde Vai um Vão Todos!
!0ª vitoria consecutiva, em 15 jornadas onde entre lesões, covid e cartões, já todos os jogadores estiveram sem poder dar o contributo à equipa em pelo menos um jogo. Ontem, em Barcelos, foi uma dessas ocasiões, com meia dúzia de indisponíveis e um banco cheio de putos e com dois redes suplentes.
O jogo era previa-se de dificuldade elevada, frente a um Gil que tem do meio-campo para a frente vários homens que sabem tratar a bola. Um deles, Fujimoto, artista maior da companhia, resolveu imitar Renato Sanches a atirar-se à perna de Bryan Ruiz, e foi de sola bem alta à perna de Matheus Reis. Vermelho directo por intervenção do VAR, que Tiago Martins apenas tinha mostrado o amarelo, considerando aquela entrada brutal digna de castigo igual ao que havia aplicado a Potter, ainda o jogo se espreguiçava, por ter tirado a bola da mão de um adversário que queria fazer um lançamento.
Tiago Martis seria, aliás e como seria fácil esperar, uma das figuras da partida pela negativa. Voltaria a ser chamado pelo VAR para assinalar um penalti contra o Gil, por uma porrada em Ugarte mesmo à sua frente; daria amarelo ao uruguaio num lance em que corta a bola e correu para lhe dar um vermelho por uma expulsão que nem tinha visto (iria, depois, ao VAR para perceber o que aconteceu e expulsar Neto); e se quisermos dar um salto para evitar falar mais desta personagem intragável, conto-vos que por volta dos 73 minutos o Sporting tinha feito oito faltas, coisa para o árbitro mostrar cinco amarelos e um vermelho!
Essa é parte incontornável desta partida: a certeza de que, sem VAR, o Sporting dificilmente não perderia pontos (ou o jogo) em Barcelos, num daqueles caldinhos que tivemos que sorver ao longo da década de 80, de 90 e em todo o mundo 2.0 antes de ser implementada esta tecnologia.
Claro que para uma primeira parte futebolisticamente horrorosa, também nós contribuímos. Neto perdeu a cabeça dez minutos depois da expulsão de Fujimoto e deitou fora a vantagem da vantagem numérica; Peter Potter falhou um penalti confirmando a estranha fase de ineficácia no momento de atirar à baliza. No meio de tudo isto, Rúben Amorim teve que tomar uma decisão para equilibrar a equipa no 10 contra 10 que se via em campo e tirou Sarabia. Espanto generalizado, até pela forma em que o espanhol está, mas o técnico preferiu levar a equipa para a zona de conforto, colocando Matheus Reis como terceiro central (que jogão, com direito a um corte em carrinho que nos safou de sofrer um golo certo) e Nuno Santos como homem que fazia todo o corredor.
A estratégia só daria frutos no segundo tempo, até porque no que restou do primeiro tivemos um Gil sem o pensador japonês para dar asas a Lino e Murilo e um Sporting sem o jogo interior que oferece Sarabia e tentando que as subidas de Gonçalo Inácio e de Matheus Reis abrissem espaço para que Gonçalo Esteves e Nuno Santos ganhassem a linha. Nesse segundo tempo, veio uma mudança que mexeria com o jogo todo: Potter encostou mais ao meio e Gonçalo Esteves assumiria quase um papel de extremo, de forma a encostar o adversário lá atrás.
A pressão era alta, como os Leões tão bem sabem fazer, e desse esforço, dedicação e devoção surgiu a tão cantada estrelinha. Nuno Santos, também ele a pressionar em zonas bem altas, percebeu o passe de risco da defesa gilista, ganhou a bola, deu três passadas e disparou com ganas de golo, com a bola a bater na anca de um adversário e a trair o sacana do redes esloveno que parecia apostado em tudo defender. Aos 50 e poucos minutos, o Sporting desbloqueava a partida, com o goleador adversário, Fran Navarro, a ter oportunidade soberana para empatar a partida.
Foi o canto do cisne do galo de Barcelos. A partir daí, Sporting, Sporting, Sporting, com o 0-2 a surgir na sequência de um canto e com Daniel Bragança a entrar para acalmar tudo e todos, não mais deixar o adversário ter bola e ainda ensaiar dois momentos champanhe. No primeiro, juntou-se a Peter Potter e foram os dois por ali fora, como se estivessem numa partida de quidditch, até o 28 ensaiar sacar um pontapé de moinho que saiu com pouca força. Depois, viu Paulinho ganhar na raça e oferecer-lhe a oportunidade de, com classe, fazer o 0-3 e celebrar o seu primeiro golo pela principal equipa do Sporting.
Pelo meio, vários outros golos ficaram por marcar e, digam ao treinador do Gil que se fartou de carpir na press, se o marcador tivesse mostrado 4, 5 ou 6 golos seria tão natural como a eficácia. Tudo isto em 45 minutos incríveis, numa partida onde até custa destacar alguém de tão um todo que eles foram. Da tranquilidade e posicionamento de Adan que parece tornar tudo fácil à liderança de Coates, dos pezinhos de lã que sabem sempre onde pisar de Gonçalo Inácio ao jogo de incrível rotação de Matheus Reis (que evolução de uma época para a outra), dos 17 anos de Gonçalo Esteves que parecem ter sido banhados na poção de Porro ao saltar do banco de forma decisiva de Nuno Santos, desse monstro em que está a transformar-se Ugarte às arrancadas cada vez mais eficazes de Matheus Nunes, do mais transpirado do que inspirado Pedro Gonçalves a um jogão de Paulinho acabado de sair de dez dias de isolamento, passando pelo regresso de Palhinha e pela entrada à maestro de Daniel Bragança. De Sarabia, fica o colocar o estatuto no bolso para torcer por fora. De Neto, fica a cabeça perdida que mostrou duas coias: que até os mais experientes erram, mas que, nesta equipa que a todos orgulha, quando isso acontece os que ficam valem pelos que caem. Afinal, não é à toa que esta é a equipa #OndeVaiUmVãoTodos.
19 Dezembro, 2021 at 14:20
Depois de ver o resumo, os comentários da tasca e comparar estatísticas, a única coisa que vou fazer é dedicar isto ao Tiago Martins:
https://youtu.be/NaXiCIUv3Hk
19 Dezembro, 2021 at 15:12
Subscrevo!
Ainda que mandar o gajo pró caralho seja muito soft…
19 Dezembro, 2021 at 14:34
Sinto a confiança de escrever que ao dia de hoje, vai ser muito complicado vencer este Sporting (diferente de perder pontos num empate e mesmo aqui…).
Perdemos João Mário, algo que fez crescer Matheus Nunes.
Uma coisa importante de referir neste 1,5 meio de RAmorim, é que hoje estamos muito mais consolidados.
Sentimos que neste momento mesmo com baixas, os que entram jogam tão bem ou melhor do que os habituais titulares.
Ontem vimos um miúdo de 17 anos a ser o jogador mais novo do Sporting a estrear-se na liga, para substituir o melhor DD que tivemos nos últimos largos anos.(Porro)
Num campo que se adivinhava complicado, o rapaz entre e faz um jogaço na ala direita, com muita personalidade.
No inicio de época ficamos sem Pote.
Fomos á luz sem Coates e Palhinha.
Ontem sem Porro e outros tantos…
Hoje vive-se um contexto muito especial.
Em outros anos, muitos destes jogadores nem seriam opção ou teriam espaço para evoluir.
São 10 vitórias consecutivas na liga, 5 golos sofridos apenas.
E isto não é só de uma linha defensiva (mais Adan), porque esse trabalho começa na frente de ataque, com os 3 da frente á cabeça Paulinho a pressionar sempre a saída dos centrais adversários.
Ontem numa jogada de mister, sai Sarabia.
Volta a linha de 5 a sair a jogar, sobretudo os centrais (e que bem está o Reis)
Laterais projetados.
Solta-se mais o Nunes.
E na 2º parte demos um chocolate…
Mesmo num jogo que estava tudo a correr mal, expulsão e penalty falhado.
Melhor campo, sem dúvida do Nuno Santos.
Mas o jogo do Paulinho ontem, tbm fica na memória, o trabalho sem bola (sempre na pressão, sempre a puxar os centrais para desmarcar o Pote, trabalho incansável a pivot, algo tão gozado por aqui)
Bragança entrou para gerir e fez muito bem.
O Esteves já referia em cima, igual ao Reis.
Espero que depois de ontem, alguns tenham percebido finalmente o que estamos aqui a discutir, criticas completamente exageradas e estupidas.
Quem depois de ontem ainda vem para aqui destilar ódiozinhos de estimação…então é porque realmente a cartilha fala mais alto.
SL!
19 Dezembro, 2021 at 15:04
É reconfortante ler te.
Sempre assertivo!
Parabéns!
19 Dezembro, 2021 at 15:14
Subscrevo este excelente comentário… 🙂
19 Dezembro, 2021 at 15:28
Muito bem Dr. Mais uma vez a dar chocolate na quadra.
Comentário cheio de sumo, a bascular entre a assertividade e a resiliência.
Boa exploração da profundidade da análise técnica a toda a largura da leitura táctica.
19 Dezembro, 2021 at 16:35
Quando o Dr. fala, nota-se a sapiência ao vir ao de cima.
Está um comentário completo com a força da técnica e a técnica da força.
20 valores. Subscrevo e recomendo.
19 Dezembro, 2021 at 14:46
Boa tarde a todos,
Apesar de visitar este espaço com frequência, é a primeira vez que aqui deixo um comentário em jeito de desabafo.
O que aqui se escreveu ontem durante a primeira parte do jogo é triste e deprimente, tenho sérias dúvidas que sejam até sportinguistas porque o entusiasmo com que insultam os jogadores (campeões nacionais ao fim de 19 anos) e desejam o fracasso da equipa é evidente.
O Neto esteve mal?
Sim esteve, no entanto o árbitro até expulsou o Ugarte tal era a vontade de expulsar alguém do Sporting pois foi OBRIGADO a expulsar o jogador do Gil Vicente depois de passar uns 4 minutos a ver as imagens.
O Pote falhou dois penaltys consecutivos?
Verdade, e foi também o melhor marcador do campeonato passado.
O Paulinho foi caro?
Concordo, foi também quem marcou o golo do título e já marcou golos importantes na Champions, dizer também que apesar de ser o avançado neste sistema de jogo serve para tabelar com os Potes, Sarabias, e Matheus Nunes criando rupturas nas defesas contrárias,
Prefiro um Paulinho por 16 milhões, que um conjunto de Barcos, Castagnois e afins por 2 milhões
Slimanis por 300 mil euros são dificílimos de arranjar.
A equipa não vai ganhar sempre tal como não ganha o Bayern, o Liverpool, etc… o Barcelona em 2010 era a equipa do século, hoje é goleada por uma equipa de vermelho que tem um tipo que não teve lugar no nosso meio campo.
Enquanto Amorim lá estiver, a equipa tem um plano, uma estratégia, uma vontade e um fio de jogo que não me lembro de ver no Sporting.
Lembro a todos que estamos em todas as competições e em primeiro lugar no campeonato, mas agora chegar ao intervalo empatado a zero é oportunidade para os abutres ofederem a equipa, o treinador e os jogadores que nos deram uma enorme alegria no ano passado, fica a pergunta:
Será essa gente adepta do Sporting?
19 Dezembro, 2021 at 15:15
Entretanto na Taça da Liga do FF o Torreense empata a eliminatória em Famalicão logo aos 3 minutos.
1-0 para o Torreense.
19 Dezembro, 2021 at 15:16
Não era aqui, sorry! 🙁
19 Dezembro, 2021 at 15:23
Oh Leão d Alfragide
“Amorim foi a melhor coisa que aconteceu a este clube nos últimos 20”
… e não te esqueças do “maluco”, “drogado” e que vestia casaco de cabedal, e que ficou com a vida estragada pela CS, por 71% de iluminados e pelos maçónicos que nos “governam”!!!!
Amém
Saudações Leoninas
19 Dezembro, 2021 at 15:39
Já vi aqui escrito, que os negócios de alguns jogadores, foram mal feitos.
E reafirmo, o que alguns aqui disseram, se não fossem feitos da forma que foram, não teríamos estes jogadores, e pelo menos os temos entre nós.
Se estivessem nos clubes de origem, ou se estivessem noutros clubes, ficavam-mos a ver navios, ao menos exibem-se na nossa equipa e poderemos no futuro ou comprar mais percentagem, ou ganharmos alguns eurozitos depois de lhe termos sacado alguma qualidade em representação nossa.
Por isso, fizemos maravilhas sem dinheiro.
E recuperando as nossas finanças, podemos ainda ter mais percentagem, depende do fundo de maneio que tivermos.
RESPEITO TODAS AS OPINIÕES, de gostarem ou não desta direção, TODA A GENTE tem o direito de se opor ou não gostar, é um direito, mas tenho que dizer, que parte desta obra também se deve a esta direção.
Se outros o podiam também fazer, não discuto, mas quem lá está agora tem-no feito e bem.
Desculpem-me aqueles que não gostam destas palavras, mas neste êxito ninguém fica de fora, nem nós adeptos, sócios e simpatizantes.
VIVA O NOSSO GRANDE CLUBE.
E desta forma estamos a ser respeitados na Europa do futebol, os olhos já se viram para nós e pró nosso trabalho, prova disso a tentativa do Leipzig em querer o RA.
19 Dezembro, 2021 at 16:23
O melhor comentário à primeira parte do jogo que ouvi/li veio do próprio treinador.
Não sabia o que dizer sobre ela.
Acho que ninguém poderia saber mas há sempre um entendido que sabe .
Felizmente os jogos teem intervalos e é aqui que este homem conseguiu a diferença.
Não sei como mas tem o dom de por aqueles homens a jogar futebol.
Tem a ideia.
E eles percebem.
19 Dezembro, 2021 at 16:39
Por um lado organização, por outro um acreditar que raramente tivemos nas últimas décadas.
E temos o melhor treinador da actualidade!
19 Dezembro, 2021 at 18:29
O que nos faz andar satisfeitos.
Mas pelo menos para mim um jogo de futebol não é uma missa que nem lá ponho os pés.
Eu ando bem com este plantel, nunca andei tão bem.
Completamente rendido a estes gajos e qualquer dia até abro a porta a idolos e morre o fartinho de idolatrar galderias .
Se já não morreu por causa destes Homens.
19 Dezembro, 2021 at 19:40
infelizmente não vi a 2ª parte, a inacia não dava som, e a 1ª foi bera, desisti de tentar ver, mas pelos vistos na 2ª fizeram reset
19 Dezembro, 2021 at 20:19
Grande espírito de equipa contra uma arbitragem inenarrável. Que prazer ver esta equipa jogar. Melhores em campo: Adán ( que segurança, que calma!), Gonçalo Inácio e Matheus Reis.
Os ressabiados do costume , sempre a cheirar sangue para atacar o Sporting, que vão para aquela parte.
SPOOOOOORTIIIINNNNGGGGGGG!