Derrota muito difícil de digerir, frente a um Braga que veio a Alvalade para jogar no 0-0 e acabou a aproveitar os erros do Sporting para somar três pontos.

 

Confesso-vos que ainda estou incrédulo perante a derrota de ontem. Frente a um Braga que chegou a ser patético na sua vontade de defender o 0-0 e queimar tempo desde o primeiro pontapé de baliza, conseguimos ser nós a deixá-los entrar na discussão da partida, conseguimos ser nós a dar-lhe ânimo, conseguimos ser nós a oferecer-lhes a vitória. Inacreditável.

A primeira parte teve muito pouco futebol. 11 gajos apostados em defender, alto quando o Sporting tinha um pontapé de baliza, pouco à frente do meio círculo central no resto do tempo, contra 11 gajos à procura de espaços para furar. Houve um remate de Potter de fora da área e pouco mais, até Matheus Nunes, já o relógio espreitava os vinte e cinco minutos, ter tempo e espaço para, com classe, ver a desmarcação de Peter Potter. O golo que se segue é de um requinte técnico que merece ser visto em loop, da recepção fenomenal ao remate pronto com o pé contrário, num momento precioso que, sem VAR, teria sido anulado por um bandeirinha que voltou aos anos 90 para conseguir ver um fora de jogo quando o jogador do Sporting estava mais de metro e meio legal.

Nem atrás no marcador o Braga mudou a sua forma de estar e o único momento de sobressalto na área leonina veio da primeira grande desconcentração defensiva, resolvida por Adán com nervos de aço e uma finta que deixou o avançado arsenalista por terra, para sorriso aliviado das bancadas. Do outro lado, a cinco minutos do intervalo, Paulinho ganhou nas alturas, Sarabia arrancou e serviu uma colher de mel que deixou Potter na cara de um redes a sair-se à maluca, mas o chapéu saiu ao lado para desespero de todos os que viam o 2-0 desviar-se calmamente das redes.

Ao intervalo, o Braga trocou Vitinha por Ruiz e ganhou mais consistência ofensiva, nomeadamente na capacidade de segurar a bola, mas acabaria por ser num lance de merda que surgiria o empate, através de um penalti confirmado pelo VAR. Estranhamente, com 40 minutos para ir em busca da vitória, o Sporting parece ter-se desorientado completamente com esse golo, quase sofrendo o segundo, num remate cruzado que passou pouco ao lado, por deixar o adversário jogar à vontade entre linhas.

O desassossego desses dez minutos foi sacudido quando Potter (sempre ele), correu meio campo e tentou mais um golaço de pé esquerdo, agora em arco. O redes defendeu e, no minuto seguinte, ficou a ver o cruzamento milimétrico de Reis encontrar a cabeça de Paulinho para um remate que bateu no poste. O mesmo Paulinho perderia uma enormidade de tempo quando se apanhou com possibilidade de rematar, já dentro da área, antes de Ruben Amorim entrar no rol de disparates que terminaram com a derrota.

Feddal saiu, passando Matheus Reis para central à esquerda, medida acertada até porque muita falta fez o jogo interior que o brasileiro dá nas saídas de bola, ele que até parece bem mais confortável a jogar por dentro do que colado à linha. A opção recaiu em Tabata que, ao longo destes meses de Sporting, já mostrou pouco ou nada acrescentar junto à linha e que, ontem, tirando um remate cruzado, foi isso mesmo: um corpo presente. E esta opção causa ainda mais confusão quando, no banco, estava Vinagre, o lateral mais ofensivo e mais capaz de jogar no 1×1 pela ala canhota. Está sem ritmo? Então o que dizer de Jovane, directamente de meses de inactividade para ser opção a Sarabia, quando Tiago Tomás ficava a aquecer e recebia o carimbo de que, até final do mês, será com toda a certeza emprestado. Junte-se-lhe o facto de Daniel Bragança, depois do jogo que fez em Vizela, ficar a ver jogar uma equipa que perdia completamente a cabeça e assumia o futebol directo para Coates como única opção de correr atrás dos três pontos. Junte-se-lhe o facto de Gonçalo Esteves, infinitamente superior a Esgaio no que toca a dar dimensão ofensiva à equipa, também ter ficado a fazer companhia a TT e Daniel. Junte-se-lhe o facto de Potter, aos 91, ficar na cara do redes e em vez de fazer um daqueles passes rasteirinhos para junto do primeiro poste, ter pensado em fazer sei lá o quê com mira ao redes. Junte-se-lhe o facto de Esgaio e Gonçalo Inácio terem uma paragem cerebral em conjunto e daí resultar o 1-2, aos 97′. E de Paulinho, um poço de trabalho e de boas opções para a equipa, é verdade, voltar a falhar a baliza no último suspiro do jogo e voltar a fazer-nos questionar o porquê de ser um intocável (sem que se contrate alguém que coloque em causa esse estatuto).

Foi assim, de erro em erro, que o Sporting perdeu em casa e corre o risco de ver o fcp aumentar a vantagem para 6 pontos, deixando o Sporting de depender apenas de si mesmo para poder reconquistar o título. Foi assim, de erro em erro, que o Sporting deixou o benfica ficar a apenas três pontos, na luta pelo segundo lugar e acesso directo à Champions.

 

Faith!: Don’t you let your love turn to hate
Now we’ve gotta keep the faith

 

Bon Jovi – Keep The Faith (Official Music Video) – YouTube