Hoje de manhã tinha tudo para ser um domingo normal, dia de jogo, mas não foi. Uma das minhas jogadoras foi vítima de racismo por parte de adeptos adversários. Durante o jogo, foi alvo de vários comentários que ofendem qualquer jogadora que joga e percorre um sonho. Um sonho que todos merecem um dia na sua infância aspirar.

Eis que um adepto a manda calar e dirige-se a ela chamando de macaca. Ao ouvir, a jogadora em causa, perdeu o controlo e respondeu a esse mesmo adepto, sendo no fim da sua ação advertida e expulsa do jogo.

Na altura não tinha percebido o sucedido mas se tivesse ouvido tal comentário, não teria continuado o jogo. Com 23 anos foi a primeira vez que me senti impotente, sem saber o que se passava e sem saber o que fazer. Nenhum sistema táctico ou substituição alterava tal coisa.

As suas colegas foram ao seu encontro para a abraçar e confortar. Jogaram a segunda parte quase toda com menos uma, por ela. E que intensidade e que carácter tiveram.
Ninguém, mas ninguém deve ser julgado pela sua idade, gênero, orientação sexual ou tom de pele, muito menos uma criança de 14 anos. Acredito num mundo justo, livre. Podemos e devemos tornar esse mundo, um lugar melhor, um lugar onde todos e todas pertencem. Episódios como estes, recorrentes, não devem ter lugar no futebol de formação, no alto rendimento, e em qualquer outro desporto ou lugar.
Gostaria que um dia, conhecessem as 28 jogadoras que temos o privilégio de trabalhar todas as semanas. Temos o maior orgulho do mundo nesta equipa! Nunca nenhuma jogadora estará sozinha.