Um Sporting que, estranhamente, parece duvidar de si próprio, virou o resultado frente ao Santa Clara e está na final da Taça da Liga, onde defrontará o benfica. Matheus Reis, Ugarte e Sarabia, foram figuras maiores de uma noite para lamber feridas

 

Só Amorim sabe se contaria com ele para ser titular, mas a lesão de Bragança, confirmada muito perto do início do jogo, carregava mais o céu sobre um Sporting a ter que gerir duas derrotas em três jogos, a última em casa, frente ao Braga, a outra frente ao Santa Clara, adversário dos Leões na meia final da Taça da Liga.

Num Municipal de Leiria que voltou a sentir as emoções de jogos entre equipas do principal escalão, os verde e brancos foram assim a jogo com uma inédita dupla a meio-campo, Palhinha e Ugarte, e com uma surpresa na frente, surgindo Tabata como falso 9, pronto a combinar com Potter e com Sarabia. Entraram bem os de Alvalade, encostado os açoreanos ao seu meio-campo, em dez minutos iniciais em que o Santa Clara praticamente se limitou a defender.

Não surgiram oportunidades de golo e, aos poucos, o Santa Clara foi-se espreguiçando e conseguindo sacudir a pressão de um Sporting com uma nuance interessante e explorada algumas vezes ao longo do primeiro tempo: Ugarte posicionava-se várias vezes sobre a direita, convidando Esgaio a jogar como extremo. Do outro lado, os movimentos de Potter e até de Tabata, davam toda a ala às subidas de Nuno Santos, sendo dos pés deste que viria a surgir um cruzamento cortado quando já se gritava golo (de Esgaio, lá está, a surgir ao segundo poste), antes de Esgaio colocar mesmo a bola dentro da baliza, num golo bem invalidado por fora de jogo.

Num jogo sem oportunidades, mas de sentido único, o Santa Clara chegou ao golo. Um livre aparentemente inofensivo, para o qual Adán só pediu dois homens na barreira, transformou-se num remate directo, quase como se fosse futebol de praia, ao qual o redes espanhol não conseguiu chegar. Sofríamos um golo de merda, tal como havíamos sofrido golos de merda no Açores, e ficávamos atrás do marcador.

Nada mudou com esse golo, pois o Sporting mantinha a posse e o Santa Clara espreitava o erro, apostando tudo em bolas paradas. Foi assim, já em cima do intervalo e depois dos Leões terem chegado ao empate, num autogolo resultante de um cruzamento de Nuno Santos (vejam em loop o passe de Tabata com que tudo começa), que os açoreanos tiveram a sua segunda e última oportunidade, com Adán a sair, destemido, e a desviar a bola para o poste.

No recomeço, o Santa Clara pareceu querer jogar mais subido e fazer pressão mais alta, como que a querer retribuir o que o Sporting lhe vinha fazendo. Matheus Reis, dono de mais uma bela exibição como central que arranca decidido para partir linhas, foi o primeiro a dar pistas de como voltar a pegar no jogo. Num desses movimentos, encontrou Palhinha já no meio campo adversário e o médio desmarcou Tabata nas costas da defesa adversária. O camisola 7 não se fez rogado e apontou um golo de belo efeito, anulado por fora de jogo.

Dois minutos volvidos, o lance que decidiu a partida: canto para o Sporting, bola aos ressalto na área até chegar a Sarabia, que cabeceia para a baliza e vê a bola ser cortada por um defesa, com o braço. Inacreditável o tempo que o VAR e o árbitro demoraram a decidir assinalar o penálti, que trouxe ainda a expulsão do jogador açoreano por ser o último homem entre o golo e a baliza.

Sarabia marcou com classe e o Sporting ficava com um pé na final da Taça da Liga, partindo imediatamente para a tentativa de marcar o terceiro e colocar um ponto final no jogo. Dominou, dominou, teve bola, pressionou alto, mas não meteu a bola lá dentro, com destaque para Paulinho que, primeiro, teve um bom remate em arco para defesa do redes, e que, depois, mandou uma canelada na bola quando o redes estava no chão e a baliza completamente escancarada. Um desespero!

Com tudo isto e mesmo sem criar uma real oportunidade de golo, o Santa Clara manteve-se em jogo até final, optando pelo jogo directo e por tentar colocar bolas na área, na esperança que alguma carambola terminasse dentro da baliza leonina.

E foi assim que se chegou ao minuto 99 de uma partida que voltou a mostrar um Sporting que, estranhamente, parece duvidar de si mesmo. Rúben diz que por vezes gostamos de complicar e que as recentes derrotas trouxeram sensações novas que a equipa está a aprender a gerir. Talvez seja isso, se lhe juntarmos a falta que Porro faz, talvez seja mais qualquer coisa que parece retirar confiança a Inácio, a força a Palhinha, deixar Matheus Nunes com o foco de um desmiolado e quase toda a equipa com ar cinzento. Que os sorrisos tímidos de ontem, se possam tornar em sorrisos rasgados, no sábado.

 

Don’t worry, don’t hurry, take it easy.
Sunshine, sunshine reggae
Let the good vibes get a long stronger.
Gimme gimme, gimme just a little smile,

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