Frente ao Famalicão, além de mentalmente saturada, o Sporting foi uma equipa preocupada. Em ganhar, em preservar quem não podia ver amarelos, em lutar contra a cabeça que parecia já estar no fcp e no City. Daí resultou uma vitória justa num jogo intranquilo, com Adán a voltar ao modo parede e Matheus Reis a marcar um golão que premeia todo o seu rendimento 

 

 

Há coisas realmente complicadas de explicar. O Sporting ganhou, o Adán fez uma defesa do caraças num penálti, o Matheus Reis marcou um golo de levantar o estádio, o Slimani regressou oficialmente a casa para histeria colectiva. Tudo motivos a fazer peso para o lado do sorriso, na balança da felicidade, tendo como contrapeso o amarelo a Porro, que o deixa fora do clássico, e uma lesão muscular de Peter Potter. Acrescento a este rápido resumo, que levei a Alvalade, pela primeira vez, uma amiga da minha filha que com ela vibrou, ou seja, volvidas duas mãos cheias de horas, continuo sem perceber muito bem porque raio saí irritado de nossa casa.

Vamos ao jogo, que pode ser que por aí consiga encontrar pistas para essa “irritação”. Frente ao Famalicão, além de mentalmente saturada, o Sporting foi uma equipa preocupada. Em ganhar, em preservar quem não podia ver amarelos, em lutar contra a cabeça que parecia já estar no fcp e no City. Daí resultou uma vitória justa num jogo intranquilo, que até teve tudo para ser uma noite perfeita, pois logo aos seis minutos Paulinho foi varrido centro da área, num penálti que Sarabia converteu com classe.

O Famalicão não acusou o toque e veio para a frente, assumindo uma pressão altíssima que começava ainda dentro da área do Sporting, quando Adán, o homem de gelo, metia a bola num dos centrais. Com vários jogadores tecnicamente evoluídos, os homens de azul escuro conseguiam, ainda, quando em posse de bola, ser incomodativos, colocando várias bolas venenosas a pedir uma emenda dentro da área. Daqui resultou um jogo amarrado, chato, muito jogado a meio campo em despiques individuais e tentativas de fugir para as alas que em pouco ou nada resultavam.

Do Sporting, voltou a ver-se sinal de perigo numa grande, grande jogada, que acabaria com um falhanço incrível de Peter muito longe de ser Potter, apesar do fora de jogo posteriormente assinalado. Do Famalicão, mesmo em cima do intervalo, veio uma correria pela esquerda do seu ataque que terminou com um penálti cometido por Porro. Bem o VAR, bem o árbitro, e bem os 25 mil adeptos que preenchiam metade da lotação, passando a Adán a energia para corrigir aquilo que se sentia ser uma injustiça. De enorme defesa do espanhol, que já no Jamor, frente ao BeSad, tinha mostrado estar de volta ao modo parede, algo que confirmou ontem.

O boost psicológico pouco efeito fez ao intervalo, durante o qual Amorim mandou Feddal tomar banho (o marroquino estava de cabeça quente e já tinha um amarelo), puxou Matheus Reis para central e meteu Esgaio a fazer o corredor esquerdo. E aqui surge um dos motivos da minha irritação. Com Nuno Santos no banco, o técnico lança para campo outro dos jogadores tapados com amarelos e ficava a 45 minutos de poder ficar sem os dois laterais direitos mais utilizados. É verdade que, por mim, se não joga o Porro joga sempre o Gonçalo Esteves (e que vontade deve ter o puto de brilhar na estufa de framboesas), mas esta ideia de que pouco importa se perdemos quatro ou cinco titulares porque nesta casa não se gerem cartões…

Calhou a fava a Porro, logo ele tão importante no processo ofensivo face a um jogo onde temos que ir em busca da vitória. E estava a conter-me, quando Matheus Reis colocou gelo na fervura com um pontapé de ressaca para ver uma, outra e mais outra vez. Que patada do brasileiro para o 2-0, prémio mais do que justo para um jogador do qual eu próprio tanto duvidei e que, hoje, é um dos que considero indiscutíveis no nosso 11.

Mesmo com o segundo golo, a equipa continuava complicada, por vezes desligada. Ugarte veio dar sangue ao miolo (mas que grande jogador está ali a formar-se), Slimani foi chamado para animar as bancadas e foi realmente o momento em que ganhámos alma. Continuámos sem jogar grande coisa, mas havia calor e vontade, com um pormenor curioso: o argelino colocou-se como referência ofensiva, deixando Paulinho e Tabata com liberdade de movimentos. Aliás, já quando o brasileiro substituiu o lesionado Pote (devia ter saído tão antes para a entrada de Bragança…), foi curioso ver Paulinho a descair para a direita e Tabata a assumir o papel de “9”. Cheia a novos desenhos tácticos.

Resumidamente, o Sporting ganhou, o Adán fez uma defesa do caraças num penálti, o Matheus Reis marcou um golo de levantar o estádio, o Slimani regressou oficialmente a casa para histeria colectiva. Tudo motivos a fazer peso para o lado do sorriso, na balança da felicidade, tendo como contrapeso o amarelo a Porro, que o deixa fora do clássico, e uma lesão muscular de Peter Potter. Acrescento a este rápido resumo, que levei a Alvalade, pela primeira vez, uma amiga da minha filha que com ela vibrou, ou seja, volvidas duas mãos cheias de horas, continuo sem perceber muito bem porque raio saí irritado de nossa casa. Talvez o melhor seja seguir a receita do mister e tirar um dia de folga para, depois, começar a preparar-me para ir ganhar ao dragão.

 

Strangelove
Strange highs and strange lows
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That’s how my love goes
Strangelove
Will you give it to me?