O Sporting voltou a reagir a uma goleada na Champions com uma vitória, superando o Estoril com um 3-0. Num estádio José Alvalade repleto de famílias, Matheus Reis e Pablo Sarabia foram figuras maiores de uma conquista que solidifica o segundo lugar e mantém a perseguição ao primeiro

 

A recepção do Sporting ao Estoril, pode ser dividida em três actos, exactamente o mesmo número de golos com que os Leões superaram os canários da Linha de Cascais: o entusiasmo inicial das bancadas, repletas de família a celebrar um jogo a começar à luz do dia; um longo bocejo que durou mais de uma hora, enquanto o jogo esteve atado; os últimos 20 minutos, com dois enormes golos e mais umas quantas oportunidades perdidas.

Na ressaca de mais uma goleada na Champions, o Sporting fez o que já havia feito após perder com o Ajax: ganhou no regresso ao campeonato, o seu principal objectivo (sendo o segundo garantir o segundo lugar, que volta a dar acesso à prova milionária). Do outro lado, um Estoril em bloco baixo, baixíssimo por vezes, num 5-4-1 defensivo que chegou a parecer um 5-5 enfiado em meio campo, e todos nós sabemos da dificuldade que o Sporting tem em furar esse tipo de estratégia.

Os Leões procuravam ganhar a bola e partir rápido para cima do adversário, mas entre a pouca inspiração e a insistência de cruzamentos para a área, onde o central Bernardo Vital, de apenas 20 anos, ia brilhando, os minutos passavam e o jogo empastelava, com o rapaz do apito a contribuir para o desconforto de quem assistia ao ignorar por diversas vezes a lei da vantagem. Até que, a cinco minutos do intervalo, Pedro Porro, mete um passe interior para Sarabia, permitindo ao compatriota ter tempo e espaço entre os defesas e os médios do Estoril. O camisola 17 ensaiou o remate de fora da área, o redes ficou mal na fotografia e Pedro Gonçalves fez a recarga para dentro da baliza.

1-0 mesmo antes do intervalo, permitindo recolher ao balneário com a cabeça mais limpa e o coração mais descansado, o que nem por isso alterou a toada da partida. Jordi Mboula e Gamboa vieram para o lugar de Xavier e Franco, mas a tentativa de esticar-se no terreno pouco trouxe ao Estoril. Do lado do Sporting, com Gonçalo Inácio a mostrar qualidade na saída de bola e a dupla Ugarte (estou cada vez mais fã deste rapaz) e Matheus Nunes (aquela “zidanada” que deixou o Chico Geraldes a rebolar no chão…) a tomarem conta do jogo, continuava a faltar aquele rasgo no último terço do terreno.

Até que Raúl Silva, rapaz que já no Braga se orgulhava de chegar ao final dos jogos após distribuir mais fruta do que Pinto da Costa, resolveu arriscar uma daquelas faltas que tantas vezes o vimos fazer contra nós. Porro ficou com a canela marcada de alto a baixo, sô Silva foi expulso após visionamento das imagens do VAR. A partir desse momento, o jogo desequilibrou-se completamente e o Sporting, já com Daniel Brança e Slimani em campo, com Pedro Gonçalves a jogar como médio centro (Ugarte saiu meio combalido após um choque) e Paulinho a oscilar entre a posição de apoio ao ponta e a extrema esquerda, animou-se e acelerou o jogo.

Veio a melhor jogada de toda a partida (Slimani como pivot, Paulinho a assistir de calcanhar e Matheus Reis a vir por ali fora para mandar uma biqueirada lá para dentro) e veio o golo deste sunset, novamente com Slimani a servir de apoio e Sarabia a inventar uma bomba em arco que não deu hipóteses ao redes. O craque espanhol celebrou o momento aplaudindo quem o aplaudia na bancada, como que mostrando que os Leões, mesmo feridos, estão prontos para lutar por tudo o que ainda podem ganhar esta época.

 

As long as air’s in my lungs
Blood’s in my veins
I’m not going down this way
I gotta keep my head up, up, up, up
Up above the water, up above the water