O Nuno Sousa tinha outra hipótese que era exigir mais debates e não o fez por isso é ficou como ficou.

«(…) Estrategicamente não vejo outra hipótese. Se ele fosse para lá debitar programa, ia passar o programa todo na defensiva e a ser atacado pelo Varandas que é o que os acólitos dele têm feito o tempo todo e ia sair de lá a parecer ter ideias mas pouco consistentes (porque é impossível passar a consistência por detrás das ideias naquele tempo e sempre a ser atacado).(…)»

Percebo o que o Tiago quer dizer mas tenho uma opinião exactamente inversa: ter passado mais de 1/3 das suas intervenções a interromper o Varandas e até o Ricardo Oliveira é (além de terrível em termos de imagem “presidenciável”) pôr de lado o seu Programa e as suas propostas para se deixar levar para “as praias dos outros”.

Para ganhar MUITOS PONTOS e “destrunfar” os pontos “fortes” de Varandas era:

NA 1ª INTERVENÇÃO:
afirmar (tal como disse) que era contra a “política de terra queimada”, mas até acrescentava « (…) e, por isso, não mexerei muito na política Desportiva com que, ao 3º ano e após 5 tentativas frustradas e frustrantes acabou por acertar no Futebol Profissional; treinador e equipa técnica serão para manter assim como procurarei manter a base do plantel. Do mesmo modo, procurarei manter no essencial a Política Desportiva das Modalidades (aliás como a sua Direcção muito bem fez (embora sem nunca reconhecer o excelente trabalho deixado pela Direcção anterior e procurando chamar para si todos os louros das conquistas observadas).
Onde será necessário operar mudanças radicais é na resolução das Dívidas da SAD e do Clube, na criação de condições de sustentabilidade financeira da SAD e do Clube, na transparência total na Gestão e na Comunicação, nas relações com os Sócios, os Adeptos, os G.O.A, os Núcleos e todo o Universo Leonino, na aposta decisiva na digitalização»
(para dizer isto gastaria apenas 1 minuto, retirava logo os trunfos do triunfalismo desportivo ao Varandas e deixava o mote sobre o que achava realmente importante discutir e debater como FUTURO do CLUBE.)

De seguida ouvia as outras intervenções SEM INTERROMPER, mas tomando notas das calinadas/mentiras financeiras apregoadas por FV.

NA 2ª INTERVENÇÃO:
desmontava rapidamente a questão dos adiantamentos da NOS; do aumento da dívida a fornecedores; da pretensa baixa de custos com massa salarial absorvida com o aumento do recurso a serviços de terceiro; da diferença entre o que realizou em vendas de activos (mesmo vendendo muitas vezes abaixo dos preços de referência do mercado e salientando que 95% das vendas foram de jogadores herdados das anteriores direcções e que todos os jogadores contratados por esta Direcção, foram até agora, vendidos abaixo do que custaram as suas aquisições), que mesmo assim a SAD apresenta resultados negativos e que, ao contrário do que propalou, a COVID apenas retirou receitas de bilhética mas permitiu enormes poupanças salariais, quer por reduções acordadas, quer pelo recurso à lei extraordinária de lay-off; os impactos no mercado de transferências de activos foi, no caso do Sporting muito sui generis, uma vez que, à excepção de Bruno Fernandes e parece que Nuno Mendes, as vendas foram deflacionadas e as compras foram quase todas inflacionadas); que a situação estava e está tão crítica que no prospecto do último E.O. o regulador chamava a atenção para o INCUMPRIMENTO EM MAIS DE 16M€ DA ACORDADA AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA BANCÁRIA e que esse incumprimento permite aos bancos não esperar até Dezembro de 2026 para transaccionar os VMOC. Demorava 2 minutos nisto, explicando que o fazia porque não podia deixar passar em claro as muitas imprecisões da primeira intervenção de FV. E partia para outros 3 minutos SEUS para explicar as principais medidas DO SEU PROGRAMA para: recompra dos VMOC; re-estruturação da dívida bancária; financiamento; política de rigor e transparência com regra de Custos Operacionais obrigatoriamente inferiores à Receitas Operacionais, e com a maioria do Clube no C.A. da SAD a ter de votar a política orçamental e a política de remuneração de Administradores a Quadros Dirigentes de acordo com a prévia aprovação de AG do Clube.

(Tudo sempre escorreito, nem que tivesse de ter cábulas para cada um dos pontos; a questão do incumprimento da amortização da dívida por ser MUITO RELEVANTE até deveria ser acompanhada com a citação do prospecto numa folha A3 em letra Arial Black a bold tamanho 48, bem mostrada para a câmara; e vão 6 minutos).

NA 3ª INTERVENÇÃO:
o que propõe para Sócios (Mulheres, Crianças, Família, Merchandise para públicos-alvo, experiências estádio e Pavilhão, e APP – aqui com uma explicação mais detalhada já que é um ponto forte do Programa), medidas de pacificação (com os G.O.A, propostas para reintegração de TODOS os sócios expulsos que não tenham sido condenados em tribunal por crimes que impliquem o Sporting) como teria.
(4 MINUTOS PARA ISTO e sem responder a eventuais interrupções ou remoques, e vão 10 minutos)

NA 4ª INTERVENÇÃO:
para o património referindo que a re-estruturação total da dívida e o reforço da posição accionista do Clube na SAD, bem como um acordo para o pagamento de fees da SAD ao Clube para uso da Marca e do Estádio poderiam gerar folga financeira para recuperar algum do património perdido durante a gestão de Soares Franco e (porque não) até poderia afirmar que caso eleito e após ter garantido essas pré-condições até estaria aberto a negociar com Ricardo Oliveira e a sua equipa um modelo e respectivas localização e prazos de inauguração para, em proposta conjunta, apresentarem aos associados em AG o projecto de Cidade Desportiva Sporting para a Formação em TODAS as Modalidades (deixando claro que, com isso não pretende apelar a qualquer desistência do candidato mas, pelo contrário, apenas pretende demonstrar que caso eleito estará aberto para a introdução de propostas que acrescentem valor ao Sporting, ajudem à projecção da sua competitividade dos seus valores e da sua Marca e que reconhece méritos, SE EXEQUÍVEL, nessa proposta de Ricardo Oliveira.)
(4 minutos para isto e com ganho de imagem; vão em 10 Minutos, não deixou de ser incisivo contra as merdas feitas por esta Gestão, desmontou a questão dos triunfos desportivos porque também Varandas continuou a ganhar como ganhava o anterior CD exactamente porque não mexeu muito e não estragou o que estava ser muito bem feito),

NA 5ª INTERVENÇÃO:
Modalidades. Referir: que continuará a política desportiva que já vem dos mandatos de BdC; como resolverá a dívida do Clube à SAD, como garantirá mais financiamento para o Clube através da justa compensação pela SAD do uso da Marca e do Estádio do Clube (e eventualmente do Academia se for incluída na recuperação de património); que isso e a massificação associativa catapultarão o Clube para uma ainda muito maior competitividade das suas equipas a nível internacional e para expandir o seu domínio a nível nacional; falaria da aposta na Formação e na criação de Academias Modalidades por todo o pais com o apoio de redes Regionais de Núcleos; terminaria com a garantia de que todas as equipas e atletas que obtenham nas competições nacionais resultados que lhes dêem acesso às competições internacionais serão INSCRITAS e devidamente financiadas não apenas para essas participações mas para que as mesma se façam com suporte para o maior sucesso possível (e referia o caso da equipa VICE-CAMPEÃ EUROPEIA E MUNDIAL DE GOALBALL que, após ser hexacampeã nacional, não foi agora inscrita para disputar a SUPER EUROPEAN GOALBALL LEAGUE – de que venceu 2 e foi finalista vencida de outra das 3 últimas edições do maior certame europeu da modalidade)
(Nisto “gastava” 5 minutos e, sem interromper ninguém nem parecer gratuitamente agressivo, daria uma alfinetada certeira nos erros desciminatórios desta Direcção nas Modalidades, APÓS reconhecer que não iria desaproveitar o trabalho bem feito; vai em 15 minutos).

NA 6ª INTERVENÇÃO: Fazer o foco em todos os factores de mudança que a Candidatura acha determinantes introduz, até escalonando a sua prioridade: recompra dos VMOC; reestruturação total da dívida; clarificação das relações comerciais entre SAD e Clube; pacificação do Clube; regras de transparência na Gestão Financeira, na Gestão Desportiva, na Gestão Comunicacional, nas Relações Comerciais e nas políticas de remunerações e incompatibilidades e na Informação aos Sócios e Adeptos; massificação e democratização associativa do Clube; reformulação completa da promoção da Marca Sporting, recuperando o emblema do Leão rampante, utilizando a digitalização modelo primordial dessa promoção, reforçando e diversificando a oferta de merchandise, usando os Núcleos como factor de expansão territorial.
(Nisto gastariam 10 minutos; mais uma vez, recorrendo ao uso de “cábulas” para tornar mais escorreito o discurso, para não esquecer nada e para não perder tempo; não existe qualquer problema nisso).

Guardar os restantes 5 minutos para as “alegações” finais.
Aqui, deixar os 2 primeiros minutos para contestar o modelo de um único debate a 3, por ser um desrespeito do dever de informação aos Sócios e ao Universo Leonino, por desqualificar o próprio acto eleitoral e por promover um processo muito mais confuso e menos esclarecedor. Que foi por reconhecimento das limitações deste modelo de debates imposto pela candidatura de FV e por respeito ao seu dever de informar e esclarecer os associados sobre AS PROPOSTAS E OPINIÕES DA SUA CANDIADATURA que optou por usar de muitos auxiliares do discurso e seguir muito mais a sua lógica de exposição que qualquer irracional de resposta e contra-resposta ou sobreposição de “trocas de galhardetes”.
Nos restantes 3 afirmar «as razões claras pelas quais os Sócios do SCP no dia 5 devem votar na Lista C e romper definitivamente com a política revanchista, de confrontação, prepotente, de mentira e de insucesso desta Direcção. Revanchista porque se preocupou mais em falar de pesadas heranças e promover C.I.s de ataque ao CD anterior mais de 6 meses após este ter sido destituído; de confrontação pela ostracização de 2 calques que vai ao extremo de descalçar adeptos e retirar-lhes adereços de apoio ao Clube nas revistas de entradas nos estádios; prepotente porque recusa legítimas petições de associados e condiciona as As Assembleias Gerais; de mentira porque não cumpriu mais de 90% das promessas feitas no Programa Eleitoral com que foi sufragado, promessas que agora repete sem explicar porque devemos acvreditar nelas agora; de insucesso porque – ao contrário do que FV aqui insistentemente repetiu – o sucesso de um Clube não se mede apenas pelas vitórias desportivas, porque, se estas não se suportarem em sustentabilidade financeira e de gestão, continuarão a ser sempre episódicas e não recorrentes». Finalmente reafirmar que: é a recompra IMEDIATA dos VMOC que vai garantir que o Sporting continuará dono do seu Futebol; é are-estruturação da dívida bancária que vai constituir o primeiro passo estrutural para a sustentabilidade da SAD e do Clube; é a clarificação das relações entre SAD e Clube que reporão justiça e oferecerão maiores garantias de continuidade sem sobressaltos das suas actividades; é a recuperação e a edificação de património que vai oferecer novas ferramentas de financiamento do Clube e melhores condições para o exercício do core da sua actividade (o Desporto de Competição e de Formação); e é sobretudo a inequívoca aposta na massificação associativa, apontando para a angariação de 250.000 Sócios até final do mandato, que será o sustento principal de afirmação e ATRACTIVIDADE da Marca Sporting e da expansão, crescimento e sucesso do Clube.

Penso que não teria sido assim tão difícil e, exactamente porque o pandemónio comunicacional a que assistimos no “debate” da passada 4ª feira já era previsível, era exigível uma preparação muito mais cuidada das intervenções do candidato. Até porque tinha e tem um bom Programa, com boas propostas na maioria dos Eixos e Pilares, para sustentar uma participação de enorme sucesso.

Acho sinceramente que, INFELIZMENTE, perdeu uma boa oportunidade.

Um abraço e saudações leoninas

p.s.: sustento tudo isto apesar de até já ter depositado na Lista C de Nuno de Sousa os meus 6 votos (que deveria ser só 1!!)