Este foi um fim-de-semana que teve tudo menos interesse desportivo. A guerra moldou-me o estado de espírito e a preocupação. Para mim, o sofrimento humano é um terreno sagrado que deve ser visto, olhado e mexido com a delicadeza de quem mexe com algo sagrado.
Apesar da minha pouca vontade em escrever esta semana, a verdade é há um destaque que não merece ser esquecido. Escrever sobre voleibol não é um “temos de seguir com a nossa vida”, é mais um “vamos escrever sobre o fim-de-semana porque a Margarida Rocha merece”.
No domingo, a equipa feminina jogou com o Vitória SC, vencendo por 3-1. As eleições tiraram as equipas do PJR, o que mostra bem as prioridades de um clube desportivo. O treinador Rui Costa foi a jogo com a equipa mais habitual, trocando apenas a Ju Carrijo pela Margarida Rocha. Este destaque foi importante para afastar algumas ideias pré-concebidas e foi, também, um passo firme da Margarida. Vamos a explicações.
A Margarida não tem tido grande espaço para jogar. A Ju é dona e senhora do lugar e havia, até, um fantasma na sua substituição. Eu próprio, digo, sem nenhum desrespeito pela Margarida, que pensava que não fosse possível vencer jogos com ela a passar. A exigência é alta e o nervosismo que lhe é habitual iria afetar. A nossa distribuidora foi algumas vezes utilizada, mas parecia sempre sob muita pressão. A tensão via-se no rosto, na expressão corporal e, claro, no passe. A verdade é que este facto traduziu-se na entrada da Margarida para servir durante os jogos, porque é um momento em que tem qualidade, mas não para distribuir. Contra o Vitória SC esteve bem. O seu passe não estava viciado para nenhuma zona, tentando variar bastante o jogo por todas as colegas do ataque. Parece-me que o seu passe mais letal é para o centro de rede. A Jady Gerotto aproveitou para se tornar na melhor pontuadora do Sporting CP com 18 pontos. Como muitas distribuidoras, o seu ponto de apoio foi a zona 4, onde a Thaís Bruzza e a Bárbara Gomes tiveram 70 bolas para atacar.
Referi que foi um passo firme da Margarida. Pelas stories que vão passando pelo Instagram, já tinha reparado que a nossa jogadora tinha toque de bola interessante, especialmente para o meio de rede. Com este jogo, ganhamos uma nova opção técnica. Ganhou o direito de ser opção para fazer uma dupla substituição com a oposta suplente desse jogo. Sim, ganhou esse direito e está de parabéns por isso. Uma boa dor de cabeça para o treinador Rui Costa.
Só mesmo este suspiro de felicidade para dar vontade para escrever numa semana tão triste para a humanidade. A Margarida foi a melhor notícia do voleibol feminino do Sporting CP neste fim de semana. Merece este destaque!
Nota: A equipa masculina venceu e conquistou o seu espaço de luta para lutar pelo campeonato nacional. Para a semana já merecem uma análise mais aprofundada, pelos ventos de mudança que conquistaram. Há ainda muito trabalho, especialmente comportamental, mas já ganhamos jogos de forma consistente.
*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.
2 Março, 2022 at 7:07
Bem haja, pelo esmiuçar do quem é quem no seio da equipa e das opções ao dispor, nestes seus ‘passar em revista’ sobre o voleibol feminino do SCP.
Isso e o desempenho da equipa, tem-me levado a ver mais voleibol.
2 Março, 2022 at 8:10
Nao vi o jogo mas acredito piamente na crónica. E para acrescentar que sejam todas, a equipa e o espírito de equipa precisam e merecem.
Que sejam as primeiras a vencer o titulo no PJR já este ano, merecem (estas e as meninas do hoquei).
SL
2 Março, 2022 at 9:00
Haja fé e vontade para parar a agressão.
2 Março, 2022 at 10:02
Subscrevo.