Com a eliminatória resolvida, o Sporting foi ao Etihad para uma aula de crescimento a grande parte dos seus jogadores. Adán e Neto exibiram a experiência que a Champions já lhes deu, Ugarte tentou estar em todo o lado, Edwards agitou o jogo, o menino Rodrigo estreou-se aos 16 anos e os adeptos leoninos brilharam na bancada

 

Guardiola tinha choramingado só ter 14 jogadores, mas um gajo olhava para os que equipavam de azul bebé e via-se Fernandinho, Gündoğan, Bernardo Silva, Sterling, Gabriel Jesus ou Phil Foden, com um banco onde cabiam Mahrez, Grealish, Kevin de Bruyne e Rodri. Coisa pouca. Do nosso lado, sem Palhinha, Matheus Nunes e Daniel Bragança, Tabata ocupava ao miolo, ao lado de Ugarte, enquanto Paulinho surgia naquele papel de falso extremo esquerdo que vai ganhando minutos de entrosamento com Slimani, a referência ofensiva.

A verdade é que a primeira parte foi correndo sem que algo de muito relevante acontecesse. Matheus Nunes e Gabriel Jesus travavam um duelo muito interessante, Neto começava a dar nas vistas com o primeiro de três ou quatro cortes de nível Champions, Ugarte parecia estar em todo o lado (ou tentava), Porro deliciava tudo e todos nas vezes em que recebia de forma orientada e pedia à equipa para se libertar de amarras. Tudo isto com um City com muito mais bola, tentando que o carrossel desmontasse o posicionamento adversário, e um Sporting com linhas mais baixas, mais compactas, assumindo que entre o fim da infância e o início da vida adulta existe uma adolescência.

Já depois da meia hora, os Leões tiveram finalmente bola. Rodaram, jogaram, respiraram e ganharam alguma confiança. Gonçalo Inácio, que até tinha entrado mal na partida, com duas perdas de bola que indiciavam vaselina nas botas, agarrou na redonda e tirou um, dois, três do caminho, arrancando decidido relva fora. Mas o perigo maior vinha quando o Sporting conseguia usar a profundidade. Slimani ameaçou, Paulinho estava fora de jogo, mas estava dado o sinal, antes de surgir o momento alto do primeiro tempo, quando Sterling surgiu frente a Adan, picou a bola com a canhota e viu a mão esquerda do redes espanhol dizer-lhe “o que tu queres, já muitos tentaram fazer”.

Ao intervalo, Guardiola deixou Foden e Bernardo Silva no duche, fazendo entrar McAtee e Mahrez, um craque que mal tocou na bola provocou o único real erro a Matheus Reis, provocou o desnorte na defesa leonina e permitiu a Gabriel Jesus celebrar o 1-0, que viria a ser anulado pelo VAR.

Tinha passado o susto e o próprio City parece ter tomado esse lance como uma espécie de birra: ai anulaste? Então agora ainda me vou chatear menos. E enquanto os ingleses faziam beicinho, veio de lá o pequenito Edwards, conterrâneo dos de azul, para animar a segunda parte. O camisola 23 entrou de nariz arrebitado e passo acelerado, dando ao Sporting uma velocidade de transição que permitiu à equipa ir-se chegando à frente. Foi inclusivamente Edwards, que viu bem a desmarcação de Paulinho e o deixou na cara de um desconhecido Scott Carsen, que aos 36 anos recebeu a prenda de poder jogar na Champions. João Paulo não conseguiu ultrapassar a muralha erguida pelo redes e o Sporting via esfumar-se a sua grande oportunidade de golo, à qual o City responderia quase em cima do apito final, por Sterling.

E num jogo que, acima de tudo, serviu para esta equipa leonina ganhar mais minutos na mais exigente prova futebolística que tem que disputar, foi ainda chamado à sala de aula o menino Rodrigo Ribeiro, de 16 anos, promissor avançado que ainda ousou incomodar John Stones antes de voltar a Lisboa com o mesmo desejo dos restantes companheiros: voltar a estar na Champions em 22/23, se possível aproveitando todos os ensinamentos recolhidos na edição deste ano.