Já com o fcPorto a festejar o título, o Sporting foi a Portimão dominar 85 minutos. Nos outros cinco, sofreu um golo, ofereceu outro, e ficou à espera que Sarabia e Daniel Bragança saíssem do banco e se juntassem a Tabata e Nuno Santos para carimbar a vitória

 

As primeiras palavras da penúltima crónica da época, vão direitinhas para os milhares de Sportinguistas que marcaram presença no Municipal de Portimão. Com a Liga praticamente decidida, com o Sporting em compasso de espera e com meio plantel com a cabeça nas férias, esta nova prova de paixão e de dedicação voltou a contrastar com o ambiente macambúzio e as constantes meias casas que se vão vendo em Alvalade. A seu tempo falaremos deste “pormenor”.

Depois, um sincero “vou ter tantas saudades tuas, Sarabia!”. Que privilégio foi para nós, Sportinguistas, e para o futebol português em geral poder ver um craque destes pisar os relvados nacionais. Ontem, foi apenas mais um exemplo da classe deste espanhol, que, entrando aos oito minutos da segunda para o lugar de um Pote que só na cabeça de Amorim justifica, actualmente, a titularidade , foi decisivo para que o Sporting recuperasse a vantagem num jogo onde foi quase sempre dominador.

No início, então, foi como se se alugasse meio-campo, com o Portimonense a parecer querer repetir a estratégia de Alvalade, chegando a ter uma linha de seis defesas. O Sporting, com Tabata a jogar como falso 9, num tridente composto por ele, Pote e Edwards, até encontrava vários espaços para furar a defesa adversária. Pote primeiro, Tabata a seguir, até que Edwards resolveu fazer aquilo que devia fazer mais vezes e foi para cima dos adversários. Fintou um, ganhou o ressalto a outro, e no meio da confusão gerada pelo baixinho inglês apareceu Tabata a chutar lá para dentro. 0-1.

O Sporting era uma equipa móvel, não só porque Tabata, pela primeira vez titular no campeonato, parecia estar a lutar por agarrar o lugar, como porque Nuno Santos à esquerda e Porro à direita eram verdadeiras setas prontas a ser disparadas por ali fora. Juntava-lhe uma capacidade de pressão sobre o portador da bola que estrangulava o adversário, e o Portimonense só conseguia respirar quando Nakajima, com classe, pegava na bola e a guardava durante alguns segundos. Era isso ou metê-la longa e fé em Welinton, brasileiro tecnicamente evoluído e perigoso quando lhe dão espaço. Foi o que aconteceu perto dos 25 minutos, num lançamento longo que Coates transformou num livre desnecessário à entrada da área. A barreira saltou, a bola ressaltou, e Adán bufou de enfado quando a viu lá dentro. Mas se o 1-1 já era totalmente contra a corrente do jogo, tudo ficou pior cinco minutos depois, quando Gonçalo Inácio teve uma paragem cerebral e calculou mal o passe para Coates. O tal Welinton interceptou e correu meio campo antes de meter a bola por cima de Adán, que por meia luva não sacudiu o chapéu que lhe quiseram enfiar. 1-2.

Os jogadores do Sporting olhavam uns para os outros e ainda tinham que ver o gajo que tinha acabado de marcar um golo a fazer uma bola à Neymar sobre a cabeça de Edwards, pese o facto de nós nunca percebermos bem o que está a pensar o inglês, dada a ausência de mudança de expressão. A propósito de expressão, Pote voltou a repetir aquela que mais tem feito este ano, quando falha um golo feito, e Tabata merecia ter voltado a sorrir quando sacou uma cabeçada tão bem medida que acertou em cheio na barra.

Ao intervalo, Ricardo Esgaio substituiu Matheus Reis, depois Sarabia e Ugarte vieram para os lugares de Pote e de Palhinha, ambos a precisar urgentemente de férias. Matheus Nunes, também a precisar de uma espreguiçadeira e de um picolé, escorregou, queixou-se da virilha e isso valeu a Daniel Bragança vir para o campo sem ser para jogar os descontos. E o que jogou e fez jogar o camisola 68. O meio campo ganhou toque de bola, ganhou precisão, ganhou qualidade no acto de pôr a bola a circular. O resto, foi Sarabia.

Aos 71’, depois de um cruzamento de Porro e de uma tentativa de remate de Edwards, apareceu como uma flecha a fuzilar a rede de Samuel Portugal. Cinco minutos depois, Nuno Santos lançou Tabata e o camisola sete fez um cruzamento perfeito para o lado contrário da área, onde Sarabia rematou sem apelo para o 2-3. Foi o 14º golo do craque espanhol no campeonato, 20º em toda a época, o que leva novamente a pensar o jeito que teria dado esta equipa ter um verdadeiro ponta de lança, um goleador, capaz de juntar 20 ou mais golos ao que um Sarabia ou um Pote a 40% (e, mesmo assim, com quase 15 golos em todas as competições) vão fazendo.

Isso, e perceber porque raio alguns jogadores, como Bragança ou Tabata, não tiveram mais minutos, nomeadamente quando os que ocupam as posições se arrastam em inspiração ou disposição, e o treinador diz que confia em todos. Perguntas e discussões a ter lá mais para a frente, que ainda falta mais uma jornada para, como ontem, voltar a honrar e respeitar a camisola, nem que seja apelando, pela última vez, à palestra motivacional de Pablo Sarabia.

 

I am I and I intend to go, go, go
Like Frida Kahlo painting of the poor on your fuck off wall
Like Tracey Emin in her unmade bed listening to The Fall
Like Flava Flav in the club riding on the back of John Wayne
Like David Attenborough clubbing seal clubbers with LeBron James