Em Carregal do Sal, onde participou nas comemorações do 19.º aniversário do Núcleo do Sporting daquela localidade do distrito de Viseu, Frederico Varandas apontou baterias a Pinto da Costa.

«Não me lembro de ver o FC Porto vencer um campeonato e o Sporting e o seu presidente serem o centro da atenção. Não só não é motivo de preocupação para nós, como também é reconfortante, motivador e encorajador. É a confirmação de que estamos no rumo certo. É a confirmação de que o Sporting já não é visto como o simpático terceiro grande. Como é maravilhoso ouvir o senhor Pinto da Costa com saudades e a elogiar o Sporting do passado recente.. Há gente que, por muito que ganhe, continuará sempre a ser muito pequena e, sobretudo, muito pobre.

Não existe maior pobreza que a pobreza do caráter, da integridade e dos valores. São e serão sempre gente muito pobre, ao contrário da grandíssima e honrosa instituição que representam. Instituição essa que jamais será chamada em Alvalade, pelo nosso speaker, por outro nome que não seja FC Porto. Instituição essa que jamais terá os seus jogadores agredidos por elementos da organização do Sporting, que jamais verá em Alvalade o seu presidente a ver-lhe roubado o telemóvel cobardemente e que terá sempre os seus órgãos sociais e colaboradores recebidos em segurança e de forma digna. Instituição essa que jamais verá em Alvalade jornalistas agredidos, ameaçados ou coagidos por colocarem questões no exercício da sua profissão. Porque eles não sabem, nem nunca saberão, o que é ser grande. Porque jamais o Sporting será pobre ou pequeno. Ainda sobre o senhor Pinto da Costa, sou também obrigado a discordar veementemente do senhor Secretário de Estado do Desporto, que recentemente tomou posse. O senhor Pinto da Costa não é, nem nunca poderá ser uma referência do desporto nacional. Basta ouvir uma entre muitas escutas que estão disponíveis na internet sobre o processo Apito Dourado. Como, por exemplo, a de 24 de janeiro de 2004, horas antes de um FC Porto – Estrela da Amadora, onde, horas antes, o senhor Pinto da Costa, através do empresário de jogadores, António Araújo, oferece os serviços sexuais de três prostitutas à equipa de arbitragem liderada por Jacinto Paixão. É verdade que as escutas não foram meio de prova e que o senhor Pinto da Costa foi absolvido do processo, mas esse é um problema para a justiça portuguesa resolver. Mas mesmo não sendo consideradas como prova, também é verdade que essas escutas são reais e aconteceram mesmo. Não é preciso a justiça portuguesa dizer o que quer que seja para sabermos que o senhor Pinto da Costa é um corruptor ativo e alguém que devia estar banido do dirigismo há décadas».

«Dirijo-me, novamente, ao senhor Secretário de Estado do Desporto, mas também ao senhor Ministro da Administração Interna. No dia 8 de maio, o País assistiu a um bárbaro assassinato, em plena via pública e aos olhos de todas as pessoas que ali estavam. Ocorreu às portas do Estádio do Dragão, aquando das celebrações do título. É, seguramente, um dos episódios mais brutais de violência de que há memória em Portugal. O que aconteceu foi muito mais grave que o ataque de Alcochete. Apesar de ter tido apenas um centésimo de cobertura mediática.

Foi um episódio chocante, que mereceu um comunicado do FC Porto [Varandas leu-o na íntegra] que, pergunto, será que só a mim é que este comunicado faz confusão. O termo que devia estar lá bem vincado não era a lamentar a morte, mas sim a condená-la. Este é um comunicado pobre, cobarde e condicionado. Apelo ao senhor Ministro da Administração Interna para ser implacável na luta contra este crime organizado, que se acha impune à justiça e à lei. Muitos dizem que isto é um problema da sociedade e não do futebol. Mas isso não é verdade.

Claro que é da sociedade, mas a origem deste problema está intimamente ligado ao futebol e aos clubes que permitem o seu financiamento ilegal, alimentando este crime organizado. Estes episódios são tão chocantes quanto embaraçosos para o nosso País. Podem contar com o Sporting nesta luta e em todas que venham a acontecer para que o desporto português seja mais limpo, mais transparente, mais saudável e mais digno”