“Para qualquer treinador trabalhar num clube como este é um sonho, por isso considero-me um afortunado. É um sonho tornado realidade.”

As palavras são de Alejandro Domínguez, o novo treinador da equipa principal masculina de hóquei em patins do Sporting Clube de Portugal, que após um ano sabático, depois da saída do SL Benfica no final da época 2020/2021, regressa a Portugal.

“Foi uma decisão muito fácil de tomar. Estar fora um ano foi muito tempo, porque gosto muito do meu trabalho, e precisava de voltar a trabalhar. Regressar e fazê-lo neste clube e no melhor campeonato do mundo, melhor”, começou por dizer aos meios de comunicação do Sporting CP, acrescentando: “Para qualquer treinador trabalhar num clube como este é um sonho, por isso considero-me um afortunado. É um sonho tornado realidade”, referiu o argentino, questionando: “Quantos clubes há no Mundo com esta envergadura, com esta história e que nos últimos anos conseguiu ganhar tanto?”.

Aos 51 anos, o argentino que se notabilizou na modalidade em Espanha, soma experiências como treinador no Reus Deportiu, selecção espanhola – principal masculina, sub-23 masculina e principal feminina − e SL Benfica. No currículo soma um Campeonato da Europa, uma Taça Latina, uma Taça Continental e ainda uma Taça 1947, que conquistou em Portugal precisamente frente ao Sporting CP. “Preparado para ganhar? Estou preparado para trabalhar, para trabalhar muito. Sei que para ganhar é preciso darem-se muitas circunstâncias, algumas que me competem a mim e outras que não dependem estritamente de mim, mas quanto ao que está na minha mão não tenho dúvidas: vou dar tudo e dedicar-me a 100 por cento”, disse.

Alejandro Domínguez foi adversário do Sporting CP entre 2018-2021, mas já conhecia o Clube antes disso e já tinha tido a oportunidade de visitar o Pavilhão João Rocha aquando de uma palestra a que veio. “Na altura fiquei logo impressionado com a pista e com a estrutura”, revelou. Em Alvalade, o técnico vai encontrar uma equipa que “já ganhou tudo” e que, por isso, vai elevar ainda mais a exigência do trabalho que terá pela frente: “Este grupo já ganhou tudo e o nosso desafio é voltar a ganhar. É um grande desafio, mas estou empenhado nele”.

“É um desafio muito grande porque considero que ganhar é muito difícil, mas repetir ainda é mais difícil. Esse é o meu desafio como treinador e o nosso enquanto grupo, mas a ideia é que sejamos uma família que tenha capacidade para voltar a vencer”, afirmou.

Alejandro Domínguez sabe, por isso, que chega para orientar um grupo especial, mas acredita que poderá ter em Toni Pérez, Ferran Font e ainda Matías Platero três mais-valias para conseguir passar a mensagem, uma vez que os três já trabalharam com ele.

“Ao Ferran e ao Toni treinei-os na selecção espanhola e penso que poderão ser uma ajuda importante porque conhecem a minha filosofia, o meu método e a minha forma de trabalhar, além disso podem ajudar-me a entrar na equipa porque, afinal, eles já são um grupo, que fez muita coisa junta, e quem se integra sou eu. O Mati também me ajudará nesse sentido porque trabalhei com ele no Reus, conhece-me bem e até temos uma relação para lá da profissional”, admitiu, referindo que isso e o facto de já ter trabalhado em Portugal sejam uma “vantagem”: “Acho que isso nos pode ajudar a todos”.

Elogiando o que Paulo Freitas fez no Sporting CP, o novo técnico verde e branco disse que com ele os Leões jogarão um hóquei diferente do jogado até aqui: “O hóquei que o Paulo Freitas implementou tinha muitas coisas boas e fez com que a equipa tivesse uma identidade muita definida. Eu prefiro um hóquei mais ofensivo e directo, pouco elaborado, e todas as minhas equipas anteriores caracterizavam-se por isso. Essa forma de jogar traz coisas boas e más, mas quando está perfeitamente adaptada faz com que as equipas sejam muito fortes. Haveremos de a conseguir implementar e assim ser uma equipa que não especula, que joga directo, pressiona e que joga um hóquei muito ofensivo”.

Para finalizar, dizendo que o passado como rival nada conta, porque se trata de “um profissional” que deu sempre o “máximo” por onde passou, Alejandro Domínguez deixou uma garantia aos Sportinguistas: “A minha entrega é total. Já vi o que é ser um Leão. Hoje é o meu primeiro dia e, por isso, não tenho ainda um vínculo emocional com o Clube, sou apenas um profissional que se vai entregar a 100 por cento, mas espero e desejo ficar contagiado por esse sentimento”.

Nesse sentido, e porque sabe o que é jogar como adversário no Pavilhão João Rocha, o treinador pediu aos adeptos que encham o reduto Leonino a cada oportunidade: “No desporto, o público tem um papel fundamental e num campeonato tão nivelado como o nosso, em que várias equipas o podem ganhar, o público faz mesmo a diferença e é um factor determinante. Eu vim aqui jogar uma final four da Liga Europeia, com muita pressão nas bancadas, e senti que a equipa rival começa a perder assim que sai do balneário. Por isso, se conseguirmos fazer com que os nossos adeptos tenham esse nível de entrega, já ganhámos alguma coisa”.