O Sporting voltou a casa e, depois de 20 minutos de sonolência e desconfianças, despertou para um 3-0 que podia ter sido o dobro e que representa um óptimo tónico para a visita ao dragão

 

Imaginem que está tudo a começar a ficar desconfortável na cadeira, que há já quem bufe de enfado, quando aparece um gajo cuja alcunha é “soneca” e acorda um estádio. Foi isso que aconteceu em Alvalade, quando Edwards, número 10 nas costas, colocou o “phones” nas orelhas e, ao som do Rock the House, arrancou pela direita com o seu pé esquerdo, tirou da frente quem ousou meter-se no seu caminho, e ensaiou um remate à entrada da área que passou palmo e meio acima da barra.

O Sporting tinha entrado mole, mole, mole, talvez desconfiado de si mesmo depois de ter sofrido golos tão parvos em Braga, o que permitiu ao Rio Ave ir controlado a partida. O safanão do que pequeno inglês, trouxe ao jogo tudo o que ele ainda não tinha tido. Porro resolveu aproveitar o mesmo corredor direito para ensaio um remate cruzado que passou perto, Trincão, lançado em corrida nas costas da defesa, puxou para dentro e sacou uma buja que fez barulho na barra!

Em cinco minutos, o Sporting criava três situações de golo e desorientava os vilacondenses que, pouco depois, falhavam a saída de bola, permitindo a Trincão transformar o roubo numa colher de mel que Pedro “Pote” desperdiçou como se se chamasse João Paulo (desculpem, não resisti). A vingança chegou alguns minutos volvidos, quando Porro voltou a combinar com Edwards e o extremo ganhou no corpo a corpo para servir de bandeja o camisola 28. Agora não houve margem de erro e estava feito o 1-0.

Aos 35 minutos, o Sporting justificava a vantagem que levaria para o intervalo e a partir desse momento enfiou o Rio Ave no seu meio campo (Ugarte e Matheus bem subidos, a engolirem o meio campo), com os de amarelo a serem incapazes de voltar a sair a jogar. Não admira, assim, que o segundo tempo tenha sido um acumular de oportunidades de golo e de boas jogadas ofensivas, começando pelo remate em arco de Potter, ainda o relógio não tinha dado a volta ao primeiro minutos dos segundos quarenta e cinco.

Foi no entanto preciso esperar até aos 65, para voltar a festejar. A culpa foi de uma bomba de Matheus Nunes, que vendo-se sem linha de passe e sem que um adversário o pressionasse, resolveu disparar como se estivesse zangado com alguém. O redes ainda tocou na bola, mas ela gritava de saudades da rede e abraçou-a com estrondo. O terceiro chegou dez minutos depois, numa bela combinação entre Rochinha, Trincão e Potter, com o 28 a picar com classe quando se viu na fronha do redes.

O 28 estava endiabrado, e só não fez o hattrick porque a barra não deixou, num final de jogo a mostrar uma equipa liberta e com vontade de fazer mais golos (até o capitão Coates lá foi tentar a sua sorte), carimbando uma vitória sem mácula que reforça o estado de espírito para a visita ao dragão.