Ensaio 1

Estou neste blogue há mais de 13 anos, e, portanto, não poderia deixar de começar como se ensina nos movimentos de rua: “today´s the day, comrades”.

Nos últimos anos, o Cherba, que nos anos dourados, sabemo-lo bem, não podia sequer ousar sonhar com posições de destaque no Sporting – quantas palavras se escreveram aqui por não ter o direito de aspirar a algo mais do que a posição de destaque que tinha na blogoespera –, transformou-se em alguém que parece 1) ter vergonha dos míseros 6% que conseguiu; e que 2) não perdeu a esperança de dobrar, triplicar, quadruplicar essa percentagem de votos, agarrando-se a uma caixa de ressonância, profundamente assimétrica, quase corporativista, beligerante para com todos aqueles que saem da norma de pensamento – pouco plural, como se diz no mundo da comunicação de que o Cherba faz parte.

Para tal, e desculpa-me a honestidade, Cherba (antes uma lambada no focinho do que a defesa interessada da tua guarda de sempre), escolhes imiscuir-te nuns assuntos, para explorar sempre outros, em defesa, sempre, de uma tentativa qualquer de isolar esta presidência que, para bem, e para o mal (tem tido muito dos dois lados), ainda dá umas certas.

Ontem saiu a condenação de Varandas, por ter dito aquilo que nenhum outro (inclusive o amigo) se atreveu a dizer, dentro do recinto que provavelmente nos é mais nocivo em Portugal. Saiu uma condenação associada a uma multa. E que fizeste tu nestas horas? Absolutamente nada. Absolutamente nada porque a percepção de poder te tolda o juízo. Tolda-te o juízo de três formas: achares que será assim que terás posição de destaque no mundo sportinguista, que não tens, e as urnas provam-no; achares que a posição que chamaste a ti aquando da criação deste blogue, se desvanece assim que te dê jeito, por profunda incapacidade de perceberes que o teu sentimento para com o Varandas nada tem que ver com a luta que o mesmo, em escassos momentos, lá vai fazendo em prol do clube (o caso Pinto da Costa é por demais evidente da tua postura); e por achares que é muito digno fazeres um apanhado dos assuntos para relevares apenas aqueles que não te tragam grandes complicações na caixa de comentários do teu blogue que é materialização de uma esfera pública em rede composta por mercenários da injúria, ditadores das ideias, gurus de um Sporting de sofá, não comprometido com a sua existência, e que preza unicamente uma espécie de monoteísmo que se estabelece como filtro para qualquer ideia, para qualquer raciocínio. É nisto que se transformou o teu blogue, Cherba, por mais injúrias que a seguir te afaguem essa alma na caixa de comentários – couldn´t care less. My ass, que sabes bem qual é o princípio fundacional do teu blogue. E isto leva-me ao ponto seguinte.

 

Ensaio 2

Onde é que está o Cherba do humanismo? Ou o Pedro da Nova Zelândia, ou todos os alter-egos que aqui fundaste e que tinham um princípio congregador? Que assunto mais importante, diz-me, existe no mundo sportinguista, neste momento, do que aquele relacionado com o caso Esgaio e com a perseguição que nasce de um modus operandi que, inclusivamente, é muito tentado aqui neste blogue? Onde está a auto-crítica ao “somos diferentes”? Novamente, my ass, que sabes bem qual é o princípio fundacional do teu blogue. E se todos aqueles e aquelas que andam aqui há uns anitos não se importam, importo-me eu e muito provavelmente muitos outros de quem recordarás a ausência em muitos anos.

Era preciso duas dúzias de complexados virem dizer-me para “criar um bloque ou para me candidatar às quartas” para te imiscuíres de um papel que é teu e que chamaste a ti na origem de tudo? É isso que te afaga a alma, ao invés de, por troca com posts absolutamente dispensáveis como esse do gajo dos óculos, adiantares alguma coisa sobre a matéria? Então mas afinal o assunto que te move é um ativismo pelo Sporting ou é um compêndio de jogos palacianos?

 

Ensaio 3

Li com muito gosto tudo aquilo que se escreveu sobre o Matheus Nunes ontem e é absolutamente revelador, pese embora irmos ao dragão mais enfraquecidos. Desde um “o Ruben está fodido e faz muito bem”, dias depois de este ser um lampião dos sete costados que só faz merda no mercado e come as finanças todas do Sporting; ao “vender o melhor jogador do plantel, a dias do clássico”, quanto na segunda volta da época passada era um gajo que andava para lá, a tirar lugar ao Daniel Bragança, e que tinha lugar cativo no onze do Amorim”; a um “que péssima venda, quando qualquer Fábio Vieira (que é um craque, não me fodam!) é vendido por muito mais”. É, havia de ter sido o Slimani, descoberto lá na Argélia por tuta e meia, e que gerou venda de milhões.

Resultado: amanhã o Sporting poderá conquistar o seu 24º, que só o conseguiu porque os outros dois se descuidaram, e por o Ruben ter pegado no clube (todo). A facilidade com que o dogma do jesuísmo no Sporting é abafado é mesmo diretamente proporcional à capacidade de associar a aposta em Ruben Amorim a geração espontânea. É genial.

Quanto ao Ruben Amorim, por mais que goste dele e por mais que ache que é o homem certo para a posição, tem mais é que amochar. Era o que mais faltava o negócio não se fazer por estes números. Um dia destes terminamos em terceiro, não vamos à champions, e sai por 15 milhões. E aí seria o argumento inverso. Ou aquele que melhor servisse.

É isto. Está completo o ramalhete e foi aceite o desafio. Manda vir agora, bebé. Teste.

ESTE TEXTO É DA AUTORIA DE… Diogo Carvalho 
a cozinha da Tasca está sempre aberta a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]