Um jogo esquisito, com o Sporting a desperdiçar e o fcPorto a marcar, o redes azul a ser o melhor em campo e muitas questões que se levantam sobre a forma como vamos abordar a época 22/23

 

Perder um clássico é sempre coisa para nos deixar mal dispostos, perder por 3-0 é coisa para nos toldar o pensamento. No final destes 90 minutos, quase sempre mal jogados, o que conta é o resultado, e o que fica é que o fcPorto marcou por três vezes em cinco oportunidades (as desperdiçadas foram os falhanços de Bruno Costa e o golo mal anulado a Veron), e o Sporting ficou a zeros em quatro remates com selo de golo (Morita ao poste, Trincão, Inácio e Fatawu travados por Diogo Costa).

Os momentos que nos deixaram de mãos na cabeça, fizeram do redes portista o mais decisivo jogador em campo, ao passo que do outro lado, aquele que tantas vezes foi um muro, Adán, fazia mais um jogo nada confiante, deixando sérias dúvidas sobre se terá sido a melhor opção recuperá-lo de forma tão rápida de uma lesão que apontava para um mínimo de dois meses de paragem.

Esta é uma possível forma de olhar para a partida até porque, muito provavelmente, se o remate de Morita calha a acertar na rede em vez de ir para fora, inaugurando o marcador, tudo seria diferente a partir daí. Foi dessa forma, por exemplo, que Rúben Amorim analisou a partida. É válido.

Mas nesta noite em que tudo correu mal, fechando uma semana complicada da pior forma, parece-me que toda a estrutura que gere o futebol profissional do Sporting tem que fazer introspecção, ao invés de achar que está tudo bem e só pecámos no momento de meter a bola na baliza.

Por exemplo, Amorim foi questionado sobre se os amarelos a Morita e a Ugarte acabaram por condicionar os dois médios, impedindo-os de fazer uma pressão mais forte. O mister respondeu que sim e, bem, sublinhou com um sorriso irónico que o amarelo a Morita nem falta seria, mas a pergunta que se segue deve ser respondida internamente: que opções existem para entrar, quando os homens do meio estão condicionados?

Outra pergunta que me parece fundamental, é se efectivamente não existe uma alternativa táctica aos 3-4-3 e à dependência das subidas do Porro? Felizmente, o espanhol tem noites desastradas como a de ontem (mais uma coisa que correu mal), mas os adversários já conhecem perfeitamente a nossa forma de jogar. Efeito surpresa precisa-se! A propósito de efeito surpresa, colocar o Edwards como falso 9, mas como referência atacante, de costas para centrais com o dobro do tamanho, é matar a capacidade de desequilibrar que o inglês oferece à equipa. Precisamos de um avançado ou de jogar com os que temos, nem que seja o puto Rodrigo, ponto! É que de cada vez que alguém fala na não necessidade de referências ofensivas, eu só me lembro que um Fulham tem um Mitrovic…

Torna-se igualmente estanho, termos adquirido um central por dez milhões de euros, mais coisa, menos coisa, e continuarmos a vê-lo no banco, mesmo sabendo que perdeu parte da pré época por lesão.

Resumindo e baralhando, é verdade que foi uma noite em que tudo pareceu correr mal e em que a falta de eficácia combinada com a inspiração de um redes, ditou o desfecho da partida. Mas achar que todos os problemas se resumem a isso, quando alguns continuam por resolver há duas épocas, parece-me um erro que pode pagar-se caro.