Sem margem para errar, o Sporting entrou forte num Coimbra da Mota pintado a verde e branco, chegou ao golo relativamente cedo e tomou conta das incidências do jogo até ao apito final, conseguindo três pontos que têm tanto de importância na tabela como no moral do plantel

 

Estávamos nós a definir posições na bancada, quando dos telefones vinha a notícia de um penalty inventado na Luz, dois minutos já para lá do tempo extra, permitindo ao benfica levar de vencida o Vizela. O futebol português no seu pior, tal o ridículo da decisão que impediu que o Sporting entrasse na Amoreira com a motivação extra de saber que podia recuperar dois pontos de atraso para os rivais.

Independentemente disso, a nação leonina sabia que qualquer deslize frente ao Estoril seria abrir mais uma ferida que precisa de tempo para ir fechando, e foi com agrado que se viu a turma de verde e branco entrar em campo com vontade de encostar o Estoril às cordas. St Juste foi finalmente titular na defesa, relegando Gonçalo Inácio para o banco, com Amorim a apostar em dois homens (o holandês e Matheus Reis) ao lado de Coates, capazes de dar rapidez e fluidez na saída de bola a partir de trás. Morita regressou para fazer dupla com Ugarte e o uruguaio fez um enorme jogo, engolindo o meio campo e fazendo lembrar as palavras de Palhinha, que feliz e contente em Inglaterra afirmou que um dos motivos que o fizeram ter vontade de partir foi o facto de, em Portugal, sentir que estava sempre na mira para levar um amarelo. Ugarte viu o quarto em cinco jogos. Na frente, Pote voltou a ocupar a falsa extrema esquerda, para formar trio com Trincão (tanto precisas marcar um golo, rapaz) e Edwards (pelo jogo do soneca, ontem muito mais capaz de fugir à marcação dos centrais).

Ainda antes dos 15 minutos, e já depois de ter deixado um aviso, St Juste assinalou a sua estreia com um golo. Na marcação de um canto, deixou Chico Geraldes à sua procura e meteu facilmente de cabeça lá para dentro, festejando com o sinal da picada da serpente. O veneno esteve quase a ter efeito contrário, quando pouco depois o central se desentendeu com Adán (parece continuar com a cabeça sabe-se lá onde…) e ofereceu ao Estoril a melhor e a única real oportunidade de golo em todo o jogo.

Do susto à festa foram dois ou três minutos: de Pedro para Peter, Porro a lançar bem Potter e o 28 a meter redonda para a frieza inglesa de Edwards, primeiro deixando o defesa no chão, depois contornando o redes e rematando suave. 0-2, que até ao final do primeiro tempo podia ter resultado em pelo menos mais um golo, nomeadamente na jogada em que a bola foi safa duas vezes quando se encaminhava para as redes do Estoril.

O segundo tempo, esse, foi uma seca. O Sporting meteu gelo na partida, já pensando em poupar pernas para a primeira jornada da Champions, o Estoril até tinha vontade, mas faltava-lhe arte. Pelo meio, uma nuance táctica interessante: muitas vezes, na pressão à saída de bola dos estorilistas, o Sporting apresentava-se em 4-2-4, com Matheus Reis a ser defesa esquerdo, e Nuno Santos a assumir-se realmente como extremo e a pressionar o lateral direito adversário. Também Ugarte alargava o seu raio de acção se o adversário saísse pelo lado esquerdo, impedindo Francisco Geraldes de ir buscar a bola e começar a construir a partir de trás. Pormenores.

E assim, colocado entre a espada e a parede, o Sporting conquistou os três pontos que permitem acalmar um pouco a alma de uma equipa à procura de si mesma, na certeza de que ainda há muito para conquistar até Maio.

 

No one else for you to blameBut when you play that losing gameIt ain’t overSo try to ease up, worried mindDreams come true from time to timeIt ain’t over

https://www.youtube.com/watch?v=jC5GxpxQS9w