O Sporting venceu o Gil Vicente por 3-1, numa noite tranquila onde apenas o desperdício consecutivo de oportunidades de golo intranquilizou os Leões e impediu que o marcador atingisse números a dobrar

O Sporting, após paragem de dez dias para assistir a mais um espectáculo de tragicomédia pela companhia Fernando Santos, regressava a Alvalade para tentar lamber as feridas causadas pela derrota no Bessa. O Gil, ao contrário do que seria de esperar, mudou completamente o seu desenho táctico e quis-se adaptar ao adversário, apostando em três centrais e numa linha defensiva muito subida, que meteu água atrás de água na sua intenção de activar a armadilha do fora de jogo.

Cedo o Sporting percebeu qual o caminho para chegar à vitória: aproveitar as costas dessa defesa subida e incapaz. Inácio, Marsà, e Matheus Reis, bem como Morita e Ugarte, não hesitavam em colocar a bola bem medida para lá dos desorientados galos, quase sempre tendo como destinatário Nuno Santos, a fazer mais uma belíssima partida e com Amorim a deixá-lo ser várias vezes um médio ala/extremo para pressionar mais alto, abrindo Matheus como defesa esquerdo e assumindo Marsà (boa estreia do miúdo) e Inácio como dupla de centrais.

Foi de uma recepção irrepreensível de Nuno Santos que nasceu o passe para Paulinho marcar cedo, com a festa a ser interrompida por 49 centímetros de fora de jogo. Foi de uma derivação de Paulinho para a direita, que nasceu um cruzamento que deixou a defesa gilista aos papéis, sobrando a bola para um remate cruzado de Nuno Santos que ia para fora e que Morita, mestre da concentração, transformou em golo. O Sporting chegava ao golo ainda antes dos 20 minutos, Morita começava a desenhar-se como o melhor em campo, dando pincelada artística pouco depois, quando assistiu Pote de calcanhar para o regresso do camisola 28 aos golos.

Esse nem seria o melhor calcanhar no nipónico ao longo da partida (aquele, na segunda parte, a fazer um passe a uns bons 15/20 metros, lançando a equipa em contra ataque…), mas foi um dos muitos momentos em que o camisola 5 jogou e fez jogar, sempre bem acompanhado por Ugarte com ar de quem quer disputar e sacar todas as bolas. Aliás, foi também por aqui que o Sporting ganhou o jogo, na capacidade de reagir à perda de bola.

You did it aloneYou did it for funYou did it for everyone who’s on the runYou’re not just a friendYou’ll be born againWe’ll be in this race until the very end

A verdade é que ao intervalo o 2-0 era muito pouco para a quantidade de oportunidades criadas, num desperdício que se manteve ao longo do segundo tempo. Pote, Trincão, Nuno Santos, Esgaio, Sotiris, até Inácio, todos eles tiveram a baliza em linha de tiro e desperdiçaram, umas vezes rematando mal, outras definindo mal o último passe no tempo e no espaço. Com tanto falhanço, o Gil lá aproveitou para se espreguiçar e colocar duas vezes Adán à prova, uma vez de bola corrida, outra vez de bola parada, com o espanhol a dizer presente e a evitar que a tremideira se apoderasse das pernas dos de verde e branco. Aliás, não é complicado recuar duas épocas e lembrar a equipa que acreditava sempre em si, mesmo a perder a cinco minutos do fim. Essa confiança só se conquista com vitórias.

Rochinha, entretanto entrado, aproveitou um belíssimo passe de Esgaio (que a partida de ontem tenha colocado um ponto final na triste ideia de o colocar como central à direita) para, com classe e calma, tirar o central do caminho e desviar do redes para dentro da baliza, fazendo o 3-0 que colocava um ponto final na partida. Fran Navarro, o desejado, ainda foi a tempo de marcar o golo de honra para o Gil Vicente, numa altura em que a cabeça dos Leões já estava em Marselha e nas contas que serão feitas ao fecho de uma jornada em que há Porto vs Braga e Guimarães vs Benfica.