O Sporting entrou a ganhar, mas em 15 minutos viveu um pesadelo que virou e matou o jogo. Adan foi o vilão, numa noite difícil de digerir, mas que não impede os Leões de continuarem a liderar o seu grupo e a dependerem apenas de si para seguir em frente na Champions

Quando, aos 50 segundos, Francisco Trindão veio da direita para o meio e teve tempo e espaço para ir pensando e preparando o arco perfeito para dentro da baliza, nem uma alminha ousaria prever o que viria a acontecer.

Depois da ridícula rábula de ser deixado no caos do trânsito de Marselha sem batedores, o que fez com que os Leões chegassem ao estádio quando faltavam apenas nove minutos para o início da partida (que acabaria por começar perto das 18h10), o Sporting apresentou-se com St Juste de regresso ao trio de centrais, desviando Inácio para o lugar do meio, e com Edwards no lugar de Paulinho, recuperando Amorim o formato de ataque mais móvel. Seria, aliás, o inglês, a puxar do brilhantismo para dar início à jogada que Trincão finalizou, colocando os verde e brancos na frente do marcador, ainda o jogo se espreguiçava.

Depois do primeiro esboço de reacção por parte dos franceses, Pote, novamente com interferência de Edwards, teria nos pés o 0-2, mas falharia na cara do redes ali por volta dos dez minutos. O Sporting estava confortável na partida, ocupava bem os espaços, controlava o adversário. Até que, do nada, ao minuto 13, Adán viu-se com uma bola ganha por Inácio nos pés, e com todo o tempo do mundo para despachá-la. Olhou uma, olhou duas, e quando resolveu metê-la onde achou que devia metê-la, acertou em Alexis, que até estava a pressionar mais numa de compromisso do que propriamente por acreditar que dali algo resultaria. Caprichosamente, a bola bateu no chileno e encaminhou-se para o 1-1. Foi o início do fim para a turma de Alvalade.

A partir desse momento, aconteceram duas coisas: o Sporting passou a duvidar de si mesmo na capacidade de sair a jogar; o Marselha ganhou o oxigénio para subir as linhas e encostar o Sporting no seu meio campo. O mix, letal para os Leões, resultou, pouco depois, num golo anulado ao Marselha, na sequência de uma perda de bola de Inácio (quantas vezes já se viu, esta época, os nossos jogadores perderem a bola em zonas proibidas?), a que se seguiu mais uma má reposição da bola em jogo por parte de Adán, aproveitada pelos franceses para, em dois toques, meterem a bola na área para a entrada de rompante de Harit.

Estava virado o resultado, mas haveria um terceiro pecado do redes espanhol, quando decidiu sair desnorteado da área, sem necessidade, e acabou a tocar com a mão na bola. Vermelho directo, Edwards a sair para entrar Israel (questionável, a opção de tirar o melhor homem a jogar em transição), que, completamente a frio, errou pouco depois o tempo de saída num canto, permitindo o 3-1 ao adversário. O jogo acabou aí.

Ao intervalo, Amorim tentou duas coisas: proteger quem já tinha amarelo e dar um safanão na equipa, lançando Marsà, Sotiris, Nazinho e Paulinho. Eu teria colocado Fatawu e Arthur, mas, muito provavelmente, o resultado seria o mesmo, com o Sporting a entrar com sangue novo para o segundo tempo, mas a ter que voltar a encolher-se e a correr atrás da bola com menos um, a partir do momento em que o Marselha se adaptou às mexidas.

Numa segunda parte quase sempre em ritmo baixo, o quatro golo francês acabou por aparecer, por Mbemba, fruto de algo que aconteceu recorrentemente ao longo dos 90 minutos, com o central congolês a ter todo o tempo para, sem pressão vir de uma área à outra e ainda se dar ao luxo de querer desequilibrar com a bola no pé. Também recorrente, foi a incapacidade de Esgaio para resolver qualquer situação que se lhe deparasse, não admirando que o quinto golo estivesse quase a acontecer depois de um alívio patético do nazareno que, desde a expulsão de Adán, exibia a braçadeira de capitão. Fucking mierda…