O Santa Clara – Sporting chegou a ser deprimente de tão mal jogado, mas podemos sempre dizer que, no final, o que conta é o resultado e os três pontos conquistados. É mesmo capaz de ser a melhor forma de tentar esquecer uma tarde tão pobrezinha

Imaginem uma equipa que não sabe mais do que aquilo que mostra e outra que, seja por motivos de índole psicológica, seja por motivos de ordem física, tem um leque de jogadores mais do que suficiente para chegar aos Açores e ganhar por três ou quatro sem se chatear muito, mas que acaba a agradecer a vitória ao seu guarda redes, Adán, que fez três defesas de luva cheia para manter a vantagem que, na altura, era de apenas um golo.

Sim, é verdade que Soares Dias e o seu amigalhaço do VAR, o tal do Malheiro, fingiram não ver pelo menos um penalty clarinho na área do Santa Clara, coisa que, muito provavelmente, teria arrumado a partida bem mais cedo e seria meio caminho andado para não termos que assistir a uma segunda parte miserável, mas, acreditem, isso não é suficiente para me deixar menos irritado e incomodado com o que o Sporting produziu frente a um Santa Clara que foi a jogo apenas com um central de raiz disponível.

Talvez isso ajude a explicar o 6-3-1 com que Mário Silva apresentou a equipa, com os açoreanos incapazes de se espreguiçarem ao longo dos primeiros 45 minutos (a posse de bola do Sporting chegou a rondar os 80%, na primeira parte). Do lado dos Leões, o regresso de Coates dava calma ao eixo defensivo, onde Gonçalo Inácio descansava e dava lugar a St Juste, com o holandês a ensaiar por duas vezes aquilo que o lateral, Esgaio, nunca foi capaz de fazer: arrancar por ali fora, junto à linha, e criar desequilíbrios. Digo-vos, aliás, que deixei de ter adjectivos para caracterizar o nazareno, até porque a culpa de estar em campo nunca será dele.

Mesmo sem grandes ideias, mesmo sem grande rapidez, com Ugarte a tudo ganhar e Morita a tudo pensar, o Sporting lá foi ensaiando formas de furar a muralha adversária. Houve um penálti mal assinalado e bem revertido, houve pelo menos um clarinho e não marcado. Depois veio a arrancada do Edwards (numa jogada que foi o único momento útil de Paulinho enquanto esteve em campo), o remate, a defesa e a recarga repleta de oportunidade de Morita, que não celebrou por respeito à ex equipa. Faltava pouco para a meia hora de jogo e no que resta do primeiro tempo apenas arranjaria assunto se vos falasse do típico clima açoreano que se fez sentir nesta partida jogada à hora que todas deviam ser jogadas.

O segundo tempo abriu com a primeira defesa de Adán, uma espécie de aquecimento para as outras duas: primeiro voando para a fotografia, num remate de fora da área de Ricarinho, depois com uma senhora defesa, junto à relva, após remate de Bruno Almeida. Pelo meio, Edwards teve uma arrancada das suas e falhou quando só tinha que escolher para que lado rematar, Paulinho meteu no invisível gasparzinho quando tinha dois colegas a desmarcar-se, e por várias vezes o Sporting detonou as oportunidades que criava para aproveitar a tentativa de subir linhas do Santa Clara.

Essa tentativa de dar um ar de sua graça, aconteceu muito por culpa do Sporting e pelo abrandamento da pressão e da chega às segundas bolas, a que começaram a juntar-se passes de risco quando os insulares começaram a pressionar mais alto. E estava o jogo nesta barafunda, quando, na sequência de um canto, a bola foi cortada para fora da área e Nuno Santos, rapaz com um espírito competitivo notável, sacou um remate de ressaca que deixou o redes mal na fotografia e os de verde e branco a serem fotografados mais aliviados.

O golo do Santa Clara, marcado por um avançado para quem o nosso Gabriel chamou a atenção no Bloco de Notas, já o sr do apito se preparava para acabar com tão fraca propaganda ao futebol, nada mudou, mas serviu para sublinhar um sentimento: sim, o mais importante foi alcançado, mas, como cantariam os The National, we’re half awake in a fake empire, we’re half awake in a fake empire…